A Expedição Chauás está de volta !!! E os nossos imprevistos também ...

Por Rodolfo Luz - 10 Jul 2008 - 16h48
Nossa epopéia começou bem antes da prova ... Por uma série de razões pessoais e profissionais, estávamos meio afastados das corridas de aventura desde o final do ano passado. Tinhamos voltado a treinar mas não a correr. Chauás de volta ? Vamos voltar ! Primeiro desafio: arrumar uma mulher pra correr com a gente. Fizemos vários contatos, tentativas, mas quando parecia estar tudo certo alguma coisa mudava nossos planos ... Enfim, fomos pra Ilha Comprida com apenas três integrantes masculinos com a idéia de corrermos com um integrante na categoria solo e dois como dupla masculina. No último momento a sorte bateu a nossa porta e quando estávamos entregando a documentação, chega o Lucas e nos diz que tem uma mulher que veio com o pessoal de Minas Gerais e que na última hora tinha também ficado sem parceiro pra correr ! Fomos até a casa onde eles estavam e conhecemos a Gisele. Depois de uma rápida conversa com ela e com o pessoal que a acompanhava, ela topou correr com a gente. No dia seguinte nos encontramos de manhã, colocamos as coisas na caixa, fizemos toda a checagem de equipamentos, bikes, etc e lá estávamos nós com a equipe recém-formada almoçando e discutindo ainda detalhes da prova ... quem rema com quem, como ajudaríamos a Gisele a se integrar na equipe, trocando experiências de provas anteriores, dando risada, etc ... Contagem regressiva, buzinada e lá estávamos nós correndo em direção ao PC1 naquele areião. Pra poupar a Gisele, eu e o Luis resolvemos rebocá-la nesse primeiro trecho até passar o PC1 e entrar no mangue, onde aí o jeito era achar o caminho com menos bromélias, menos lama ... coisa quase impossível ... PC2 cumprido, lá vamos nós de novo correndo na areia até a transição pra pegar as bikes e partir pro pesadelo de pedalar na areia ... Nessa hora começou o meu arrependimento de ter optado por correr de sapatilha ... fiquei pra trás na transição e dá-lhe pernas pra alcançar o resto da equipe ... Entramos naquele single trek fantástico e com a empolgação acabamos passando reto do ponto onde deveríamos sair ... olha mapa, confere odômetro e começamos a voltar um pedaço até encontrar a saída correta ... Chegamos na praia, pedalamos bem rápido, passamos algumas equipes e deixamos as bikes para partir para o segundo trekking ... Mantínhamos um ritmo bom na praia quando o joelho do Fábio resolveu dar sinal de uma lesão que ele tinha sofrido há um tempinho atrás e que resolveu voltar junto com a Chauás ... Paramos, o Fábio tomou um analgésico e decidimos continuar caminhando num ritmo forte, mas não dava mais para correr ... Assim fomos até o final do trekking ... sendo ultrapassados por algumas equipes e contando os minutos pra pegarmos as bikes novamente para tentar uma recuperação ... Novamente nas bikes voltamos a acelerar o ritmo e fomos nos recuperando ... mas aí os imprevistos novamente voltaram a nos perseguir ... Logo depois de passar uma equipe no início do single trek de volta para Pedrinhas, um galho pegou o câmbio da bike do Luis e lá se foi câmbio e corrente pro meio da roda traseira ... Não conseguíamos acreditar no que estava acontecendo ... Fazer o que ... o jeito é tirar o câmbio fora, desentortar a corrente e fazer uma “ligação direta” em uma marcha intermediária pra continuar em frente ... Corrente saindo a cada 5 minutos, parando para colocar de volta ... e assim foi durante toda a trilha até chegar na nossa caixa de reabastastecimento. Optamos por comer uma sopinha quente, reabastecer e quando nos demos conta lá estavam a Senta a Pua e Guaranis nos alcançando ... Eles acabaram saindo do reabastecimento na nossa frente e partimos logo atrás ... Dá-lhe pedal no areião de novo em direção a praia. Nesse trecho devido ao esforço para pedalar na areia, a corrente da bike do Luis quebrou mais três vezes ... Não dava pra acreditar que isso estava acontecendo ... Vamos lá ! O jeito é consertar e seguir em frente .. depois de três tentativas, resolvemos consertar e seguir correndo empurrando a bike até a praia para evitar mais uma quebra ... não tínhamos mais nenhum pedaço para remendar a corrente e tínhamos que pedalar vários Km ainda ... Chegamos na praia, fizemos uma troca de marcha “manual” na bike do Luis e para acelerar o ritmo resolvemos que o Fábio rebocaria a Gisele e eu iria empurrando o Luis pra ganharmos velocidade e aproveitar esse ótimo trecho para pedalar na areia firme ... Ao sair da praia, na expectativa de tentar uma nova recuperação, cometemos um erro na navegação e acabamos pegando um caminho “alternativo” para chegar na transição pro remo. Colocamos mais roupa seca, anorak e partimos para o último trecho da prova. Víamos várias luzes ao longe na nossa frente e seguiamos remando forte numa nova tentativa de recuparação. Depois de uma meia-hora de remo a Gisele começou a sentir enjôo, mas ela continuava com a determinação e o esforço que demonstrou durante toda a prova e seguimos remando. Quando alcançamos o PC14, a situação da Gisele piorou e devido a todo o esforço que ela já tinha feito até ali, ela começou a passar muito mal. Entramos no trecho estreito do mangue e seguimos em frente, deixando a Gisele descansar para se recuperar. Devido ao frio intenso da madrugada e pelo fato de ela não estar mais remando, ela começou a sentir muito frio e apresentar sinais de um início de hipotermia. Paramos, a Gisele vestiu mais um fleece, enrolamos as pernas e os pés dela num cobertor de emergência e engatamos os dois ducks quando o rio se tornou mais largo novamente. Seguimos remando em 3 e sentimos a dificuldade de manobrar os ducks e seguir em linha reta quando eles estão conectados ... Mais uma paradinha pra colocar mais um cobertor na Gisele e assim fomos até chegarmos novamente na vila de Pedrinhas. A nossa chegada foi cômica ... Todos com muito frio, eu e o Luis saltando para esquentar, o Fábio mancando e a Gisele caminhando só de meias e toda enrolada nos cobertores de emergência ... Foi assim que terminamos a prova, rindo de nós mesmos e de todas as situações que enfrentamos na prova ... mas acima de tudo com aquela sensação de superação, de desafio cumprido e com a certeza de que outros perrengues virão !!! Valeu Lucas por trazer a Chauás de volta, corrida de aventura de verdade !!! Valeu Fran pelo percurso maravilhoso ! Valeu Alexandre e pessoal que dividiu a casa com a gente ! Valeu Gisele por aceitar nosso convite de última hora e o desafio de correr com a gente, por ter sido guerreira, sempre manter o seu ótimo astral e sorriso, mesmo diante de todas as dificuldades !!! Valeu Irmãos Metrilhas !!! Rodolfo Luz Irmãos Metrilhas
Rodolfo Luz
Por Rodolfo Luz
10 Jul 2008 - 16h48 | relatos |
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