Relato da equipe Senta a Púa Master no EMA Remake

Por Sandra Simões - 07 Ago 2008 - 09h30

Paraibuna - 1998, Alexandre Freitas, dá a largada para a 1ª corrida de aventura realizada no Brasil: 33 equipes partem rumo à Ilha Bela.
10 anos depois...

Paraibuna – 2008, Alexandre Freitas volta ao mesmo local de 1998 e após fotos com os atletas que participaram da 1ª edição, hino nacional e algumas palavras do Alexandre através da sua esposa: “Boa prova à todos!”, às 09:45hs foi dada a largada ao EMA REMAKE, prova com o mesmo percurso da 1a edição para comemorar os 10 anos de corridas de aventura no país: Novamente 33 equipes, partem rumo à Ilha Bela.

Essa prova foi aguardada com grande expectativa, com a formação definida e objetivos traçados:
1°. Pódium na categoria Master;
2°. Fazer abaixo do tempo dos Neozelandeses que ganharam a prova de 98 - 39:57hs;
3°. Ser a melhor equipe mista Selva na prova.
Fomos pra guerra!

Eu estava tensa por causa da largada, um downhill de + ou – 10km cheio de curvas e pedras soltas, isso me apavora, tenho muito medo e insegurança nas descidas.

Já na largada ficamos pra trás e chegamos no AT do remo entre os últimos.

Chegamos junto com a Uirapuru, que teve 2 pneus furados, e com a K3 equipe da Pati, nossa nutricionista. Ambas equipes Selvas. Aliás Pati, você tava bonitinha com a roupa toda cheia de terra e poeira e as pernas raladas, devido ao tombo que levou no downhill. Eu falo que essa brincadeira é perigosa… Eu falo…

O AT ficava na barragem e pedalar lá em cima, foi demais. Que lugar fantástico! Nessa hora aproveitei o vácuo da Uirapuru pra não fazer força e prestar atenção no lugar… rs…

Fizemos uma prova de recuperação a partir daí. Tínhamos nossos objetos e fomos buscá-los.
Entramos na canoa canadense e remamos os 38kms sem erros e com apenas uma parada rápida, navegador iluminado e Petrof com os braços descolando dos ombros…

Quando chegamos no AT, uma festa de apoios!!! Haviam várias equipes Selvas competindo, os apoios foram montados perto um do outro, de forma que a cada uma que chegasse todos se uniam e ajudavam. Nossos treinadores Caco e Marcinho estavam lá também dando força e torcendo muito por seus alunos!

Transição rápida com direito à um macarrão com aparência meio estranha mas sabor delicioso e quentinho, vesti a camiseta da sorte, o PC checou nossos equipamentos e fomos enfrentar o grande desafio. Ainda estava claro e não queríamos perder tempo.

Pra mim foi a parte mais difícil da prova: o famoso e temido pedal da Petrobrás - 90 km com subidas e descidas muito técnicas. As pedras soltas, pareciam BLOCOS, anoitecia, algumas partes havia um pouco de neblina e num dos meus incontáveis tombos, uma das lanternas quebrou, (todo castigo pra corredor de aventura é pouco, lógico que quebrou a mais forte). Com várioas hematomas, uma lanterna quebrada, sem enxergar quase nada, mas ainda viva… rs… To rindo mas na hora não teve graça… Tava tenso o pedal.

Eu comecei passar mal e achei que fosse macarrão que tava fazendo efeito… Meu estômago estava embrulhado, as mãos suadas , uma sensação horrível. Mas, graças a minha equipe maravilhosa, tudo passou, por algum tempo carregaram minha mochila e na subida íngreme empurram a minha bike enquanto depois de tomar um reidrate, tentava me recuperar… Foi quando o Marcio me disse que não podia ser o macarrão que aquilo era outra coisa… Caiu a ficha: Eu estava era em estado de pânico!!!

Consciente de que eu estava passando mal por causa do medo do pedal e não do macarrão, que estava uma delícia, apesar da aparência estranha rs…
Fui me acalmando e voltamos ao nosso ritmo de lesma. Encontramos várias vezes com as outras equipes Selvas: Uirapuru, e-Lama e Jura VRC, a disputa pra ser a 1a equipe Selva na prova tava boa. Mal sabíamos que a 1a equipe Selva na prova naquele momento já estava bem na frente. O pessoal da Zion que fez uma prova brilhante, chegou em 11o. no final da canoagem, e mandaram ver no pedal. Só fomos encontrá-los muito tempo depois.

Ainda no pedal encontramos o Natale que tentou nos convencer que nosso plano inicial não daria certo… Porém a decisão ficou conosco e arriscamos.
Estávamos em 27o. na prova numa modalidade que não estava rendendo.
Durante a subida, encontramos algumas equipes descendo… Eles olhavam, paravam e perguntavam:
- Vocês perderam o PC?
- Não. Viemos por outro caminho e vamos buscá-lo agora!
- O que?? Vocês vão subir até lá?
- Vamos.
- Vocês são doidos???

Nessas horas várias coisas passam pela cabeça, pular o PC, ir buscar o PC com parte da equipe, porém ser desclassificado, ser penalizado ou ter na consciência o peso de tão ter feito a coisa direito, não estava no script.

Então a resposta é: SIM somos doidos! Doidos e cabeçudos. Tínhamos traçados nossos objetivos e isso nos levou lá pra cima. Foi zero de pedal numa subida interminável empurrando as bikes.

Mas quando chegamos lá e vimos nossa colocação: 17o. Ganhamos 10 posições numa modalidade que não rendeu nada. Sentimos a sensação de recompensa! Valeu à pena!

O Zolino estava lá e nos deu os parabéns, no EMA de 98, foi exatamente isso que a equipe dele fez, quando perdeu a entrada correta e se deu muuuuuito bem.
Nisso chegou a Uirapuru, meu marido estava pálido… Eles optaram por fazer o caminho normal e estavam muito na nossa frente, porém ali no PC perceberam que a escolha não foi a melhor. Demos um reidrate para o ele e foi melhorando, começamos a voltar juntos, porém eles descem muito mais rápidos e acabaram seguindo na frente.

Chegamos no PC onde encontraríamos nossos apoios que fariam escolta até a balsa.

Quando chegamos a Uirapuru estava de saída, fomos atrás. Todos queríamos pegar a mesma balsa… Porém eles foram mais rápidos e quando nós chegamos, mesmo com nosso trabalho em equipe fazendo vácuo um para o outro, ouvimos apenas a buzina da balsa… Procurei e não encontrei… A Uirapuru tinha conseguido… Fiiiiiiiiiiiilhas da p…

O Robinson depois me contou o desespero deles para pegar a balsa, quando chegaram lá ela estava partindo e eles esperando o Dani chegar colocavam uma roda da bike na balsa e outra for a, uma na balsa e outra for a… e ficavam berrando para o balseiro esperar e para o Dani correr… A Balsa tava cheia e todos olhavam aquilo sem entender o que estava acontecendo… Quem eram aqueles malucos!!!

Enfim o Dani chegou e eles conseguiram embarcar e com isso abriram uma boa diferençe entre nós… Foram atrás dos objetivos deles! Ser a melhor equipe Selva na prova e ficar entre os 10. Conseguiram, parabéns!!!

Aproveitamos para dormir um pouco até que a próxima balsa chegasse, comemos frutas geladinhas, coca-cola tuuuudo de bom que nossos apoios nos deram.

Chegamos no Hotel Pelicano, largamos as bikes, cumprimentamos nossos amigos que estavam se preparando para o camp do domingo, beijos nos filhos que estavam na clínica dos Teens, beijo na amiga fotógrafa que virou babá nesse final de semana, pausa para o No. 2 dos meninos e partimos para o trekking da volta da Ilha.

Subimos a Castelhanos, fizemos um corte na trilha que nos levou mais rápidos a praia e quando chegamos lá encontramos a equipe Zion/Selva Aventura:
- Aháááááá pegamos vocês!!! A última da lista!!! Rs…

Tá bom vai... a Jura VRC e a Uirapuru já estavam no trekking, mais à frente.

Os meninos da Zion (Marcos, Marquinhos e Taka, um ser estranho com uma touca esquisita) estavam de saída e disseram que se quiséssemos podíamos ir juntos nesse trecho que era o mais difícil da trilha. Isso se nós aceitássemos ir no ritmo deles… Agora se quiséssemos ir mais forte tudo bem…

Fomos juntos, no ritmo deles… E quem acha que o ritmo foi lento, se engana… Os caras voaram na trilha e durante o trekking entre uma história e outra, descobrimos que a agilidade na trilha era por causa das dicas do tal da toca esquisita. O cara era ninja. Quase um artista do Circo de Soleil e entre pulos e cambalhotas chegamos em poucas horas do outro lado da ilha. Arrumei uma 2a profissão!

Durante o trecho, passamos pela equipe Jura VRC trocamos algumas palavras e fomos embora.

Já na trilha para o Bonete, passamos por uma casinha, onde vivia um senhor com suas 2 mulheres, é mole??? Que mundo moderno! Puxa!

Estávamos com sono e o cansaço já batia na porta… Fizemos uma pequena pausa e dormimos por 10 minutos.

Todos acordados e recuperados voltamos a caminhar. Nesse momento conversamos entre nós e a justiça tinha que ser feita.

Hora da separação: Zion muito obrigada por tudo. Agora SUMAM daqui!! Eles saíram correndo e fizeram o pedal rapidinho até a chegada.

É a competição entre as equipes selvas… Porém ser a melhor equipe selva na prova, não é mais importante do que não sacanear outras equipes. Principalmente equipes que te ajudaram. E a equipe Zion mostrou um companheirismo e humildade muito grande, ao falar sobre atalhos e trilhas para as outras equipes Selvas.

Chegamos no final da trilha, pegamos as bikes e agora era só alegria… 2km de terra + 24km de asfalto até o Hotel Pelicano.

Caímos no asfalto, haviam vários subidões, num deles tocou o alarme do meu relógio… Era meia noite… Eu e o Petrof que já tínhamos combinado e começamos a cantar: “Parabéns pra você, nesta data querida…” demorou um pouco para cair a ficha, acho que o peso da idade já estava surtindo efeito… Mas antes que o parabéns acabasse, o Razera parou, olhou o relógiro, olhou para nós e sorriu! Sorriso de pura alegria, por estar fazendo o que gosta! Abraços, desejos de muitas felicidades, voltamos a pedalar.

Um pouco mais a frente cruzamos com nosso apoio (Drika, Omar e minha filha Nath, que faria o Teens no dia seguinte… E deveria estar na cama!!!), eles fizeram escolta, deram a maior força e com isso muito ânimo pra socar na bike até o final, fizemos rápidos, foi lindo! Obrigada APOIOS!!!

E às 01:30hs cruzamos a linha de chegada! Com 39:45hs de prova!!! Ufa quase que não deu! Fomos a última equipe abaixo do tempo de 39:57hs.

Lá estavam o Robinson (Uirapuru), nosso filho Jr. e nossa amiga QQ, esperando felizes da vida! Logo depois chegou a Raquel para dar o beijo da chegada no maridão aniversariante.

Para completar tudo isso, recebemos a notícia que éramos pódium na Master.

A união supera os obstáculos e foco nos objetivos nos levaram ao bom resultado. Foi um final de semana repleto de aventuras que deixou todo mundo muito feliz.

Agradecimentos especiais a família Selva Aventura, mais que uma assessoria: Omar Goiabada, Drika Campos, Fábio Apoena, Fe Guaranis, Caco e Marcinho Selvas. Vocês foram mágicos!!

Queila amiiiiiiga e minha família, muito obrigada por vocês fazerem parte de tudo isso.

Parabéns as equipes Selvas pelos excelentes resultados no Ema Remake e no Camp e as todas as equipes, amigos, esposas, filhos e pessoas que fizeram parte desse final de semana maravilhoso em Ilha Bela.

Parabéns também as menininhas lindas que além de charme e beleza, mostraram muita garra na prova dos teens. É isso aí meninas!

Bjs orgulhosos de ser SELVÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!

Sandra,
Equipe Senta a Pua

Sandra Simões
Por Sandra Simões
07 Ago 2008 - 09h30 | relatos |
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