Fran Perez relata sua participação no EMA Remake

Por Fran Perez - 07 Ago 2008 - 09h50

Aí moçada. Acho que quando temos alguma experiência positiva ou negativa temos que repassá-la para que ninguém sofra de novo...

Fiz o Ema 98 e agora fui fazer o Remake. Em 98 as dificuldades eram totalmente desconhecidas e demorei 50 horas para completar o percurso. Desta vez, 10 anos depois...

Estivemos na prova de comemoração de 10 anos das Corridas de Aventura no Brasil, EMA Remake, e aconteceu que durante a prova, de madrugada, passei muito mal do estômago e parei no meio da prova. Para contar toda a historia preciso começar pelo dia anterior a largada...

Fran se alimenta na transição

Fazendo rapel na EMA Amazônia em 2001

No dia anterior a largada eu já não me alimentei muito bem pois marcamos de sair de Santos ao meio dia... Já não consegui almoçar... Depois tentamos almoçar na estrada, mas no boteco que paramos só tinha sanduíche e acabei comendo um sanduba.

Quando chegou de noite, lá em Paraibuna, eu já estava sentindo que aquele sanduba não tinha caído legal... mas fomos jantar... pizza. Só que não tinha pizza e eu pedi um macarrãozinho com filé de frango... que também não entrou direito. Ou seja, a alimentação de véspera tinha sido péssima.

Acho que o velhinho aqui estava ansioso... Na verdade eu não corria prova desde que meu pai tinha adoecido, antes do Ecomotion PRO. De outubro de 2007 até julho de 2008 sem correr provas..... Então acho que fiquei ansioso. Ancião ansioso!!!!

Quando fomos dormir, além de ansioso, estávamos os 5 Los Locos (Eu, Naldo, Marcela, Java e Carla) no mesmo quarto e essa galera ronca pacas... Resultado: eu não consegui dormir direito...

De manhã "acordei" animado, tomei um café da manhã razoável e fomos para a largada.

A largada foi maravilhosa, emocionante, onde passou num segundo o filme desses 10 anos de aventuras na minha mente. Revi amigos, lembrei de tudo.

A largada foi muito rápida, numa puta decida de uns 3 km junto com 100 bikers, e mais uns 10 km até a represa onde remaríamos as famosas canoas do EMA.

Chegamos na represa e entramos na água em 11º lugar.

A remada era gigante e prometia muita orientação... Mas o dia estava maravilhoso, com o céu azul e a água verde transparente... Devemos ter começado a remar umas 10h30m e acabamos umas 16 hs. Foram 38 km com orientação intensa, mas eu e o Naldão não erramos nada e zeramos a tão temida navegação na represa. Isso foi muito bom pois cumprimos com o primeiro objetivo de sair da represa com a luz do dia.

Aí eu acho que cometi uma grande imprudência.

Ao chegar no AT3 para pegar as bikes, tínhamos combinado de fazer uma boa refeição neste ponto. Tínhamos feito compras no super mercado de macarrão, purê de batata, polenta, pão de queijo, peito de peru, azeitona, bolachas, coca-cola e outras guloseimas... Fogareiro novo, panelas, água... Porém quando sentei para colocar a sapatilha e perguntei onde estava a comida, veio a surpresa... Nossos apoios nos serviram uma quentinha de arroz, feijão, bife e ovo frito... Eu estava com tanta fome depois de 7 hs de prova, que comi cada colherada que o Caco Selva me dava na boca. Como um troglodita matei a fome e a quentinha. Maldita quentinha...

O Caco apareceu no momento da nossa transição e como um anjo vinha me alimentar e incentivar para o próximo trecho. Valeu Cacão!!!

Pegamos as bikes e saímos para o pedal de 90 km pela estrada de serviço da Petrobrás. Tínhamos 1 hora de luz solar e aproveitamos para adiantar o caminho.

A noite veio caindo e a minha energia também. Quando chegamos no PC 6, em 6° lugar no geral, eu não me sentia nada bem... Tinha um bolo no estômago, já não conseguia comer mais nada e mal conseguia beber. Logo comecei a vomitar... Devia ser umas 19 hs quando dei a primeira parada, já depois do PC 6. Logo passaram a Lobo Guará e a Gnus, e todos deram aquela força e continuaram... Depois veio a Vivi Matero, Alf e Ale. Pararam, me deram mais remédios e muita força... E assim foi até as 3 da madrugada, quando dei minha última gorfada de puro bílis e desmaiei.

Meus parceiros viram ali que não tinha mais jeito. Imediatamente abriram o telefone e tentaram chamar o resgate. O fone não tinha sinal... pediram para outra equipe avisar no PC seguinte e logo chegaram Pavão, Gambá, Hermann e toda a turma de anjos do Camp.

Voltei de carro para Ilha Bela, triste e frustrado. 10 anos e não aprendi a me cuidar...

Cometi uma imprudência que nos meus 10 anos de Corridas de Aventura talvez ainda não tivesse cometido. Me alimentei errado. Aquele ovo frito parece que abraçou meu fígado... e me derrubou...

Já no dia seguinte, depois de dormir, beber e comer, me sentia melhor. Apesar de desgastado fui me animando e fui curtir a festa... e a chegada dos bravos guerreiros do Remake.

De qualquer forma valeu a pena, foi muito emocionante participar desta festa que, se há dez anos atrás não fosse um maluco visionário apoiado por outros alucinados sonhadores, não existiria.

Valeu Alexandre Freitas, você é um exemplo de força e perseverança.
Valeu Zolino, outro exemplo de empreendedor.
Valeu turma do Camp, vocês foram tudo naquela hora.
Valeu galera. Cada equipe que passava quando eu tava lá na pior e me deu aquela força, valeu.......solidariedade é tudo nessa hora.

Valeu Los Locos/Aventura Santos, Naldão e Marcela. Ainda bem que eu estava entre guerreiros amigos que souberam entender e me apoiaram no meu pior momento... Quando eu estava lá deitado no chão, embrulhado no cobertor de alumínio, os dois ficavam me dando mamadeira na boca, numa caramanhola com reidratante, me animando, me apoiando, tirando a temperatura para ver se eu não entrava em hipotermia... cuidando mesmo.
Valeu Java e Carla, vocês foram apoios muito carinhosos... mas aquele ovo mifu.

PARABÉNS CORRIDA DE AVENTURA NO BRASIL, VAMOS PARA A PROXIMA DÉCADA.

Beijos
Fran Perez

Fran Perez
Por Fran Perez
07 Ago 2008 - 09h50 | relatos |
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