Todo objetivo deve ser sempre perseguido com gana. É preciso acreditar sempre e nunca perdê-lo de vista.
Foi assim que a equipe Zion, eu, Marquinhos e Taka, encaramos nossa primeira prova longa, acreditando firmemente em nossa capacidade em cumprir esses duros 230km.
Largamos de bike, em Paraibuna pela manhã, procurando ficar fora do bolo e evitar assim qualquer acidente. Em poucos quilômetros começamos a nos isolar e então, com caminho livre, soltar os freios e deixar a adrenalida da forte descida anular nossa ansiedade.
A chegada à represa linda, foi demais o visual que tivemos pedalando no alto da barragem. Lá estavam nossa equipe de apoio (Susila e Jorge) além do mestre Caco (Selva) nos auxiliando em toda transição, devo confessar que, não fosse ele, teríamos ficado meio perdidos.
Pegamos nossa instável canoa e saímos para uma das etapas que mais nos preocupava. Sem experiência neste tipo de embarcação, procuramos remar sem forçar muito, porém sem parar. A perna era longa. A recuperação era feita em movimento, enquanto um de nós descansava alguns minutos e se alimentava, outros dois continuavam remando, e assim fomos, passo a passo, azimute a azimute. Até que em um determinado momento, com a entrada de um forte vento e aumento das marolas, começamos a remar mais forte e mais cadênciados. Na verdade era nossa receita para aquela p#@(# de canoa não virar... Pois é nos empolgamos e fomos seguindo forte e no PC4 não acreditamos ... saímos do remo de dia, melhor em menos de 5 horas, melhor ainda em 11º. lugar.Valeu Marquinho grande marinheiro, Valeu a navegação que saiu justinha !!!
PC5, quando chegamos correndo lá estava o Caco para nos recepcionar com cara de espanto e dando o maior incentivo - "Vocês estão bem demais" - acho que éramos a primeira equipe Selva a parecer por lá. Também estavam nosso apoio com comidinha quente e tudo mais. Como planejadofizemos uma parada de 1 hora para descansar e reabastecer para o próximo e duro trecho.
18hs - partimos rumo à estrada da Petrobrás e ao chegar no pc6 o Marquinhos sofria muito de dores nas costas, certamente resultado do esforço feito na canoa. Paramos duas vezes para alongá-lo e ele melhorou.
Então seguindo nossa estratégia, avisamos a organização que sumiríamos do mapa pois faríamos um caminho diferente para buscar o PC7 por baixo, e tocamos em frente!
A madrugada foi dura, longa e fria. Inúmeros foram os fantasmas que vimos, o sono vinha em forma de delírio. Paramos 3 vezes para dormir em períodos de 10 minutos. Impressionante como tão pouco revigora.
Pouco antes das 5 da manhã, ao chegar no PC8 estávamos abatidos e muito cansados. A noite havia sido muito dura. Tenho dito que, neste trecho, abraçamos o capeta ... Era um lugar que ninguém mais queria voltar, mas ainda tínhamos que buscar o PC7, 6km acima, e mais uma vez dentro da serra. Temendo que isso abatesse ainda mais a equipe, lembrei de nosso objetivo (terminar a prova) e sugeri não buscar o PC7. Ficamos então 1 hora descansando no PC8 e saímos pedalando rumo ao PC9. O dia estava nascendo e com ele nossas energias se revigoravam.
No PC9, já na Ilhabela, descansamos por 2 horas e após nos reanimarmos, por volta das 9hs iniciamos o trekking de cerca de 45km. Já nas primeiros horas notei que as bolhas seriam inevitáveis, fazer o quê?! Só nos restava seguir em frente, era só nisso que pensávamos.
No começo da descida havia uma cobra cruzando a estrada e o Taka não viu e quase pisou nela. Gritamos e ele parou a tempo. Passado o susto, em poucas horas chegamos ao PC10 (Castelhanos). Logo em seguida chegou a Senta Pua, de nosso amigos Selvaticos (André, Marcio e Sandra).
Seguimos juntos até a Praia Vermelha e a partir daí, através da fechada trilha que cruza para o lado do Bonete. Era 14hs e eu estava certo que a noite nos pegaria no meio da mata e dificultaria demais nossa jornada. Sendo assim resolvi avançar o mais rápido possível e aproveitar a luz do dia para ganhar terreno. Foi quando comecei a acreditar na possibilidade de sair da mata antes do cair da noite... Opa então, - Apertem o passo galera!! Vamos Senta Pua, sebo nas canelas, temos que sair daqui agora!!! - E passamos então a correr na trilha.
O esforço valeu a pena. Em cerca de 2 horas cruzamos e chegamos à Praia de Indaiauba. Viva, conseguimos! Zion e Senta Pua fizeram um verdadeiro pick-nick e tricotaram pra caramba. Vocês não fazem idéia de quanta coisa gostosa a Sandrinha carrega na mochila! Nada como ter uma mulher na equipe. (risos).
Seguimos juntos até a trilha do Bonete, quando a Sandrinha se encheu de nós e nos mandou embora ... Bye Senta Pua !!
Pouco tempo depois, chegamos nas bikes. 26 km nos separavam da linha de chegada. Socamos a bota e às 0:43 hs do domingo, com frio e chuva, cruzamos o pórtico e celebramos nosso feito com nosso apoio (Su e Jorjão) e nossas amigas Ale e Agnes. Até champanhe teve !!!
Cumprimos nosso objetivo por que acreditamos que podíamos e por que tivemos apoio daqueles que nos cercam.
Valeu Su e Jorjão, vocês foram parte fundamental de tudo isso.
Valeu Caco e Marcio (Selva), obrigado por todo incentivo e ensinamentos. Equipe Senta Pua, obrigado por todo o ânimo que vocês nos deram e todas as lições que ensinaram, é bom aprender com quem sabe.
Parabéns a todos os atletas que independente da colocação tiveram a coragem e a grandeza de encarar este desafio.
E que venha o próximo!
Marcos Romero
Equipe ZION