Diferentemente do que muita gente pode pensar, não é preciso ser um super herói para participar de uma prova curta de corrida de aventura. Uma pessoa normal, que pratique esportes com alguma regularidade, é capaz de completar uma prova como essas. A opinião é de um dos maiores especialistas em corrida de aventura do País, o capitão da equipe Quasar Lontra, Rafael Campos.
Aos 31 anos, Campos pode ser considerado uma espécie de 'superatleta' das corridas de aventura. Já participou de provas longas, como a Expedição Mata Atlântica, todas as edições do Ecomotion Pró (480 quilômetros cada) e o Ecochallenge das Ilhas Fiji (2002, 500 quilômetros).
Assessor da Aksa Assessoria Esportiva, Rafael Campos dá algumas dicas para novatos e veteranos que participarão da terceira etapa da Haka Race. Confira a seguir:
É possível uma pessoa que não pratica esportes regularmente participar de uma corrida de aventura como a Haka Race, na categoria Sport?
Alguém que não pratica esporte regularmente dificilmente conseguiria terminar uma corrida como o Haka Race, mesmo nos 38 quilômetros. É necessário fazer exercícios com alguma regularidade para tanto. E, mesmo que conseguisse, as chances de lesão seriam grandes.
Qual a quantidade mínima de treinamento?
Isso depende do histórico esportivo da pessoa. Para alguém que nunca foi atleta, são necessários, no mínimo, três meses de preparo. Já alguém que pratica com certa regularidade, consegue, com dois meses de treino, participar de forma satisfatória. Quem corre cerca de três vezes por semana, e pedala de duas a três vezes, consegue fazer uma prova desta.
Como as equipes, novatas e as mais experientes, podem se preparar para a prova?
Para se preparar para uma corrida de aventura, é necessário preparo físico, técnico e psicológico. Quando se treina para adquirir cada um desses três preparos, se adquire também os demais, mas em menor intensidade. Quanto mais treino físico, mais se adquire os outros dois.
O que recomenda para os novatos?
Sugiro dois ou três treinos de corrida e dois ou três, de bike, por semana, de preferência com outras pessoas que também participem da corrida. Nos finais de semana, a dica é buscar um treino que se assemelhe às condições da corrida, como por exemplo, correr e pedalar em trilhas e terrenos íngremes.
E para os mais experientes?
Os mais experientes devem dar atenção às técnicas de navegação, de pedal em terrenos íngremes e esburacados e de correr em locais acidentados. Também devem treinar dinâmica de equipe e transição de modalidades.
As equipes acostumadas a provas mais longas, de endurance (como a Ecomotion e a Brasil Wild, por exemplo), como a própria Quasar Lontra, podem ter dificuldade em provas relativamente curtas? Poderíamos comparar essa situação com a de um maratonista correndo provas de 10 quilômetros?
Sim, podem ter dificuldades. E a comparação é valida, sim. Os treinos físicos para as provas de endurance são diferentes das provas mais curtas. Um atleta resistente, mais preparado para endurance, pode não se dar bem numa corrida de explosão. E a recíproca é tão verdadeira quanto. O fato é que equipes preparadas para endurance têm técnica apurada e preparo psicológico, que serão usados em provas de qualquer distância. Mas a parte física pode ser bem diferente.
Considerando-se sua experiência, como avalia a Haka Race?
Ainda não participei do Haka. Mas tenho acompanhado amigos que participam. A organização tem melhorado prova atrás de prova. Os desafios também têm sido excelentes, embora a prova seja curta.
Quais as modalidades às quais as equipes devem ficar mais atentas?
Os atletas devem ficar atentos a todas modalidades. Negligenciar uma delas pode significar o fracasso de sua equipe. O importante é enxergar em qual modalidade tem-se mais dificuldade, e treinar para aperfeiçoar. Não é o natural. Normalmente as pessoas querem treinar mais a modalidade em que são boas, pois se sentem confortáveis. E deixam de lado aquelas em que deixam a desejar. Isso é ruim.
Pelo que se percebe, a maioria das equipes, principalmente as novatas, treinam regularmente as modalidades de trekking e bike e deixam de lado a navegação.
É necessário depois de fazer um curso, praticar muito. Ao sair para um treino fora do ambiente urbano, tentar adquirir um mapa e acompanhar o trajeto pelo mapa. Notar as diferenças que existe do mapa para o terreno. E, mesmo parado, comparar mapa com terreno é um treino. Pegar mapa de corridas antigas e fazer alguns trechos navegando é uma boa também.
Como se preparar do ponto de vista de alimentação?
Não é tão simples. A resposta completa eu deixaria para um nutricionista. Mas, basicamente, a dica é evitar gorduras em excesso e álcool. Quanto mais próximo da corrida, aumentar o consumo de carboidratos. Comer regularmente. Não ficar mais que três horas sem ingerir nada. Na véspera, prestar mais atenção a estas dicas. Hidratar-se muito bem a três dias da corrida. Ou seja, beber muita água regularmente. Ficar com uma garrafinha o dia inteiro ingerindo água. Na véspera, evitar refrigerantes. Não comer nada diferente do que se está acostumado.
E durante a corrida. Como se alimentar?
O importante é beber muita água sempre. A cada 10 minutos, dar um gole. Se estiver tempo quente, beber mais ainda. O segredo é não deixar o organismo sentir sede. E verificar se está se urinando ao menos duas vezes ao dia. Já para alimentar-se, muito carboidrato. Eu consumo um sachê de carboidrato em gel a cada uma hora. Além disso, gosto muito de banana, bisnaguinhas com geléia e bolo, como fonte de carboidrato. E, para repor os sais, azeitona ou alguma castanha.
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