Independente da forma como começaram em cada estado, as corridas de aventura no Brasil ainda tentam encontrar a resposta mais adequada sobre qual o melhor modelo de gestão, execução e auto-sustentabilidade que devem seguir. Num ponto, a maioria concorda: na maior parte dos Estados, o esporte evoluiu muito quando houve algum incentivo financeiro. A questão agora é: como alavancar novos ou vultuosos patrocínios por mais 10 anos, para um esporte que exige elevados recursos financeiros tanto para promovê-lo quanto para praticá-lo; um esporte desconhecido por boa parte da população; que perdeu o ineditismo para a grande imprensa e, por conta disso, tem pouco espaço para divulgação?
Opinam organizadores, que estão mais para empreendedores, da Paraíba, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, que toparam o desafio de se lançar numa modalidade esportiva que, com 10 anos de vida, ainda engatinha:
Paraná - “Vejo o futuro do esporte com bons olhos. Com a promulgação da lei de incentivo ao esporte, a competição tende a crescer. Nacionalmente, se os organizadores se unirem para formar uma Confederação, acredito que o esporte dará um salto.” - Julio Camargo, que tentou, em vão, reunir organizadores de todo o país, principalmente os de São Paulo, para discutirem a evolução sustentável do esporte.
Bahia - “A Bahia é o cenário perfeito para a prática esportiva, porém falta a cultura do esporte de aventura no seu povo. O custo envolvido na prática do esporte é uma grande barreira de entrada. Além disso, não existe uma grande oferta de equipamentos e a infra-estrutura de embarcações ainda é bastante precária no Estado. Atualmente, a economia da capital do estado tem crescido e vemos um movimento migratório de empresas como a Petrobrás e Ford, que traz um público com uma cultura esportiva e com disponibilidade financeira. Tem sido notória a participação dessas pessoas no esporte de aventura tanto na corrida quanto no enduro a pé, porém, ainda é pouco. No Brasil, vejo uma mudança do cenário, no qual o mercado busca um equilíbrio em que apenas as propostas mais adequadas e as que conseguirem comunicar melhor com seu público permanecerão. Acredito que o espaço de mídia será um pouco mais restrito. Analisando os dois cenários, vejo algo que precisa ser resolvido urgentemente: A corrida de aventura é mais viável como esporte competitivo ou esporte de lazer? Enquanto não se resolver essas questões, não se definirá o público-alvo e o modelo de negócio. As dificuldades aumentarão.” - Anderson Magalhães, da SubZero Esportes de Aventura, da Paletada Adventure, posteriormente Circuito Baiano de Corridas de Aventura.
Rio Grande do Sul - “No Rio Grande do Sul há movimentação para a criação de uma Associação de Corridas de Aventura. Creio que isso seja um ganho para que se possa melhorar a administração e também a qualificação das organizações. É possível que se tenha também um calendário adequado à realidade do RS. Creio que no Brasil as coisas tendem a haver uma seleção natural e apenas as estruturas de organização mais fortes venham a permanecer atuando. É um ciclo natural.” - Evandro Schütz, da Atitude Ecologia & Turismo, que organizou as duas primeiras etapas gaúchas juntamente com a EMA, mas que encerrou as organizações em 2007 para dedicar apenas ao turismo de aventura.
Paraíba - “Vejo o futuro das corridas de aventura com muita cautela, pois estão surgindo vários novos organizadores e esses estão com conceitos diferenciados se comparado com a filosofia da corrida de aventura. Nós acreditamos na corrida de aventura no formato original, de expedição, que usa a natureza, como cenário e meio de dificuldade, e a orientação, como modalidade básica. Não acreditamos em provas no estilo “Triathlon Rural” com bike, corrida, remo e com 105 equipes num percurso de 50km. Isso não é corrida de aventura.” - Edmilson Fonseca, da Neblina Adventure Center, organizador da primeira corrida de aventura nordestina, em 1999, o Desafio Costa do Sol 1999, do Campeonato Paraibano e um dos idealizadores do Circuito Nordestino de Aventura (CNA).
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