A última etapa do circuito Haka race realmente teve tudo que uma corrida de aventura deve ter: competitividade, muita orientação, remo paradisíaco, vertical cascudo e paisagens alucinantes.
Fomos para Ubatuba com apenas um objetivo: o primeiro lugar no ranking do circuito. Para isso, tínhamos de bater as duas fortes duplas Lebreiros, sem chegar muito distante da AKSA e Camamu.
Largadas em praias se dão com muita adrenalina e esta não foi diferente. Partimos de trekking da Toninhas até uma praia vizinha. Nossa, como foi dura aquela subida inicial. Optamos por não forçar muito, pois o calor e a dificuldade da prova cobrariam seu preço.
Pegamos nosso duck já com vários outros já remando em direção à Ilha Anchieta. Com a Clarita bem animada e disposta fomos alcançando outras equipes e já nos colocávamos no pelotão da frente. Uff!
Pouco mais de uma hora já estávamos saindo para um trekking na Ilha. Deu até para dar um beijinho na Ana Silvia que desta vez além de apoio (de qualidade como já disseram) participou da prova como Staff do Léo e foi o PC2/PC6.
Acompanhados da Letícia e Fred (Lebreiros) buscamos o PC 3 em meio a vegetação. Encontramos sem problemas, justamente onde a AKSA e ARS se perderam. Dali por uma trilha aberta, correndo até o PC4 em frente à prisão da Ilha (lugar maravilhoso !!!).
Achamos a trilha e subimos para o PCVirtual 1, onde cruzamos com a Camamu apenas alguns minutos a nossa frente. Quando descemos a maioria das equipes iniciava a subida. Conseguimos abrir um pouco, pensávamos.
Seguimos por uma trilha paralela à praia, junto com os Lebreiros. Depois de um tempo batendo cabeça percebemos que algo estava errado e que aquela não era a trilha (também não estava no mapa), apesar de ter o azimute bem próximo.
Decidimos voltar e rapidamente achamos a trilha correta. Mas caímos para as últimas posições. Todas as equipes estavam voltando do PC 5, que era do outro lado da ilha. Nessa hora queremos sair voando, mas já cometemos esse erro em outras provas e aprendemos. Mantivemos nosso ritmo, que já era forte, mas não além evitando quebrar.
Que agonia. Saímos do PC6 remando em último lugar, SACI, AKSA e Lebreiros. Ali poderíamos dar adeus à prova e ao campeonato. Foi difícil ver a cara de decepção da Ana no PC ao ver a gente tanto tempo atrás, pois ela já sabe que em provas rápidas a recuperação é muito difícil.
Mas sem nos abalarmos e com o SACI ajudando a empurrar o duck, remamos forte para o ponto do rapel; uma fenda no morro, protegida por uma exuberante mata densa, verde e linda que contrastava com o céu azul e o mar claro.
Ali ficamos de decidir a melhor estratégia, pois apenas um fazia o rapel e o outro já poderia seguir de remo. Como o mar estava muito batido e encontramos vários ducks já encostados, automaticamente me joguei para uma das pedras e deixei que a Clarita se virasse.
Subi o morro alucinado e encontrei uma grande fila no rapel, que era feito também pelos atletas da categoria Sport. Pensei em encontrar a outra SACI com Fabiano e Maurício, mas nada deles. Já tinham passado.
Aproveitei para me alimentar e conversar um pouco com os outros atletas. Ali quase derrubei algumas pessoas quando abri minha Coca-Cola (quente) e fez aquele barulhinho. Após algumas castanhas e azeitonas desci rápido e tinha de entrar numa gruta. Percebi ali que vários atletas já sabiam o que estava escrito no banner e não fizeram o virtual. Resolvi não arriscar e fui até lá. Acho que os organizadores devem repensar um pouco sobre este tipo de PC. O velho picotador creio ainda que seja a melhor escolha.
Tive de subir e descer novamente o morro para falar ao PC a resposta e assiná-lo. Caímos na água e remamos mais um 1Km até uma pequena praia protegida. Ali iniciava um forte trekking, que fizemos todo correndo até o AT das bikes.
Chegamos juntos com a AKSA e para nossa surpresa estávamos em 2° lugar. Com uma rápida transição saímos pouco à frente e partimos para cerca de 25 Km. Agora era só manter e chegar bem.
Num ritmo também forte, alcançamos a entrada da mata em busca do PC. Ali já estavam retornando algumas duplas masculinas. Com um pouco de dificuldade, encontramos a trilha correta e ali começou outra aventura. Muito barro e pequenos riachos a transpor. Ali apareceu o verdadeiro espírito da corrida de aventura, com perrengue total e embrenhado na mata, fazendo força para sair de buracos!
Abrimos um pouco da AKSA e seguimos fortes para o final da corrida. Faltavam apenas dois PCs urbanos a cumprir, que encontramos rapidamente. No retorno à chegada, passamos por uma praia com muita gente, carros e motos e isto atrapalhou um pouco nosso ritmo. Mas como não havia ninguém no visual e eram apenas 3 Km finais demos uma relaxada.
Já na descida da praia das Toninhas, olho para trás e vejo a AKSA engolir a Clarita e na seqüência a mim. Passaram e abriram. Acelerei e passei novamente os dois. Entramos grudados na rua que dava acesso à praia e ao pórtico. Pedalando em pé e em alta velocidade cruzei na frente, com os dois colados e por último a Clarita.
Perdemos o segundo lugar, mas a explosão de adrenalina após 50 Km de prova foi indescritível. Aí vai um toque àquelas equipes que cruzam o pórtico juntas de mãos dados que parecem que foram fazer um piquenique no bosque.
Foi demais. O sorriso dos 4 era irradiante. Abraços e beijos significaram que depois de muita superação tínhamos alcançado nosso objetivo.
Ao Ricardo (Repolho) e Denise - AKSA, nossos agradecimentos por essa sensação final, de quem faz a última prova do ano com gostinho de quero mais. Valeu mesmo.
Ao Fred e Letícia – Lebreiros, obrigado pela extrema competitividade de vocês ao longo do campeonato. É só assim que crescemos e evoluímos. Vocês são guerreiros e muito unidos. Isto é que faz uma verdadeira equipe.
Aos SACIs que correram este ano, espero que também tenhamos aprendido juntos, que para formar uma equipe, o pensamento coletivo e ajuda mútua são imprescindíveis. Tenho certeza que terminamos o ano muito mais forte do que iniciamos, portanto valeu Clarita, Bura, Fabiano, Oscar Jr, Adriana, Cléber, Maurício, Lúcia, Ana Silvia e Thiago.
Ao Leo e toda sua a família HAKA, um ótimo fim de ano. Vocês realmente se superaram nesta última etapa, com um local escolhido a dedo, uma prova inteligente e a possibilidade de ver a chegada de todos os atletas sentados tomando uma água de coco. Isto realmente foi muito legal. A preocupação de vocês com os familiares dos atletas mostram a competência e a sensibilidade da organização. Que venha o Haka 2009...
Um agradecimento especial à minha parceira Clarita, por acreditar que éramos capazes e pela união. O título de um circuito competitivo como o HAKA RACE 2008 mostrou que estamos no azimute correto e que nossos objetivos são os mesmos, indispensável para a formação de um time.
E por fim, a minha querida esposa Ana Silvia, que sem você ao meu lado, nada disso teria valor (acho que já disseram isso em uma música), por me acompanhar por todos estes anos e paciência nas longas horas de treino, fica aqui registrado meu eterno agradecimento e amor.
Valeu galera e aguardem que os SACIs em 2009 estarão mais travessos do que nunca!
Rui Seabra
Equipe SACI