Márcio Franco, Rafael Melges, Talita Lazzuri e Jessié July representarão o Brasil na seletiva internacional do Land Rover G4 Challenge, em fevereiro na Inglaterra. As meninas, que tinham vaga garantida por serem as duas únicas mulheres do grupo de nove pessoas, competiram como se estivessem com a corda no pescoço, mostrando garra e determinação nos dois dias de competição no Hotel Vila Vitta, em São Pedro (SP). Do lado dos homens a disputa foi emocionante e equilibrada, sendo decidida praticamente na última prova.
Na noite de sábado, depois de um duro e longo dia, os atletas ainda tiveram que buscar o maior número de light sticks espalhados na mata da fazenda sede da competição. A comunicação em inglês, regra mundial da Land Rover, acabou atrapalhando o atleta Rafael Melges, que no lugar dos bastões de luzes, entendeu que a etapa consistia em buscar o maior número de vaga-lumes. Enquanto os outros competidores correram a todo vapor em direção à mata, Rafael foi para o lado do hotel em busca de uma sacola plástica para facilitar a caça aos vaga-lumes. Certo de que levaria vantagem por carregar seus vaga-lumes no saco, Rafael retornou com apenas um vaga-lume e se assustou quando olhou para seus concorrentes com os light sticks nas mãos.
Na manhã de domingo, Rafael ainda estava preocupado com os pontos perdidos e sabia que precisaria dar tudo de si para recuperá-los. Antes de partir para a primeira prova do dia, o atleta e todos os participantes levaram uma bronca da coordenadora do evento, Nora Audrá. Em bom português, Nora fez questão de reforçar o que vinha falando desde o sábado de manhã: a preocupação com a segurança acima da competição. Na última prova do primeiro dia, os atletas deveriam tirar um quadrado de madeira debaixo de uma Land Rover Defender desligada. Na pressa e com a adrenalina a mil, os competidores se arriscaram ao, por exemplo, tirar com as mãos a terra debaixo do pneu semi-erguido pelo macaco apoiado em pedregulhos ou ainda entrar debaixo da Land também suspensa.
Depois do merecido puxão de orelha e ainda sob o risco de serem desclassificados, os atletas partiram para uma rápida etapa de trekking com navegação. Na fase seguinte, hora de colocar novamente as habilidades com o Defender, ora no balizamento com reboque ora no que o proprietário do hotel, Felício Fernandes, chama de parquinho: uma pista off road cheia de obstáculos e erosões, que aos olhos pareciam intransponíveis.
Dos desafios 4x4 para o ‘The Eliminator’, etapa de corrida de aproximadamente 400 metros, em que o último de cada volta era excluído da prova. As duas primeiras foi liderada por Marcelo André Borges, escalador de Belo Horizonte (MG), que também se confundiu com o inglês e não sabia que eram voltas de aquecimento. Na terceira valendo, já cansado, Marcelo acabou parando de correr alguns centímetros antes da linha de chegada e foi ultrapassado pelos seus concorrentes. Na seqüência saíram o montanhista Tácio Sansonovski; Augusto Carvalho, que não agüentou o pique; Jessié, que estava morrendo de cólicas; Talita; e Waldemar Castro Jr (Vavá). O resultado da sexta corrida confundiu a organização e convidados, quando o baiano e também corredor de aventura Náru Moraes deu o sprint final e se jogou entre os outros dois atletas na linha de chegada. Volta reprisada e Náru deixou a final, desta vez de 800 metros, para Márcio e Rafael, que lado a lado disputaram o último trecho até os 10 metros finais com subida, quando Márcio foi mais rápido e venceu a corrida.
Do "parquinho" direto para as verticais, montadas dentro de uma plantação de eucaliptos. A equipe técnica, também acostumada a montar circuitos de verticais em corridas de aventura, separou os atletas em duplas com um mais, e outro menos experiente. Cada atleta tinha apenas 25 minutos para se equipar, ascender com jumar, atravessar de uma árvore para outra com ajuda de pedaleiras e descer em rapel guiado. Em nenhum momento era permitido ter menos de dois pontos de segurança, com uma re-segurança guiada pelo dupla que ficava embaixo. Marcelo se deu bem na etapa, completando em apenas 16 minutos toda a travessia. O dupla do escalador, Augusto, que nunca tinha feito uma seção de verticais, se atrapalhou e teve que sair da etapa depois do tempo esgotado. Todos os corredores de aventura, mesmo aqueles que não tinham experiência em ascenção, como a Talita, ou o marido dela, o Vavá, que até então não tinha nenhum afeto pelos verticais, concluíram com sucesso a tarefa.
Sem descanso e sob o forte calor de domingo, os nove competidores saíram à toda velocidade morro acima em busca das dez bandeiras espalhadas na montanha. Apenas uma, a de número 10 e estrategicamente colocada no ponto mais alto, daria a vitória da etapa a quem a encontrasse. Márcio Franco foi o mais veloz e levou a prova.
Na última e decisiva prova do Land Rover G4 Challenge, Nora Audrá colocou à prova a resistência dos participantes num circuito non-stop, em que os competidores pegavam um colete salva-vidas, corriam ao redor do lago, voltavam nadando, entravam numa trilha fechada, se arrastavam na lama por baixo da fita zebrada, corriam pelo rio, passavam por outra trilha, voltavam correndo por cima do morro, remavam entre bóias e chegavam correndo até uma Land Rover Defender. Ufa!!!
Mesmo correndo a maior parte do circuito descalço e ainda tendo seguido Márcio Franco por um trecho errado, Rafael Melges transformou em força sua fúria do erro do dia anterior e ganhou o circuito. Vavá chegou na seqüência, seguido por Márcio, que tomou um minuto de penalização por não correr pelo rio.
Na classificação final:
1º Márcio Franco – 894 pontos
2º Rafael Melges – 875 pontos
3º Waldemar Castro Jr – 753 pontos
4º Naru Moraes – 749 pontos
5º Talita Laruzi – 746 pontos
6º Augusto Carvalho – 685 pontos
7º Jessié July – 676 pontos
8º Marcelo André Borges – 663 pontos
9º Tácio Sansonovski - 608 pontos
Márcio, Rafael, Talita e Jessié terão menos de dois meses para se prepararem e se dedicarem ao inglês, antes de embarcarem para o Land Rover G4 Challenge da Inglaterra. A etapa classificará a melhor dupla de cada um dos 18 países participantes para a grande final, que acontece em outubro na Mongólia.
Assim como no Brasil, os atletas vão com todas as despesas pagas pela Land Rover Brasil, que ainda está destinando recursos para a Cruz Vermelha, com ações como a doação de recursos diretos da empresa e parte da venda das concessionárias que voltaria para a montadora.
As brasileiras, mais que os homens têm a grande responsabilidade de representar o país que melhor classificou uma mulher numa etapa do G4. Convidada especialmente pela Land Rover Brasil para organizar a seletiva 2008 do G4 Challenge Brasil, Nora Audrá conquistou a terceira colocação na classificação geral da final do G4 Challenge de 2006.
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