O repórter Andre Piva, juntamente com os fotógrafos Alexandre Cappi e Matheus Vieira, realizaram a verdadeira cobertura jornalística "in loco". Eles conseguiram um material tão exclusivo que quase não conseguiram sair da Mata Atlântica para contar a história, mas pelo menos o esforço foi compensado por belas imagens e momentos impagáveis...
A última corrida de aventura do ano da Expedição Chauás foi praticamente intransponível, quer dizer, pelo menos para os 1/3 dos participantes que não completaram a prova na Estação Ecológica da Juréia, litoral sul do estado de São Paulo. A etapa foi uma das provas mais difíceis da temporada Chauás 2008. Para ter idéia, momentos antes da entrega da premiação, 24 horas depois da largada, os atletas solo Franz Kobayash e Sergio Rodriguez, foram os últimos atletas a completar a prova e receberam os aplausos de todos os outros atletas presentes.
A prova começou no belo sábado de sol em Guaraú com 5km de trekking pela praia, costão até a praia das conchas. O ritmo inicial dos atletas foi forte, mas logo na primeira transição para o mountain bike (com 20 km até a praia do Una), aquela multidão de corredores foi dividida em pequenos grupos. No posto de controle 3 (PC3), enquanto os quartetos sairam para remar em volta da Ilha do Ameixal pelo rio Comprido que sofre forte variação de profundidade por causa da maré, as duplas e solos (com 80km de prova), saíram para o trekking de 25 km. A primeira parte da caminhada/corrida foi percorrido pela costa, passando por praias e cachoeiras intocadas da Reserva Ecológica Juréia-Itatins. Sem dúvida, esse foi o trecho mais bonito e compensador de toda competição.
Nossa "equipe" X-Press/MediaBike/BrStock, formada por jornalistas, precisou se dividir para competir devido a ausência de uma mulher. Assim, competimos com a dupla BrStock e eu categoria na Solo. A vantagem de competir em "trio" foi poder compartilhar as risadas e dúvidas durante o percurso. O melhor momento da nossa equipe foi improvisar um rapel "rasga-mato" no estilo "Batman", para conseguir manter o curso. Talvez nem tenha sido a opção mais rápida, mas com certeza foi a mais divertida.
Na metade do trekking, na Barra de Guaraú, o PC 5 para alguns ou PC6 para quartetos, começou a verdadeira prova de orientação, determinação, resistência e espírito de aventura. Eram aproximadamente "apenas" 10km de caminhada cortando a Mata Altântica virgem, repleta de bromélias, palmitos e todo restante da riquíssima flora e fauna caracterisicas da região. Isto é, total "vara-mato" numa "trilha" antiga usada por palmiteiros. Dali para frente, cada um dos participantes seguiu um estratégia diferente. Logo no início do caminho, a "trilha" marcada indicava uma falsa idéia do que viria a seguir. Não demorou para começaram os suscetíveis "perrengues" e as dificuldades de progressão na floresta fechada.
Minha equipe navegou de acordo com o azimute previamente traçado de 240 graus sudoeste. Subimos 200 metros de altitude por uma cachoeira para caminhar pela linha mestre da montanha (crista), então, cruzá-la até o nosso destino parcial. Mas um desfiladeiro intransponível impossibilitou nossa descida e comprometeu toda nossa corrida. Neste trecho, muitos atletas se perderam. Até os primeiros colocados da categoria Solo, militares experientes, também tiveram dificuldades. Depois de quase 3 horas "batendo cabeça" e já sem forças psicológicas, decidimos abandonar às 18h30 da tarde direto para hidratação no bar mais próximo. E logo foram aparecendo mais guerreiros que se renderam ao desafio da montanha.
Quando seguíamos rumo à praia, cruzamos a equipe Selva muito concentrada.. Eles venceram na categoria quartetos com a chegada às 22h35. Mas não foram os primeiros a completar a competição. Quinze minutos antes, a dupla masculina Família Aventura, seguido pelo Capitão Fernandes (Solo), chegaram com pouco mais de 11 horas de prova. Enquanto isso, muitos competidores passaram a madrugada perdidos na floresta!
Na manhã seguinte, pernas doloridas, histórias compartilhadas, equipamento para recolher, limpar, etc. E apesar da desistência, nosso espírito da aventura foi lá pra cima, afinal, numa verdadeira aventura, o importante é respeitar a natureza e conhecer os limites que ela nos impõe. Por fim, parabenizo à todos os participantes, à organização e moradores locais pela oportunidade de usufruir desse ambiente intocado e, assim, preservá-lo para as futuras gerações. Até a próxima aventura!
Andre Piva
X-Press/MediaBike/BrStock
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