Soa a buzina e é dada a largada da Expedição Chauás. Lá vai a Lobo Guará para mais uma aventura. São 5 km nos quais passamos por trechos de praia e costeira. Enquanto eu, Gabi, e Tobias corremos em um ritmo forte sem nada nas costas, o Marcelinho carrega a mochila com todos os equipamentos. Estamos em Guaraú, praia ao Sul do estado de São Paulo. Antes de começar a prova já havia trocado 2 pneus furados, o dia prometia.
Rápida transição, só para montar na bicicleta e partir para o próximo trecho, 20km de bike, sem maiores dificuldades. Uma subida de 100m, outra de 50m e já estamos na próxima transição. Duck, estamos em uma baía e optamos por fazer uma portagem, remamos um pouco em direção a melhor margem para fazer a portagem e o duck já começa a encalhar... Maré baixa, não dá para remar nem para descer do barco e empurrar (é atoleiro na certa). Para completar, um dos ducks murcha, sem mais nem menos, acho que não é o meu dia, tudo fura, pneus, ducks...
Remamos de volta para a transição e trocamos de duck, agora partimos direto para a portagem, sem ao menos colocar o duck na água e chegamos no próximo PC. Assinamos a planilha e vamos em frente, agora temos que dar a volta em uma ilha por entre o manguezal. Algumas equipes estão junto conosco e o ritmo é forte, enquanto a Gabi se esforça para não deixar o ritmo cair (já que eu estava sentindo a falta dos treinos de remo e baixando o ritmo), eu me concentrava para que os braços não travassem de vez.. Chegamos na transição, plantamos uma árvore e nos abastecemos nas caixas de transição. O Marcelinho pega uns 20 pedaços de sanduíche para não passar fome nos próximos 20 minutos e vamos embora...
Saímos correndo em direção ao próximo trecho, um treeking calmo e tranqüilo por 35km em meio a mata atlântica. Por descuido plotamos o caminho errado e depois de irmos e voltarmos pela mesma estrada e perdermos uns 40 minutos nesta história, entramos na trilha certa. Pelo menos deu para refrescar a cabeça na água. A dúvida agora era se existia trilha ou não para ir ao próximo PC. Não prestamos muita atenção ao briefing e havíamos entendido que o trecho até o próximo PC, na praia do Juquiá, seria fácil. Então tinha que ter trilha, caramba!
Mais de uma hora procurando a trilha e desencanamos, vara mato! Tínhamos que subir e descer o Morro do Itu, cruzamos ele a 340m de altura e agora era só descer para praia. Era o Tobias e o Marcelinho querendo ir para um caminho que na minha opinião era muito sul (o que era proibido), assim eu parecia um velho rabugento falando toda hora: -Tá muito sul, vamos mais para leste!
No final saímos longe do lugar proibido e tivemos que fazer um canoining e depois até atravessar um rio, onde a maior preocupação minha era com os lanches na mochila. Agora imagina o Marcelinho com seus 20 lanches dentro...
Chegamos ao outro PC e agora era uma seqüência de praias e morros até o PC7, do PC7 para o PC8. Tínhamos pouco mais de 3km para a frente, o caminho parecia fácil, era só seguir o pé do morro. Neste trecho encontramos inúmeras equipes indo e voltando, sem achar o PC. Persistimos na busca e depois de algum tempo, muitas idas e voltas e uma atolada cinematográfica minha no mangue, onde eu cheguei a ficar com medo de morrer afogado se a maré subisse e eu não saísse dali. Com uma grande ajuda da Gabi, eu consegui sair dali, após alguns minutos atolado até quase a cintura. Coisa braba!
Finalmente PC8. Agora era subir mais um morro, sem trilha nenhuma. Neste trecho o Tobias se revelou extremamente anti-social. Ele que já não queria conversar, agora inventou que ninguém podia andar atrás dele, que deveríamos andar separados para ver se encontrávamos alguma trilha. A equipe protestou e pudemos andar novamente em fila, com o pobre coitado abrindo a mata no peito.
Após algumas horas chegamos na transição. Agora era só remar mais 4km e depois fazer os 20km de bike novamente.
Montamos uma dupla dinâmica no remo, eu e o Tobias. Um com os braços acabados e o outro quase dormindo no barco. Entre uma pescada e outra chegamos no próximo PC e fizemos os últimos km de bike.
Cruzamos a linha de chegada com exatas 20hs de perrengue, na quinta posição.
Foi uma prova dura e com uma navegação exigente. Parabéns ao Lucas e agora aprendemos que na Chauás não existe trilha, na dúvida, não fique procurando. Vare!!!
Danilo Olzon
Curtlo Lobo Guará