De férias, o repórter-aventureiro Andre Piva não resiste aos encantos da ilha da magia e encara mais uma corrida de aventura

Por Andre Piva - Equipe X-Press - 20 Jan 2009 - 09h25

A ilha de Santa Catarina comemorou no último sábado - dia 17 de janeiro de 2009- a última etapa do circuito Sul Brasilis de corrida de aventura 2008, válido para o Campeonato Catarinense de Corrida de Aventura, realizada apenas nesta data após o evento ter sido adiado devido as fortes chuvas que tragicamente afetaram todo o Estado no final do ano passado. No entanto, para sorte - ou azar - dos cerca de 200 atletas oriundos dos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e, claro, de Santa Catarina, a chuva novamente não deu trégua durante toda competição.


* Andre Piva é jornalista, ciclista e repórter da Revista BikeAction (www.revistabikeaction.com.br) , profissional-atleta que concilia corridas de aventura com cobertura jornalística.

Com a largada marcada às 14 horas, a estratégia das equipes começou com a logística para deixar as bicicletas na área de transição - na praia do Pântano do Sul - e retornar a tempo para plotar o mapa e aprontar-se para a largada. Mesmo para quem estava adiantado, o tempo de deslocamento foi em cima. Já para alguns "atrasados", como a equipe paulista Life Guard, a prova terminou antes de começar. "Parece que eles quiseram pegar um caminho alternativo para chegar aqui (Tapera do Ribeirão), atolaram o carro e perderam a largada", contou o observador fotógrafo Wladimir Togumi, do site www.adventuremag.com.br.

A corrida de aventura em Florianópolis serviu como um ótima oportunidade para eu começar o ano fazendo o que mais gosto: curtir a natureza ao lado dos amigos, além da chance de realizar novamente uma cobertura jornalística "in loco", ou seja, reportar todas as experiências dentro da competição. Para isso, reuni para o desafio: um fotógrafo, um especialista em Ciências da Computação e outro Físico. Montamos duas duplas: X-Press 1 e X-Press 2, com o objetivo de competir juntos na categoria Aventura (40km), já que participação na categoria Expedição (80km) havia sido descartada, pelo fato de ter 3 estreantes no grupo.

Largamos com o fôlego total para corrida, com o primeiro trecho de 4.5 km de canoagem. Assim que pegamos o duck (embarcação inflável), corremos por um pequeno atalho enlameado até o mar, mas logo aconteceu o primeiro imprevisto: meu parceiro Marcelo Carlomagno, perdeu o tênis em meio ao atoleiro. Rapidamente ele cavou fundo com as mãos até encontrar o tênis "fujão" e assim seguir em frente. Com isso, entramos eufóricos na água sem perceber que estávamos remando o Duck do lado ao contrário. Um ataque de risos contagiou a equipe, ao mesmo tempo que observávamos nossos companheiros: George Kusterko e Fernando Bernando, lutando para navegar em linha reta. 

Com aproximandamente 1 hora de remada, partímos para o trekking de 9km com o trecho mais difícil de navegação. Pegamos o caminho do Caieira da Barra Sul até a praia do Saquinho. É uma caminhada pesada com aproximadamente 3.5km e uma bela vista panorâmica da Baía Sul e Serra do Tabuleiro. Como era relativamente o começo da competição, muitas equipes estavam aglomeradas pelo caminho e todos formaram um fila indiana neste trecho com desníveis acentuados. 

Da praia do Saquinho, seguimos para praia do Pântano do sul, onde as bicicletas estavam estacionadas. Após uma transição rápida, partimos rumo ao caminho do Sertão do Ribeirão, uma estrada de terra com muitas subidas íngremes e, por causa da chuva, muito escorregadias. Praticamente não dava para pedalar, obrigando os competidores a empurrar ladeira acima. Quando chegou na última subida, a lama era tanta que a bicicleta atolava só de empurrar. Alguns tentaram soltar os freios "v-brake" para desatolar, mas não tinha jeito. "Cheguei a soltar o freio dianteiro para ver se a bicicleta andava mesmo na descida, mas depois acabei tomando um tombão", contou o atleta Medici, da equipe Limit. A única opção era jogar a bike nas costas, abaixar a cabeça e subir com todo cuidado para deslizar morro abaixo. Este trecho tornou-se um dos mais desafiantes e desgastante da prova.

O próximo ponto de controle (PC) da categoria aventura era a transição para o trekking pela cachoeira da Lagoa do Peri. Neste momento, minha equipe já estava com a motivação abalada pelo fato de ter quebrado a gancheira (peça que sustenta o câmbio traseiro) da bicicleta do Fernando. Sentamos, conversamos e decidimos seguir, até que Fernando tomou a decisão de voltar devido a fortes dores no joelho. Acatamos a decisão e nos separamos, com uma dupla seguindo para o trekking e outra para a chegada. O fato é que mesmo querer "desistir", não significa que a corrida acabou, pelo contrário, é preciso ter muita consciência e conhecer o limite individual próprio, para ter energia suficiente para conseguir voltar, já que nesta competição não tinha carro de apoio. 

Enquanto uma dupla partiu para o "trekking" com as bikes, seguimos selva adentro no Parque Municipal da Lagoa do Peri. Para mim, o lugar é muito familiar, pois é um dos meus locais favoritos para treinar em Florianópolis. Mas como estava anoitecendo, chovendo e com pedras escorregadias, tivemos que caminhar com muita atenção, pois todo cuidado era pouco para evitar acidente. A dupla da equipe Limit foi conosco, pois eles não tinham iluminação, assim aproveitamos para conversar e descontrair durante a caminhada até próximo a sede do Parque, onde havia um PC virtual.

Enquanto seguíamos, cruzamos a dupla campeã que já retornava com visível tranquilidade. Encontramos mais algumas equipes e quando chegamos no PC virtual, paramos para nova decisão: pegar a estrada de terra (caminho mais longo e seguro) ou retornar pela trilha escura (perigosa e mais curta)? Já eram 20h30, mais de 6 horas de prova, muita chuva,  quando de repente, meu companheiro sacou da mochila uma SABOROSA pizza, feita por um amigo ciclista. Foi a energia que precisava para raciocinar. Saímos pelo caminho mais perigoso, embora mais curto e enfrentamos a subida da trilha com muito vigor. De volta às bikes, encaramos o trecho final de 10km com muita velocidade. Despencamos pela estrada enlameada até o asfalto que nos levaria até a chegada. Neste curto espaço, ainda conseguimos ultrapassar duas equipes e completar a competição com exatas 8 horas de prova, com a 7ª colocação (extra-oficial). Contudo, a posição final pouco importa e ficamos felizes de terminar a corrida com plena saúde. Aproveito para parabenizar meus companheiros de equipe, que apesar de não terem feito um pequeno trecho da corrida, mostraram muita garra de verdadeiros campeões, sempre valorizando o espírito esportivo e de amizade. 

No final, enquanto nós trocávamos histórias da aventura, eu só pensava nos atletas da categoria expedição que ainda tinham muita competição pela madrugada. Mas devido as circunstâncias: cansaço, fome e chuva, a equipe X-Press retirou-se antes da primeira equipe cruzar a linha de chegada. Depois disso ainda precisei de 12 horas de sono para recuperar a energia, com isso também perdi a festa de premiação, marcada para às 10 da "madrugada" do domingo. Assim, teremos que aguardar o resultado oficial no site da sulbrasilis, afinal, como diz o lema da organização: "nenhuma prova é igual a outra". Até a próxima aventura!

Próximo evento: Circuito Sul Brasileiro de Corridas de Aventura
1a Etapa - 7 e 8 de Março de 2009 - Desafio de Verão - Rio Grande do Sul
2a Etapa - 7 e 8 de Agosto de 2009 - Extremaventura - Paraná
3a Etapa - 21 e 22 de Novembro de 2009 - Sul Brasilis - Santa Catarina

Andre Piva - Equipe X-Press
Por Andre Piva - Equipe X-Press
20 Jan 2009 - 09h25 | sul |
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