O atleta de corrida de aventura Carlos Guilherme Lage, o Cagui, da equipe Quimera de Belo Horizonte, participou de uma das provas mais belas do mountain bike mundial: “Tour Internacional de La Patagônia”, organizada por Jose Vacarezza (Desafio dos Vulcões) e Sebastian Tagle.
178 equipes da América do Sul (Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Venezuela) percorreram mais de 200 km de pedal em trilhas, estradas, muita montanha e uma natureza de dar fôlego para continuar em cima da magrela. Cagui e Renato Zebral foi a dupla brasileira melhor colocada, 35ª posição na categoria dupla masculina (76ª na classificação geral). Leia o depoimento que o Cagui deu para o Adventuremag.
"Partimos do Brasil no dia 18 de fevereiro. Enquanto o país se preparava para mais um carnaval, nós estávamos indo para a aventura que seria a mais emocionante da minha vida.
A princípio seria uma prova de MTB em terras portenhas, Argentina e Chile.
O cronograma era apertado: chegar a Buenos Aires, passar uma noite e pegar um vôo para Bariloche no dia seguinte (19/02), logo de manhã. O primeiro perrengue já começou em Buenos Aires. Tivemos dificuldade de transporte do albergue para o aeroporto por causa do volume de bagagens – mochilas, bikes, equipamentos – com o horário do vôo marcado para as 7h30. E lá no sul, neste horário, ainda está escuro, ainda é noite.
Bom, fomos para Bariloche e, de carro, seguimos para San Martín de Los Andes. Atravessamos o caminho dos Sete Lagos passando por Villa de Angustura. Já na estrada pudemos perceber o visual que iria nos acompanhar nessa aventura.
Em San Martín fomos direto para o check in da prova. E já percebemos o nível da organização. Impecável!!! A estrutura foi montada em uma escola, onde cada sala tinha um núcleo responsável por diferentes assuntos: checagem de equipamento, aluguel de container e barracas; alimentação, entre outros.
La Expectativa
No dia 20, às 8h30, foi dada a largada na margem do Lago Lacar, em San Martín. Em comboio e escoltados por batedores saímos para um desfile pelas ruas da cidade, a uma temperatura de 6ºC.
Nesse primeiro dia andamos basicamente em um estradão com cascalho, chamado de “El rúpios”, pelos Argentinos. A temperatura aumentou, chegou a 22ºC. Foram 68 km de pedal. Interessante perceber como os competidores tinham um excelente desempenho no plano, mas o mesmo não acontecia nas subidas e descidas.
Chegamos ao primeiro acampamento, Laguna Verde – ARG, com um tempo de prova de 3h52’50”. O acampamento era na beira do lago, com um visual mágico. Depois de um banho rápido – e põe rápido nisso - num lago de degelo no alto da cordilheira dos Andes, fomos para o almoço. Mais um ponto para a organização, o rango foi servido dentro do horário previsto e com alta qualidade.
Dá-lhe organização!!! Funcionários das alfândegas da Argentina e do Chile montaram um posto de atendimento no acampamento para adiantar os procedimentos de imigração. A temperatura caiu muito e rápido. Ainda bem que lá anoitece só depois de nove horas. De madrugada, o termômetro marcou 5ºC negativos.
Despertar !!!!!!!!!
Imaginem o cenário: ainda de noite, às seis da manhã, o termômetro marcando um exato e congelante 0ºC. Sem chance, se estávamos lá é porque escolhemos, então, bora levantar, recolher acampamento, escovar os dentes e lavar o rosto numa água gellaaaaddaaaaa, e toma um ‘fuerte’ café da manhã.
Era sexta-feira, dia 20 de fevereiro, muita gente já viajando para as praias, sítios e cachoeiras no Brasil para aproveitar a folia de carnaval. Eu e o Zebral já estávamos em cima da bike, delirando no trecho mais longo da prova, 100km com muita lama em mata fechada e às margens do lago Laguna Verde.
Subimos muito até a fronteira da Argentina com o Chile (Paso Internacional Carririñe) e de lá, pegamos um downhill de aproximadamente 10km, bem técnico, por causa do tamanho das pedras e das pontes. Era nítida a mudança de vegetação e clima de um país para outro.
Após a descida chegamos à alfândega. As equipes tinham 30 minutos para fazerem os trâmites e o controle do tempo para continuar a corrida. A equipe que saísse antes dessa meia hora era penalizada.
Seguimos em terras chilenas e passamos pelos vulcões Vila Rica e Chaitén, lagos e corredeiras deslumbrantes. A chegada foi em Puerto Fuy, De Laguna Verde até lá percorremos 85km saindo de 0ºC a 31ºC, em apenas 4h!
Depois, de balsa, cortamos o Lago Pireuheuico, em 1h30, até desembarcarmos e seguir mais 15 km até o 2º acampamento, em Quilanlahue, na Argentina novamente. Fizemos essa etapa em 5h10. Nesse acampamento conseguimos um banho mais agradável, a temperatura era de 17ºC.
Adelante !!!
A terceira etapa era mais curta, mas não menos dura. Era o caminho de volta a San Martin. 6km de estradão e entramos em um single track cruzando uma parte da Cordilheira dos Andes. Foram 10 km de subida constante, em mata fechada e muita, mas muita, lama. Simplesmente, PERFEITO! Do topo foram 9km de downhill também em single. Foi uma das trilhas mais bonitas que eu já fiz. Cruzamos a cordilheira e em uma fazenda pegamos um estradão até San Martin. Terminamos os 40km em 2h17.
Essa prova foi à realização de um sonho: conhecer a Patagônia fazendo o esporte que eu mais amo, o Mountain Bike.
Agradeço ao Renato Zebral pela companhia e por ter participado da realização desse sonho. Valeu demais, meu velho !!!!!!!!!!!!!!!!
Agradeço e parabenizo a organização da prova pelo excelente planejamento e execução, cumprimento de horários e, principalmente, pelo atendimento aos atletas.
Agradecimento especial aos apoios Eletrocell.com, Companhia Athletica BH e STB Rio.
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