Alexandre Manzan cruza a ilha de Santa Catarina em tempo recorde, enquanto os meros mortais, ficam felizes apenas por completar o desafio

Por Andre Piva - Equipe X-Press - 16 Mar 2009 - 21h57

A terceira edição do Multisports Brasil 2009, sempre realizado em Florianópolis (SC) foi espetacular. Tanto a atmosfera da prova, o clima, quanto os atletas mostraram suas qualidades. O sol brilhou desde o primeiro minuto do dia para iluminar a passagem dos mais de 100 competidores, entre amadores e profissionais, no "triathlon das montanhas" que cruza de sul a norte à Ilha de Santa Catarina.


* Andre Piva é jornalista e multi-esportista. O piloto de testes da Revista BikeAction (www.revistabikeaction.com.br) contou com o suporte dos capacetes GIRO e MídiaBike Comunicação.

Leia a cobertura completa do Multisports Brasil 2009 na próxima edição da Revista BikeAction

O evento que já se firmou como "ponta pé" da temporada para os triatletas e corredores de aventura contou com muitas novidades, a principal, foi o percurso novo de aproximadamente 100km, dividido por 29km de trekking (corrida), 47km de mountain bike e 23km de canoagem. O trecho de mountain bike foi inédito na prova, já que o ano passado o percurso foi totalmente no asfalto, e assim, a prova enriqueceu com subidas por estradas de terra até o Ribeirão da ilha e trilhas fechadas no Parque Florestal do Rio Vermelho. Já a corrida e a canoagem também ganharam novos traçados, deixando a prova mais difícil, porém visualmente mais agradável por conta das belas paisagens, como: da Lagoinha do Leste, a praia mais selvagem da ilha; dunas da Joaquina; Lagoa da Conceição; Reserva Ecológica de Carijos, entre tantos momentos remoráveis durante a corrida.

Esta é a segunda vez que participo do Multisports com missão dupla. Competir e reportar. Ano passado, fiz o desafio em dupla, mas desta vez, convoquei dois amigos extras para estreiárem na prova, e assim, auxiliarem no revezamento para eu dedicar-me à cobertura, já que o ritmo da prova é alucinamente. O mais veloz foi novamente um brasiliense. Com à ausência do bicampeão Guilherme Pahl, também do Cerrado, o caminho ficou aberto para Alexandre Manzan, de 34 anos, que mostrou-se imbatível. "A prova foi muito dura. Fiz uma tática suicída. Como tinha muito canoísta bom na prova, onde é minha maior deficiência (canoagem), larguei muito forte para abrir vantagem e administrar. Felizmente deu tudo certo e consegui vencer", disse Manzan que relaxava tranquilamente deitado na areia, após sua chegada com mais de 1 hora de vantagem sobre o segundo colocado, Mateus Ferraz, de São Paulo. O desportista ainda elogiou a cidade: "Florianópolis tem o astral perfeito para esse tipo de competição, com lugares variados: montanhas, lagoas, mar etc", afinal, esse é o segundo título de Manzan em menos de 3 meses. Ele fechou o ano como campeão da etapa regional do Nissan X-Terra, disputado em dezembro na Barra da Lagoa.

Para ter idéia na eficiência de Alexandre Manzan, enquanto ele cruzava o pórtico de chegada na praia de Jureré, após 7h17 de prova, muitos competidores passavam da metade da competição. Minha referência era com a equipe X-Press Floripa, formada pelo próprio repórtero, o fotógrafo George Kusterko, Fernando Bernardo e Marcelo Carlomagno Carlos. O quarteto completou em pouco mais de 11 horas, após o atraso lastimável no primeiro trecho do mountain bike quando o pedal da bicicleta quebrou. "Geo" teve muita garra para pedalar com uma perna só por praticamente todo percurso de 28km com 4.881 metros de subidas. Depois disso, o Marcelo literalmente correu contra o tempo nas dunas e não hesitou em "ultrapassar" um competidor mesmo no pedaço "alagado", em que obrigava os atletas mergulharem até o pescoço na água. Uma hora e nove minutos depois, Fernando entrou na lagoa para remar com força máxima até o terminal Lacrose, para me passar a vez, e, eu pedalar pelas trilhas de areia ao redor da praia de Moçambique. Na sequência, Geo encarou um trekking até as margens do rio Ratones, para então Marcelo encarar o pior trecho do dia devido a mudança da maré. "Remar contra a correnteza por 2 horas, foi uma das coisas mas cansativas que fiz na vida", disse o analista de sistemas, Marcelo Carlomagno.

Neste estágio, canoagem pelo Ratones até a praia da Daniela, enquanto os primeiros colocados desfrutavam de uma bela mesa de frutas e massagens relaxantes na chegada, o "pelotão intermediário" encaminhava-se para fechamento da prova. No entanto, houve um problema com o caminhão que carregava os caiaques da organização e os atletas tiveram que esperar por horas, já outros seguiram direto a próximo ponto, causando incertezas nos resultados e confusão. Dali pra frente, faltava pouco, era praticamente um contra-relógio de bicicleta, para completar uma uma corrida "desvia- banhista" na orla requisiada de Jureré Internacional.

"Causos" e contra-tempos, talvez ninguém tenha sofrido igual o da nossa equipe com pedal quebrado, entretanto, não faltaram histórias dramáticas, acontecimentos cômicos, casos de superação desistências, registros de choros, sorrisos, enfim, momentos brilhantes que servem de lição para os princípios da vida. O Multisports foi um desafio para todos. Diga-se que é uma competição saudável, porém que na pressão e/ou exaustão, afrontou todos os sentimentos humanos, que somente com o melhor preparo físico e psicológico foi possível alcançar o lugar mais alto do pódio, senão, driblá-lo e apenas curtir a prova, desafiando os próprios limites, afinal, cabe aquele velho dilema: "o que vale é participar"...

Andre Piva - Equipe X-Press
Por Andre Piva - Equipe X-Press
16 Mar 2009 - 21h57 | sul |
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