Uma aventura no cerrado!

Por Redação - 18 Nov 2009 - 10h55
Tudo começou assim: 2006, eu acabava de voltar da maratona de canoagem no Rio Araguaia, prova clássica de canoagem, esporte novo pra mim. Fiquei encantado. Decidi comprar um remo de carbono... Remo em casa, como deixá-lo pronto para uso? Meus amigos me deram o telefone do Michel e me disseram que ele faria isso para mim. Fui a casa dele e ele colou a peça que ajusta a angulação das pás. Convidei-o para treinar, mas ele estava focado nos estudos e nunca mais o reencontrei... Foi assim que nos conhecemos. Ano de 2009. Evento multisport promovido pela Oskalunga...sábado, sabe como é, todos os atletas outdoor da cidade deveriam aparecer por lá. O time de canoa havaiana recém formado da cidade (o qual faço parte) não perdeu tempo. “vamos até lá mostrar a canoa aos atletas local, apresentar nosso time, divulgar o esporte e fazer um treino longo”. Logo que chegamos ao local do evento me encontrei com o Flavinho, que me disse que havia desanimado de fazer o Raid Cerrado e que seu parceiro havia desanimado também. Eles não haviam treinado e faltava apenas uma semana pra largada. E continou: “Se quiser, você já tem a inscrição. É só achar um parceiro”. Eu pensei: “Inscrição feita, um atleta disposto, 75% resolvido!” E ele me sugeriu: “Porque você não faz a prova com o Michel?”. “Michel, que Michel?”, perguntei a ele. Logo surgiu o Michel. Ele estava correndo a prova multisport da Oskalunga. Fiquei Observando sua corrida até a chegada da prova e pensei: “Essa parceria pode ser show!”. O mundo realmente dá voltas... Cumprimentei-o, conversamos por cinco minutos sobre a idéia de correr o Raid Cerrado e combinamos de fazer um treino juntos na quarta-feira. Na quarta-feira, fizemos um treino de ciclismo e corrida, sendo que o treino de ciclismo na realidade foi mais um transporte pela cidade para resolvermos as pendengas que toda prova de aventura exige do que um treino propriamente dito... pedala pra lá, pedala pra cá, uniforme aqui, comida ali, corridinha depois do pedal pra soltar as pernas... “Beleza, tudo certo, estamos treinados para a prova e nos encontramos no briefing, pode ser?” “Beleza, tudo certo, vamos nessa....!”, disse Michel. Assim, partimos para a prova. Após o briefing, fizemos uma rápida checagem de equipamentos e montamos uma estratégia rápida. Foi isso. “Michel, espero você amanhã às 6h30 lá em casa. Não chegue atrasado, hein?!”, disse. Eu despertei às 6h40, rsrsrs! Liguei pro Michel (ele parecia estar dormindo), mas às 7h20 nos encontramos. Colocamos o transbike de cabeça pra baixo (era emprestado)... Tira bike, mexe no transbike, regula. Mais 20 minutos... Saímos às pressas para o local da largada, acelerando mesmo!! Superada esta etapa, chegamos a 5 minutos de ser dada a largada. Ufa!! Partimos correndo, fizemos a ação social e seguimos para o PC. Fizemos uma rápida transição, pegamos as bicicletas e nos mandamos... Após um pequeno trecho de singletrack, nos perdemos um pouco, mas conseguimos solucionar rapidamente sem ter que sair de cima da bike. Quando chegamos à estrada de terra não havia marcas de pneus e eu logo disse: “Bom, ou estamos muito perdidos ou estamos liderando!”. Pedalamos por mais uns 40 minutos até alcançarmos um PC e termos a certeza de que estávamos na liderança. Foi uma grande surpresa para nós. Ficamos muito animados, mas resolvemos ir com calma e nos poupar, pois sabíamos que a modalidade que mais estávamos preparados fisicamente era a corrida e que logo mais nós teríamos de enfrentar um trecho de 40km de trekking. Neste PC, havia a possibilidade de seguir por 2 caminhos distintos. Um deles, aproximadamente 20km mais longo, porém de navegação mais fácil. Optamos pelo trecho de mais fácil navegação. Após 63km e 3h30 de pedal chegamos à área de transição e, para nossa surpresa e alegria, continuávamos em primeiro. Tentamos fazer uma transição rápida e em 2 minutos que estávamos lá, os primeiros atletas da categoria solo surgiram e nos ultrapassaram. O Michel então se levantou e disse: “Vamos nessa! Vamos comer enquanto caminhamos rápido e depois vamos correr e disputar com o Enrico e Luciano”. Assim fizemos. Aproximamos-nos dos dois, mas preferimos não ultrapassá-los até o momento em que havia a opção de um corta caminho. Os dois pararam, observaram o mapa e resolveram não fazer pegar o atalho por entre o mato. Decidimos pegar o atalho e ultrapassá-los neste momento. Forçamos um pouco mais na corrida, rasgamos um cerradinho tranquilo até batermos na estrada. Beleza, nossa estratégia deu certo. Estamos em primeiro novamente! Sentíamo-nos muito felizes e nos esforçávamos para segurar a corrida. Ambos já demonstravam sinais de cansaço. A partir daí foi administrar o ritmo e não dar bobeira na navegação, que não estava complicada, mas que foi dificultada pela escala do mapa, 1:100.000. Fizemos um bom trekking, a maior parte do tempo por estradas vicinais de propriedades rurais até chegarmos ao último PC antes do PC do rapel, ou seja, momento decisivo já que só haviam duas linhas de rapel. Neste momento, optamos por pegar um atalho que nos parecia uma boa opção, mas que foi uma roubada enorme! “Rasgação” de mato mesmo, grotas, pedras escorregadias, etc, etc... Perdemos mais de uma hora nesta brincadeira... Quando chegamos ao rio, decidimos cruzá-lo e buscar as trilhas que existiam na outra margem. Subimos a encosta com o objetivo de nos localizarmos no mapa e então demos de cara com o Luciano e o Enrico. Eles nos ajudaram a nos localizarmos e logo aceleraram encosta abaixo. “Michel, vamos nessa! Se quisermos ganhar esta prova temos de colar nos caras!!”, disse. Descemos rapidamente e fomos caminhando junto a eles. Chegamos todos juntos ao PC. Eu preferi fazer o rapel enquanto o Michel descansava e reabastecia. Essa parte foi a que mais gostei. Um rapel contínuo de 160m com cara de alta montanha! Eu e o Luciano descemos juntos. Havia muito vento e os pingos de água nos arrebatavam com força. Não conseguíamos ver nada. Pra “melhorar”, o vento havia jogado a corda contra o paredão, prendendo-a por entre os bicos de pedra. Tivemos de parar algumas vezes para desenroscar a corda da parede. Foi bem adrenante!! Terminamos o rapel. Eu estava com muito frio e logo começamos a caminhada ao PC novamente. Quando chegamos lá, entreguei o equipamento rapidamente ao fiscal e partimos rapidamente rumo à chegada. Durante a caminhada, podíamos visualizar a lanterna do Luciano e forçamos o ritmo para garantir a liderança. Afinal, havíamos feito muita força e apesar de não termos um laço forte de amizade, este laço foi criado ao longo da semana, e em nossas empreitadas para termos o uniforme feito a tempo e em nosso treino de quarta-feira. E, durante a prova, o espírito “sempre em frente” da aventura nos contagiou! Nos divertimos bastante, mesmo com todo o esforço! Gostaríamos de agradecer ao restaurante natural Green’s que nos concedeu a inscrição e forneceu suplementos para a prova, e à Keep Healthy, por nos fornecer o uniforme de excelente qualidade e a ambos por acreditarem em nosso potencial! Com a vitória, ganhamos a inscrição do Brasilwild e não vemos a hora de encarar este novo desafio! Gostaríamos de agradecer também à organização do Raid Cerrado que se empenhou em realizar uma prova pelo planalto central, local de beleza ímpar, excelente para a prática de esportes outdoor! Que venha o Brasilwild 2010! Boa aventura a todos e até lá! Rafael Serejo e Michel Mattar
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18 Nov 2009 - 10h55 | sudeste |
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