Por: Ataualpa R Catalan
Participar da Chauás Peruíbe 2009, ou melhor, dizendo: Chauás Guaraú dos Pântanos Engolidores 2009, como última prova do ano foi especial. Ou assim como nosso capitão Marcelo Catalan nos falou baixinho ao telefone durante uma cerimônia de casamento – pois ele não pôde participar devido a isso - quando liguei para ele depois de nossa chegada, foi: fechar o ano com Chave de Ouro!
Não posso dizer que foi uma prova dificílima, mas foi uma prova única por sua beleza e aspecto. Meu parceiro, o Carlos Eduardo Leiva, depois de vencida a trilha que nos levara ao PC16 (virtual), de volta à estrada ‘pra casa’ e após meu abraço de comemoração por ter vencido o penúltimo e mais difícil PC disse: “Cara, se essa fosse minha primeira prova de aventura eu estaria assustado.” A quantidade infindável de – a única maneira de descrever – PÂNTANOS ENGOLIDORES – foi o que marcou esta prova. Além da beleza indiscutível de todos os caminhos escolhidos a dedo pelo Lucas e Fran.
Graças a uma folga no trabalho, cheguei muito cedo na sexta (13hs) com tempo sobrando para almoçar, um cochilo e sair de bike para girar um pouquinho na região do Guaraú – bairro sul de Peruíbe que, diga-se de passagem, é lindo. E para quem faz propaganda que a organização Chauás não é profissional: às 16hs da sexta feira, passei de bike na frente da Toca do Lula – Chauás Headquarters para essa prova – e lá estava o Lucas e todo o staff Chauás prontinhos! Esperando todos os atletas 2hs antes do combinado! Assim, como também após a cerimônia de premiação no sábado, feita pelo Lucas (e isso já era mais de 23hs), perguntei pelo Fran que não estava por ali, onde o Lucas me disse (claro, com um copinho de cerveja não mão provido pela nossa mesa): “Estou certo que ele foi definitivamente abduzido por extraterrestres dessa vez ...” Na verdade, ele ainda estava no PC17, esperando pelos últimos atletas.
Organização Chauás 100%, Prova Chauás 1000%!!!
Largada tranqüila de bike, saímos num ritmo muito tranqüilo atravessando toda a praia do Guaraú, meu parceiro ainda esquentando enquanto eu pilhado já queria soltar a cavalaria. Já após o PC1, atravessar a ‘afluente’ do Guaraú com a água no peito e a bike levantada sobre a cabeça. De volta ao PC2, mesmo local da largada, deixamos as bikes e saímos na corrida. Dessa vez, meu parceiro já puxando o ponto mais forte e eu tentando acompanhar, saindo do bairro do Guaraú e entrando na trilha do imperador – a oeste do bairro – começou a saga “Lamada de Mangues e Pântanos Engolidores”. Primeiro, a trilha molhada que era uma reta só, depois uma guinada a direita entrando no mangue, que apesar de não existir trilha, a diferença de vegetação e as pisadas do bandão da elite facilitavam a navegação, apesar do azimute também estar correto.
Entrada e saída (como navegador isso me preocupou um pouco - quando sair? - mas foi ok!) perfeita do mangue, entramos na trilha que levaria ao PC4, foi quando pensei: o pior já passou (o mangue). Ledo engano, pois foi aí quando começaram os Pântanos Engolidores. Um atrás do outro. Eram trilhas cercadas de rios, mangues, alagadiços... que uma vez dentro o nível vinha no peito daquela lama densa e molhada. Mas nossa navegação foi precisa. Chegamos ao PC4 onde percebi que algumas equipes estavam seguindo reto numa trilha – mata fechada - creio que um engano fácil de cometer – discuti com meu parceiro, e ali, tomamos uma outra trilha a direita... De volta a Guaraú e o PC5. Apesar da dificuldade, pensei que agente se estreparia mais ali. Bike até a Prainha e PC6, no asfalto, o morro ali de Peruíbe-Guaraú não muito extenso – poucos kms, mas alá Mont Ventoux do Tour de France.
Da Prainha, seguimos de trekking ou “costeira” até o PC7, e apesar da dificuldade básica da travessia destas pedras gigantescas e medianas que contornam nossos mares, o que realmente me incomodava era o clima abafado. Eu não conseguia respirar, com o colete e equipamento, ficando sufocado, devido à umidade e o calor. Tão certo que, no meio do caminho, em uma afluente de água cristalina, estavam várias equipes paradas, se refrescando.
PC 7 na praia ok! Morro acima numa curta trilha, até a estrada e seguido do PC8. Do PC8 até o 8A, morro abaixo, novamente numa trilha até Peruíbe, quando a elite já estava subindo de volta, e existia a duvida de voltar ali pela mesma trilha ou pela estrada – que era permitido. Perguntando a todos que passavam, recebemos respostas dos mais benevolentes, ouvi de uma voz curta e grossa que me soava muito experiente dizendo: volte por aqui! Eu disse pro parceiro, eu sabia! Bate e volta por esta trilha no 8A, na estrada novamente até a Prainha PC6/9 para pegar as bikes. Dali subia de volta para a estrada ‘Mont Ventoux’ e então o inverso: downhill pela estrada alucinante – e perigosa - até o Guaraú. Decidimos fazer um desvio na rota de mais ou menos 1km para passar pela caixa novamente e reabastecer. Foi importante, mas perdemos um pouquinho de tempo... Concluímos que poderíamos ter nos organizado melhor – em relação à água e comida e não ter passado lá, mas isso foi mínimo. Olhando o desenvolvimento das equipes posteriormente, percebi que esse tempo perdido mais um errinho do PC16 nos custaram 2 posições das duplas masculinas mais 1 de uma dupla da mista.
Do Guaraú até o PC10 de bike na estrada Ok! Dali o trekking/canyoning até a cachoeira rio acima foi maravilhoso, mas também onde num segundo de descuido, um escorregão e me esborrachei numa pedra ao lado de um laguinho de água cristalina, onde então, uma garrafa de água que estava no meu bolso de lycra caiu e a forte correnteza do rio a levou tão rapidamente que não pude alcançá-la. Pensei no meu parceiro, que vinha logo atrás para poder resgatá-la, mas ele estava num caminho do outro lado do rio e era impossível para ele ver a garrafa. Isso partiu meu coração, pensar que deixei uma garrafa de água ali naquele rio maravilhoso – eu deveria ter abandonado qualquer ganância competidora e ter ido atrás da maldita. Espero e agradeço que alguém tenha visto e recolhido aquele lixo! Eu faria o mesmo. Não sei se ajuda, mas minhas sinceras desculpas à Natureza.
PC11 na cachoeira, uma trilhinha curta de volta a estrada e PC12, 13/10. De volta a bike, uma estrada só, reta, plana, rumo ao PC14 para o início do remo. Começo de remo confuso, meu parceiro e eu nos adaptando a canoa canadense, o rio estreito e tortuoso com muitos galhos e troncos atravessados. Mas rapidamente pegamos o ritmo e ultrapassamos um solo mais uma dupla masculina, e na chegada da marina do Guaraú – PC15 avistamos outra dupla que, pouco depois até o trekking pelo PC16 e 17, nós ultrapassamos. O remo foi fantástico! Visual incrível no começo do rio cristalino, depois passando vários kms pelo manguezal – meu parceiro se comunicava com os vários caranguejos de diversas cores e me atentava para a beleza do local! Desembocamos na Marina...
Trekking até o PC17 passando pelo virtual PC16. Eu estava preocupado, o Fran nos atentara a dificuldade para este PC virtual, tanto que alguns competidores tinham optado por fazer este PC anteriormente, evitando chegar ali à noite... Mas ainda era dia, e seguindo uma dica de uma mulher no PC15, fomos seguindo... Navegamos atentos, perguntando a moradores locais, avistando a tal dupla na frente ao qual exerciam uma força imã muito grande em mim, não obstante eu achando que eles, e conseqüentemente nós, estaríamos errados. Batata 2X. Batata nós estávamos errados e batata liofilizada (da nossa parceira LIOFOODS) na veia, que nos deu um gás a mais. Um purê de batata maravilhoso liofilizado que cai no sangue e liga um turbo na gente... Na verdade, estávamos meio errado. Eu sabia que acabaríamos na estrada. Então, passamos pela entrada da trilha sem vê-la, então nosso plano a partir dali era entrar nela ao contrário – pela saída – buscar o PC virtual e voltar pela estrada. Fui navegando com cuidado, discutia com meu parceiro que também ficou atento. Alcançamos a tal dupla quando finalmente percebi que estavam completamente perdidos. Eles caminhavam enquanto nós começávamos a trotar... Cruzamos com várias equipes retornando, pedimos socorro, mas as informações pareciam não bater. O fato é que ao relembrar e passar no PC10/13, isso nos situou no mapa. Seguimos atentos pensando que a trilha deveria estar ali, até que vi uma dupla saindo da mata. Isso nos salvou! (Mas estávamos ali, atentos!). Foram 500m para dentro e volta 500m para fora, em um caminho alagadíssississimo de Pântanos Engolidores da P....! Isso tudo para ver a tal camiseta laranja escrito: AMAP. Sei que quando chegamos no PC17 o Fran estava lá e perguntou: o que é o PC16 virtual? Quando olhei para ele, marrom dos pés a cabeça das lamas engolidoras e retruquei: Amapaput... Ele já me cortou e disse: bom, vocês passaram lá OK!
Bike de volta para casa até o PC18. 6,5km tranqüilos, planos, até a chegada no pórtico, recebidos com aplausos por todos. O Chiquito lá nos brindou com seu carinho e uma foto, o Jeff, e todos do staff Chauás. Chegamos as 18:41hs. Na pousada 20 minutosmais tarde, mas ainda de dia, quando fomos recebidos pelo Ozi – 3M, gritando: CHEGAMOS AINDA DE DIA!!! UHHUUU!!!!!
Chegar de dia numa prova Pró da Chauás é privilégio raro!
Meu parceiro “Show de Bola”, repetindo várias vezes que ia me dar um caklerhjgswerh... Não sei o que é isso, mas acho que significa um abraço... Contando piada, feliz da vida e com a calma que só ele tem! VALEU BRO! VC É CARA! (vc sabia que c...o do cara né?)
À noite: Festa Chauasêra regada de muito peixe, pizza e cervejaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Parabéns por mais esta aventura conquistada!
Obrigado ao Leiva, parceiro e amigo do coração! Ao Marcelo Catalan – meu irmão e capitão da equipe XINGU LIOFOODS – literal e emocionalmente, por todo apoio e incentivo! E a Liofoods, parceira imprescindível de uma corrida de aventura, sem esse gostinho e energia tenho certeza que os músculos e o coração não agüentariam tamanha empreitada!
VALEU!
Ataualpa R Catalan
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