A intenção deste texto vai além do relato de alguém que participou do Ecomotion Pró, na Serra do Espinhaço em Minas Gerais. As palavras a seguir contêm, de fato, uma descrição do que é trabalhar em equipe em uma corrida de aventura; as dificuldades e alegrias de se formar e de estar em uma equipe e, por fim, uma descrição de como os integrantes, o Marcelo, Oreste, Marciel (para quem estranhar, estou falando do “Catarina”), Marcela, Rodrigo e Luciane, se uniram para começar uma prova expedicionária de aventura. A princípio, eram simplesmente um “bando de amigos”, com vontade de participar, mas acabaram depois de muitas subidas, descidas, pedras, sono e suor, por formar um time, uma Equipe de Corrida de Aventura de verdade, a Equipe Xingu-Liofoods-Arco e Flecha.
Antes de começar, gostaria de fazer um desabafo em primeira pessoa:
“Somente o fato de eu estar escrevendo sobre a participação da Equipe Xingu-Liofoods-Arco e Flecha no Ecomotion é como uma vitória. A novela que precedeu a corrida, nas inúmeras tentativas de montar esta equipe é longa e chata, por isso não vou detalhar os fatos, mas vou ressaltar que montar um quarteto é difícil, quase impossível, não fosse a persistência e talvez um pouco de sorte. No final das contas, é muito mais provável e decepcionante desistir de formar a equipe e abandonar a participação na prova, do que qualquer outro problema, após a largada. O fato de termos um número tão pequeno de desistências na prova deste ano, é talvez, resultado direto do sofrimento que atletas passam para “juntar” seus quartetos. Uma vez que passaram dessa fase, fizeram o possível e impossível para manter a equipe unida durante toda a prova. Eu pessoalmente estive em quatro equipes diferentes antes de fechar com a quinta. Que novela sem graça! Como muito se fala, se quartetos são a essência das Corridas de Aventura, por que então é tão difícil nesta formação? Entendo plenamente as principais “desculpas” como, falta de dinheiro, desentendimentos pessoais e objetivos conflitantes mas, mesmo assim, quero poder sonhar que isto não é tudo e que existe alguma solução mais simples para se formar um quarteto de Corrida de Aventura. Em resumo, só quero deixar claro uma coisa: Não desistam. Correr em quarteto é bom demais!
Bem, vamos a corrida.
Diamantina, 21 de novembro
A novela chata de formar uma equipe teve, no entanto, um resultado interessante e positivo. O que pôde ser percebido foi um aumento considerável na qualidade das equipes presentes. Talvez a tal “crise financeira” tenha feito com que as equipes se preparassem melhor, sendo mais criteriosas na escolha de seus atletas, evitando surpresas durante a prova. A impressão era de que as equipes foram formadas contemplando aqueles atletas que realmente se dedicam ao esporte. Não havia espaço para tentativas ou “primeira vez”. Todos queriam “ir forte” e não desistir em hipótese alguma. Resultado disso tudo foi que, apesar da pequena presença de equipes estrangeiras, o que se viu foi um Ecomotion muito competitivo. Equipes fortes e focadas, tudo refletido nos pensamentos dos atletas, que dias antes da largada, se viram rodeados por seus “rivais”. Todos estavam uma pilha de nervos. Bonito de se ver.
Nossa equipe estava nesse bolo. Apesar de ser ¾ novata no Ecomotion, era uma equipe que prometia em termos de dedicação e força pessoal. Quatro atletas muito dedicados ao esporte, ambiciosos e que sempre olham para frente. Aliás, olhar para frente foi a nossa principal qualidade, a que se sobrepôs a todos os outros problemas que tivemos com a falta de entrosamento, típico de atletas que jamais haviam corrido juntos antes. No fim das contas, depois de muito bater a cabeça, conseguimos unir nossas vontades pessoais, deixar de lado as frustrações e fazer uma boa prova.
Estátua do Juquinha, em algum lugar da Serra do Cipó, 22 de novembro
O bom das Corridas de Aventura é que toda a tensão pré-prova como formação de equipe, equipamentos, busca de apoio e equipe de apoio, patrocínios, carro, passagens, pousadas, alimentação e organização, desaparece no instante em que é soada a buzina da largada. Ao som dos 5, 4, 3, 2, 1, todos disparam em direção ao desconhecido. Na mente resta nada, além de curvas de nível, acidentes geográficos, rios, serras, vales, PCs (posto de controle) e mais PCs. As estratégias do pré-prova, na maioria das vezes, se vão junto com as águas do primeiro rio que se cruza, restando somente a vontade e tesão de estar ali no meio da natureza com o objetivo de rasgar tudo pela frente, não importando o “perrengue”, para cruzar logo o pórtico de chegada!
Largamos para nosso primeiro Ecomotion Pró em um ritmo alucinante. Corremos, por entre os cânions da Serra do Cipó, quase uma maratona até a primeira transição. Corrida forte em terreno com muito desnível, piso de pedras pontudas e um sol de rachar para complementar a loucura inicial. Chegamos no primeiro AT (área de transição) ao pôr do sol. Ali, fizemos nossa primeira “transição descontrolada”. Assim como o próprio Ecomotion, era a primeira vez que ¾ da equipe fazia uma transição com equipe de apoio. Não sabíamos como nos preparar para tal e aquela primeira transição foi uma correria e gritaria sem fim. Eu pessoalmente estava perdido. Não sabia se comia, trocava de roupa, arrumava isso ou aquilo, pegava água ou suplementos. Os apoios queridos - Rodrigo e Luciane - tentavam ajudar, mas nada dava certo. Só sei que de repente, eu estava pedalando, sem controle e sem direção. Demorou alguns minutos até eu me achar e recuperar a consciência da prova. Depois do primeiro pedal “a lá tapa na cara”, acordamos e chegamos ao começo do momento, na minha avaliação, mais penoso de toda a prova. Explico: para nossa recém-formada equipe, que ainda estava sem ritmo de prova, entrar em uma etapa de canoagem de 60km noite adentro, foi um inferno. De todas as modalidades da corrida de aventura, sem dúvida é na canoagem onde a falta de ritmo mais impacta o andamento de uma equipe. E isso ficou mais do que evidente com nossa equipe, que batia cabeça, remos, ducks e tudo que passasse pela nossa frente. Nosso duck estava furado, e nos fez perder algum tempo nesta etapa, mas é desculpa pequena perto da nossa falta de entrosamento. O bom dessa história é lembrar que na segunda vez que sentamos em um duck durante a prova, parecíamos uma equipe com 10 anos de experiência. Mas naquele momento, a gente não podia imaginar o que estava por vir. Ali, ao término deste trecho, estávamos completamente frustrados com a nossa performance, tornando nossa segunda transição ainda pior do que a primeira.
Rio Cipó, 23 de novembro
De uma maneira ruim, frustrados e ainda sem a noção necessária da prova e do espírito de equipe, saímos do AT2 rumo ao longo trekking de 62k que cruzaria as Serras do Cipó e Espinhaço. Transições ruins e primeiro trecho de canoagem, desastroso, se somaram à disritmia da equipe, culminando em um erro de navegação que acabou por derrubar consideravelmente nossa colocação na prova. Olhamos para a trilha certa, falamos sobre ela, brincamos sobre os “jegues” subindo por ali, mas a ignoramos completamente. Nosso entendimento do ritmo de equipe era outro, ou melhor, ainda não entendíamos o ritmo da equipe. Assim sendo, enquanto andávamos a 6 km/h, nossa percepção era de 4 km/h. Ou seja, acabamos por ir muito além da entrada que deveríamos ter tomado, e que já havíamos reconhecido. Rasgamos um matinho até “cair à ficha”. Voltamos atrás e a partir daí, não erramos mais na prova. No entanto já estávamos bem abatidos. Naquele instante, cada um tinha um problema: gripe, resfriado, torção, fome, indigestão, calor, frustrações, etc. Tudo de ruim aflorou neste segundo dia de prova. Mas fomos levando a situação como estava indo. A beleza dos caminhos pelos terrenos de altitude das serras que cruzávamos ajudava a amenizar os problemas. Neste passo, chegamos ao primeiro ponto de sono obrigatório. Dois dias haviam se passado e a equipe persistia, doída, frustrada, mas por algum motivo, sempre para frente.
Em algum lugar da Serra do Espinhaço, 24 de novembro
Depois de 3 horas gélidas de descanso, acordamos, literalmente. Na verdade, acordamos para a prova! Aos poucos, começamos a ajudar um ao outro e a nos entender melhor. Como num passe de mágica, as coisas começaram a se encaixar. “Soninho salvador foi esse” era o nosso pensamento. Passo firme para frente, transição amigável, algumas horas de caminhada e uma descida íngreme por um caminho de pedras, daí veio o primeiro longo trecho de mountain bike. Um pouco sofrido no começo, muitos “empurra bike”, pirambas sem fim, mas a equipe engatou e acabamos por sermos recompensados com um refrigerante gelado e pão de queijo, que achamos em alguma vila de Minas. Terminamos bem este pedal, pelo menos felizes, recompostos e prontos para o mais belo trecho de trekking da prova.
O caminho para o Cânion do Funil foi espetacular. A equipe, agora mais unida, percorreu rapidamente o emaranhado de trilhas que levavam ao cânion, de beleza ímpar. Apesar de chegarmos ao cânion já no pôr do sol, a pouca luz que restava foi suficiente para nos mostrar um dos lugares mais divinos da nossa jornada. Deslumbrados e sem palavras, escalamos as pedras em direção a mais uma pequena vila Mineira.
Depois de mais um AT, mas agora sem perder tempo e focados, voltamos às bicicletas no meio da noite e encaramos mais um longo pedal onde eu ressaltaria a passagem pela cidade de Serro. Aquelas ruas de pedras às 7 da manhã pareciam uma coisa de outro mundo. Sono, cansaço, sol da manhã e a peculiaridade arquitetônica daquele lugar eram ingredientes para uma mistura sem igual, alucinante. Mas, infelizmente, a corrida de aventura não te dá muito tempo para divagar e aproveitar a beleza peculiar dos lugares. Em corridas de aventura, a beleza e intensidade dos lugares pelo qual você passa são sentidas de uma maneira muito peculiar por cada um. Ressaltados pelo cansaço, nossos sentidos ficam mais aguçados e tudo é absorvido sem razão ou intenção. Vai tudo direto, sem coar, para algum lugar dentro de nós. E por mais que tentemos resgatar tudo através da palavra, escrita ou falada, a melhor parte fica sempre na memória. De volta a prova, prosseguimos por um dos poucos trechos da Estrada Real onde árvores amenizavam o já intenso calor da manhã. Um pedal tranqüilo até o PC14, onde fomos recepcionados como heróis pelas lindas crianças da cidade de Santo Antonio do Itambé. Tive que dar um milhão de autógrafos. Não entendia aquilo que estava acontecendo, foi muito emocionante. Saímos dali atordoados pela bondade e carinho das pessoas deste mundo. Um momento único para todos.
Santo Antonio do Itambé, 25 de novembro
A subida ao Pico do Itambé nos colocou de volta a realidade. De aproximadamente 700 metros de altitude, encaramos o desnível de 1300 metros até o pico. O sol queimava forte, mas persistimos nas passadas largas, pois o que mais nos assustava era a descida que iríamos encarar após a chegada ao pico. No briefing técnico, a organização da prova foi categórica quanto à dificuldade desta descida, que se daria por entre pedras escorregadias e penhascos. Por isso, queríamos fazer a descida da montanha antes do anoitecer, evitando assim maiores problemas. Conseguimos! Chegamos no topo do Itambé às 16 horas. Parada rápida para um chá delicioso, que um senhor para lá de gente fina e que cuidava do PC nos proporcionou, mas em menos de 15minutos, lá estávamos nós, desescalando as rochas, rumo a mais um longo trekking por terras mineiras. A descida em si ocorreu tranqüilamente, apesar dos avisos e orientações.
O trekking que seguiu a descida foi doloroso do ponto de vista do sono. Se não fosse a companhia de outra equipe, que com um bom bate-papo nos manteve acordados, sem dúvida acabaríamos por cair em algum canto do mato e cochilaríamos um bocado. O sono era forte, mas persistimos em pé, chegando depois de 8 longas horas. Mais um AT. Agora para transicionar do trekking para a bicicleta. Desta vez, nossa querida equipe de apoio havia nos preparado uma surpresa. Camas para dormir! Em uma pousadinha para lá de aconchegante, fomos presenteados com um cochilo de 1 hora em uma cama limpa e macia. Tudo bem que na minha percepção essa hora durou não mais que um segundo, pois no momento em que sentei na cama, no instante seguinte já ouvia alguém gritando: “vamos, vamos, temos quer ir; vai, levanta, come alguma coisa e suma daqui”. Enfim, a gente não podia parar, certo? Mas valeu a intenção e o carinho dos nossos apoios. Preciso voltar àquela pousada um dia, e lá, vou dormir umas 20 horas sem interrupções.
São Gonçalo do Rio das Pedras, 26 de novembro
Levantamos de bom humor. Sorridentes, às 3 da manhã, encaramos o pedal que nos levaria a Subida da Lingüiça e a Serra da Matriculada. Na longa subida da Lingüiça, travamos nosso duelo particular com uma equipe internacional. Foi demais, pois enquanto eles empurravam suas super bikes, nós os passamos. A gente estava pedalando lentamente (era uma piramba mesmo), mas constante, de bom humor e para frente. Acho que isso os enlouqueceu um pouco, pois dali a pouco, eles vieram babando. Mas até aí, já tínhamos feito o estrago e continuamos nos divertindo, travando um pequeno duelo ciclístico naquela “lingüiça” de subida. Uma equipe passando a outra por algumas horas. Foi divertido poder “competir” um pouco em plena manhã de prova.
No começo da Serra da Matriculada, outro momento engraçado nos distraiu. Após o PC17, uma bifurcação que não constava no mapa me intrigou. A minha esquerda, a uns 200 metros de distância, uma pedreira, me chamou atenção. Na pedreira, dois enormes blocos de mármore pairavam ao lado de um homem de cabelo moreno, vestido de calça bege e camisa vinho que, ao meu ver, trabalhava por ali. Como eu tinha dúvida sobre a direção a seguir, pedi ao Catarina que fosse na frente para perguntar ao homem se estávamos na direção certa enquanto eu esperava pelo Oreste e a Marcela, que vinham logo atrás. De longe, depois de conversar com o homem da pedreira, o Catarina acenou dizendo que o caminho era aquele. Logo avisei ao Oreste e Marcela que prosseguissem naquela direção, enquanto eu arrumava algo em minha mochila. Prossegui instantes depois para encontrar os três retornando e me xingando: “Porra, o caminho não é esse, e esta estrada acaba ali”. Achei aquilo estranho e xinguei de volta: “Meu, mas o Catarina falou com o cara, e ele disse que era por aqui”. Chega então o Catarina que me diz: “De que cara você está falando? Não tem ninguém aqui!” Alguém falou em alucinação em corrida de aventura? Realmente, como diz o Ian Adamson, corridas de aventura são prejudiciais aos neurônios. Não tentem fazer isso em casa!
Consciência recuperada, e dá-le Serra da Matriculada. Pedal de verdade. Mountain bike com M e B maiúsculo. Aos ciclistas perdidos lendo esta história, é lá “o pedal”. Show de bola! Se joguem.
Extração, ainda 26 de novembro
Depois do maior “downhill” seguido da maior subida da história (carregando a bike, é claro!), chegamos à bela Gruta do Salitre, onde rapelamos 70 metros para, depois, nos enfiar em uma caverna, sair e gastar às 4 horas de sono obrigatórias que nos restavam. Descansamos debaixo da sombra de uma jabuticabeira, felizes e com a barriga cheia de um delicioso fricassê de frango com purê de batata, cortesia da nossa querida Liofoods. Antes do descanso, fizemos as contas que indicaram que bater o horário do dark-zone antes do remo seria impossível. Então, sem stress, relaxamos como reis, em um lugar paradisíaco.
Acordamos descansados como nunca nesta prova. Serenos, corremos para o AT e pegamos nossas bikes para encarar um pedal tranqüilo, apesar dos trechos nervosos de downhill e subida, até a área de dark-zone na beirada do Rio Jequitinhonha, local do último trecho de remo da prova. Chegamos cedo no dark-zone. Devia ser umas 7 da noite, o que era muito bom porque tivemos tempo para um momento de descontração e relaxamento no meio da prova. Juntos a outras equipes, dividimos uma bela janta, com salada de frios, macarrão e muita comida liofilizada. Uma delícia de comida e de companhia. Perfeito descanso antes da difícil e técnica etapa de remo (devido às corredeiras) que estava por vir.
Rio Jequitinhonha, próximo a Mendanha, 27 de novembro
Mas como moleza em corrida de aventura dura pouco, as 5 e pouco da manhã (horário da re-largada), fui acordado por um bando de corredores de aventura em pânico. Havíamos perdido a hora, e já se passavam 10 minutos do horário de entrada no rio. Em questão de segundos eu sai do sleeping bag (tão quentinho...), fui ao banheiro, corri 100 metros contra o Usain Bolt e lá estava eu dentro do rio (frio), remando e dormindo. “Putz, não comi nada! E agora? Tudo bem, como algo no caminho”, pensei inocentemente. E quem disse que deu tempo? Nunca remei tão forte na vida. Foram 3 horas e 50 minutos ininterruptos de remo. Minto, paramos uma vez para eu tomar 2 goles da caramanhola e só! Cheguei no AT vesgo de fome e sede. Mas foi bom! O Rio Jequitinhonha é lindo e nunca a equipe esteve tão engrenada. Foi bonito de se ver. Tudo bem que já estávamos na reta final da prova e agora já podíamos chegar como um time. Unidos. Quanto às temidas corredeiras, estamos procurando até agora.
Comi um saco gigante de pão de queijo, uma dúzia de cajuzinhos, outra de beijinhos e dois litros de suco. Sim, ter equipe de apoio é tudo nesse mundo.
Seguimos em mais uma perna de trekking de 20km, desta vez, pelo Caminho dos Escravos. Ali, no ponto máximo da Estrada Real (que começa em Paraty, no Rio de Janeiro), iniciava-se o fim de nossa jornada no Ecomotion. Pedra sob pedra, a estrada construída por nossos queridos irmãos africanos era o ponto de ligação entre as minas de diamante e ouro do Rio Jequitinhonha e a cidade de Diamantina. Dali, as riquezas da nossa terra partiam, através da Estrada Real, para o mundo. “Velho Mundo” diga-se de passagem. Percorremos sobre a história de nosso País. Foi uma percepção legal que tivemos, um momento de reflexão. Adrenalina crescendo junto com a ansiedade da chegada, em um momento coroado por pensamentos do tipo: “cara, eu estou aqui reclamando dos meus pés, mas há 500 anos os escravos faziam isso de pés descalços, carregando pedras nas costas e levando chicotadas!” História que nos fez refletir, olhar para frente e sorrir por termos evoluído, ainda que com muitos defeitos, mas com uma melhora considerável em comparação com aqueles tempos. Bela trilha para terminar nossa longa jornada pela Serra do Espinhaço.
Ponto final na vila de Biribiri. De novo nas bicicletas, fomos para o último “downhill em subida” até Diamantina. Sim, eu disse “downhill em subida”, pois assim é Minas Gerais, tudo sobe, sempre. O “downhill” é simbólico.
E a última subida já deixava saudades. Emoção a flor da pele. O sol queimando os pensamentos, o suor que pingava se confundia com as lágrimas de felicidade pelo fato de termos chegados até ali. O Ecomotion chegava ao fim. A emoção de completar uma prova do nível do Ecomotion (ainda mais do nível desta edição), repleta de altos e baixos, tanto na geografia quanto nas emoções vividas, não tem como descrever. Somente quem correu a prova pode entender.
Diamantina, 27 de novembro, 14 horas
O momento da chegada é pequeno perto da jornada, mas é fundamental. É um ponto final para alguns e uma virgula para outros, mas enfim, é a chegada. É ali que tudo se une. Os quatro integrantes da Equipe Xingu-Liofoods-Arco e Flecha cruzaram lado a lado o pórtico de chegada. Com este momento simbólico, a equipe, unida, cumprira seu maior desafio, o de ser uma Equipe.
Definir “equipe” é complicado. Definiria a Equipe Xingu-Liofoods-Arco e Flecha assim: Juntamos o Marcelo, o Catarina, a Marcela, o Oreste, o Rodrigo, a Luciane, a Rose (Liofoods), o Augusto (Arco e Flecha), os nossos amigos e as nossas famílias, colocamos todos em um balaio, chacoalhamos e jogamos para cima. O que sair, saiu.
Agradecimentos
Para finalizar, quero agradecer do fundo do coração a força que todos os que acompanharam a Equipe Xingu-Liofoods-Arco e Flecha nos deram durante o Ecomotion e nos dão desde sempre, dia-a-dia, corrida-a-corrida.
Às empresas Liofoods e Arco e Flecha, agradecemos pelo desprendimento dos negócios e apoio incondicional que nos foi dado. Sem as comidas maravilhosas da Liofoods e dos equipamentos de primeira da Arco e Flecha, dificilmente chegaríamos até onde chegamos. Aos corredores, peço que invistam nestas empresas, afinal, elas apóiam pra valer nosso esporte. Sem eles, talvez teríamos tido 4 atletas a menos nesta prova. E aos empresários, mais apoio. O esporte merece. Ele resume a essência do ser humano. As oportunidades, para ambos, tem resultado comum e certeiro: crescimento!
O Ecomotion foi extenuante, mas incrível. De longe, a corrida de aventura mais difícil que já fiz em minha vida, mas também a mais gratificante. Uma experiência de vida sem paralelos.
Estar entre as 10 melhores equipes de corrida de aventura do Brasil é uma honra, mas mais importante do que isso é saber que, mesmo com pouco tempo, fizemos amigos como vocês. Isto é de longe, a melhor parte da história aqui contada!
Paz
Marcelo Catalan
Equipe Xingu-Liofoods-Arco e Flecha
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