Conheci o Luiz Antônio Barbosa em julho do ano 2000. O contato com ele partiu de indicação de Admir Moraes, que compôs comigo e com Sabrina Majela a primeira formação da Lontra Radical, criada para competir na 1ª corrida de aventura no Brasil, a Expedição Mata Atlântica, em 1998.
Em 1999 a Lontra participou do EMA com a sua equipe inicial. Já no 1º semestre de 2000 a Lontra, então composta por mim, Admir e Rafael Campos, correu e ganhou as 3 primeiras etapas do circuito Rumo’s, do saudoso Mário Lopes, que morreu em um trágico acidente de carro enquanto levantava o percurso para a 4ª e última etapa daquele circuito.
Admir resolveu parar de correr e me indicou Luiz Antônio para substituí-lo, amigo seu do exército e companheiro de corrida de orientação. O currículo do Luiz era invejável: tetracampeão paulista e tricampeão brasileiro de corrida de orientação. Telefonei para ele, me apresentei e o convidei para integrar a Lontra Radical. A resposta foi imediata e sem hesitação: Sim.
Marcamos um treino em Itu, cidade em que Luiz exercia o seu mistér no exército. Simples e humilde, apesar de todo o seu, repito, imaculado currículo, Luiz mostrou-se motivado e determinado. Aliás, com o tempo vivemos inúmeras situações que mostraram toda a sua personalidade de vencedor: determinação, motivação e humildade, qualidades que só aqueles realmente super-dotados possuem.
Correr com o Luiz foi uma dádiva, pois além de seu caráter e qualificação atlética impares, a sua navegação era impecável e precisa.
Começamos em 2000, com um 3º lugar na etapa EMA litoral. Depois alcançamos uma 2ª colocação (1ª equipe brasileira) no EMA (Expedição Mata Atlântica).
Em 2001, a 1ª vitória da Lontra Radical: Raid Brotas Extreme, organizada por Jean Claude Razel . Depois, conseguimos 3 vitórias no Circuito EMA/ 2001, organizado pela Sociedade Brasileira de corridas de aventura, patenteada por Alexandre Freitas: etapas Santa Rita, Litoral e Juquitiba. E o título de campeão do circuito (2001) organizado por Alexandre veio com mais os 2º lugares obtidos nas etapas Campos do Jordão, Nordeste (Natal) e Álvares Machado. Ainda neste ano conseguimos a 4ª colocação no Desafio de Los Volcanes – Argentina/Chile, onde Luiz Antônio mostrou também sua perícia na orientação em mapas escala 1:100.000: não errou nada. Para coroar o ano, obtivemos, eu, Luiz, Marina Verdini e Rafael Campos, a 2ª colocação no EMA Amazônia (1ª equipe brasileira), perdendo para a Nokia, então campeã mundial.
Em 2002, com a união da equipe Quasar com a Lontra Radical, Luiz foi correr e brilhar na equipe Aventura, capitaneada por Zé Pupo. Depois, em 2003, Luiz Antônio mostrou sua destreza correndo na equipe Mamelucos, ao lado de Cristina Carvalho e Zé Caputo.
Em 2004 Luiz Antônio reintegrou a QuasarLontra. Em dupla masculina, corremos juntos e ganhamos as 3 etapas do Circuito Short Ecomotion. E no Ecomotion Pro 2004, Luiz Antônio, Marina Verdini, Vinicius Cruz e Rafael Campos obtiveram a 1ª e histórica vitória brasileira no Pro.
Depois, em 2005, Luiz correu com a QuasarLontra o Ecomotion Pro e o Mundial de Corrida de aventura no Canadá.
Naquele mesmo ano ele foi servir o exército brasileiro na Amazônia, onde ficou por 3 anos.
Voltando, surgiu a doença incurável que o vitimou: E.L.A. (Esclerose Lateral Amiotrófica).
Eu, Fabizio Giovannini, Djalma Dutra e Rafael Campos o visitamos no ano passado em um hospital de Jundiaí. Apesar de debilitado e de estar apenas com movimentos parciais, Luiz continuava com a sua personalidade firme e lucidez marcante. Conversamos por um bom tempo, lembrando dos momentos inesquecíveis que passamos juntos.
Há 3 semanas fui com o Djalma visitá-lo em sua casa em Itu, onde estava montada uma U.T.I. Já sem qualquer movimento corporal, Luiz continuava com a sua Luz interna: rimos e choramos juntos.
Hoje, dia 04 de janeiro de 2010, faleceu o mestre e amigo Luiz Antônio, o Zé.Ps, como o chamávamos. Luiz deixa a esposa, Emília, 3 filhos, e incontáveis amigos e admiradores.
Victor Afonso Lopes Teixeira Filho
Capitão/Fundador da Lontra Radical
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