A invasão brazuca no Coast to Coast foi um sucesso ! Neste ano, tivemos a participação recorde de 6 brasileiros, sendo dois de Brasília, dois do Rio de Janeiro, uma gaúcha e uma paulista. Os dois campeões do Brasília Multisport não decepcionaram, ao contrário, fizeram bonito!
Camila Nicolau obteve a 7ª colocação entre as mulheres e por estar entre as 10 primeiras foi chamada ao palco para premiação da categoria Elite. Essa foi a maior conquista pois levou a bandeira do nosso país ao topo de um dos eventos de aventura mais prestigiado e difícil do mundo.
Camila Nicolau, Kenny Souza, Alexandre Carrijo e Vinicius Zimbrão
Camila Nicolau conquistou a 7ª colocação
Kenny Souza ficou em 17º lugar e a dupla Zimbrão/Carrijo, 8º na categoria
Entre os Top10, Camila subiu ao palco com a bandeira brasileira
Kenny Sousa não ficou atrás. Seu 17º lugar é um resultado extraordinário para uma primeira apresentação no Coast to Coast. Para se ter uma idéia, Guilherme Pahl com duas paticipações obteve como melhor resultado uma 33º colocação.
Nos times, Vinícius Zimbrão e eu também andamos surpreendentemente bem. A dupla formada às vésperas do evento terminou na 8ª posição na categoria e, se não fossem por dois vacilos nas áreas de transição - onde perderam 45 minutos - teríamos nos classificado na terceira posição, também subindo ao palco. Mas no “se”, todo mundo seria campeão mundial, eheheheheh. Henrique Rupp e Cristina Piason atingiram seus objetivos completando a prova.
Nas 28 edições do Coast to Coast, que tem esse nome por cruzar a ilha do sul da NZ de costa a costa, apenas em três oportunidades as condições climáticas impediram o desenrolar da prova em seu percurso original. Esse ano foi uma dessas vezes.
Dada a proximidade com a Antártida, a costa oeste da NZ é frequentemente atingida por fortes ventos úmidos vindos daquele continente. A ilha do sul é cortada de norte a sul por uma cordilheira que eles chamam de Main Divide. O resultado desses ventos ao chocarem-se com a cordilheira é um tempo constantemente chuvoso e dado a bruscas mudanças de temperatura na costa oeste. Essa era a previsão para a madrugada de sábado e um alerta de possível mudança de percurso já havia sido dado desde a quinta-feira anterior à largada. A previsão era correta e no sábado a prova foi mesmo para um plano B.
Antes disso, na sexta-feira, aconteceu a largada da prova de dois dias, tanto para indivíduos quanto para times. Tudo foi como previsto. Corrida inicial de 3km para pegar as bikes e pedal de pelotão por 55km até a transição onde o corredor larga para 33 km de corrida em montanha. Cheguei a 7 minutos do líder e Zimbrão saiu confiante para a corrida com previsão de fazê-la em cerca de 4 horas. Não tendo tido a oportunidade de treinar no percurso, sua corrida começou muito forte no início e fortes caimbras o atingiram na segunda metade durante a descida. Zimbra terminou a corrida em 4h30 e chegou bem desgastado. Sorte nossa que só começaríamos a competir as 8h da manhã do dia seguinte.
Contudo, ao final da tarde recebemos a notícia de que o percurso seria alterado tanto para o pessoal da prova de um dia quanto para nós também. Kenny e Camila perderiam a corrida de montanha (substituída por outra de mesma distância porém no asfalto) e nós todos seríamos impedidos por remar nos 67 km bem técnicos do Rio Waimakariri. A organização foi nota dez em ter um plano B (e ao longo do dia precisara criar um plano C ) e ser capaz de implementá-lo rapidamente e sem maiores confusões.
Os atletas do Campeonato Mundial – prova de um dia, privativa para indivíduos – largaram no sábado sob muita chuva e frio. Kenny, de maneira bem brasileira, chamou Camila para dentro de um dos banheiros químicos e se trancaram lá até a largada, protegendo-se das intempéries. A grande maioria dos outros 200 atletas aguardou 30 minutos na chuva.
Kenny liderou a corrida de 3km e pegou a bike junto com um canadense. Ambos escaparam do pelotão e lideraram os 55 km até o final, quando foram neutralizados pelo pelotão puxado pelo até então bicampeão Gordon Walker, da Nike Adventure Team.
A corrida no asfalto também era propícia para Kenny, que chegou a liderar a prova. Camila fez o certo na bike e escondeu-se no pelotão. Na corrida teve bom desempenho e no início da longa bike a seguir encontrava-se entre as 5 primeiras mulheres.
Essa longa bike era de 135 km, sendo os primeiros 80 de muito sobe e desce e com ventos laterais na maior parte do tempo. Os 55 km finais eram descendo mas o vento ficava frontal. Essa bike substituía o rio que fora cortado. Apesar de o céu estar incrivelmente azul na costa leste (durante a corrida atravessa-se a divisa em Arthur´s Pass) o rio foi cortado pois os fortes ventos de rajadas multidirecionais dentro do canion tornariam a remada muito perigosa e desgastante para os atletas.
Na prova de times o pedal dividia-se, com o corredor fazendo o trecho inicial e o canoísta o trecho final. Zimbrão pedalou muito bem em 2h30, mostrando que as caimbras não tinham deixado sequelas. Contudo um erro de cálculo meu fez com que perdéssemos 30 minutos na AT. Saí pedalando forte para livrar-me do vexame e acabei me encaixando em um pelotão de 9 ciclistas, onde mesmo com vento contra fizemos 40 km/h de média.
Para os individuais não teve moleza, foram 135 km sem sair de cima. Camila aproximou-se bastante de Emily Miasza, tricampeã e candidata ao título, ameaçando sua quarta posição. Apesar de andar bem nesta bike, Camila teria tido mais sucesso se pudessem ter remado no rio, sua especialidade.
Kenny não conseguiu ficar em um bom pelotão e lutou sozinho durante muito tempo. Mesmo assim, conseguiu chegar na transição para a nova canoagem (em outro rio, liso e raso, dentro da cidade) de 17 km na 14ª posição. Como tinha feito uma escolha conservadora de caiaque devido às corredeiras do rio que foi cortado, acabou perdendo três posições nesse trecho. Foi ultrapassado inclusive por Sam Clark, o neozelandês ganhador da prova de dois dias do ano passado e que esteve no Brasília Multisport em julho de 2009.
Camila acelerou tudo no rio e finalizou a prova na honrosa sétima posição depois de ter perdido posições no final do ciclismo, quando foi ultrapassada por Rachel Cashin, experiente corredora com dois terceiros lugares no C2C e também com participação no último BMS.
Zimbrão teve problemas para encontrar a transição e acabei esperando pelo barco 15 minutos antes de poder seguir a prova. Foram esses 45 minutos que fizeram muita falta no final pois iríamos fazer história também. Mas tudo certo, calouro é pra tomar na cabeça mesmo. Finalizei os últimos 10km de bike trocando roda com um neozelandês da nossa categoria e ganhei dele no sprint final de 100 metros de corrida após desmontar da magrela. Show !!
No final, ganharam Gordon Walker (tornando-se tricampeão) e Elina Rautila Ussher ( finlandesa mulher de Richard Ussher - que ganhou o EMA Amazônia com a Nokia – em sua quinta tentativa ).
Estiveram conosco, e sem eles a coisa toda não tinha acontecido, os support crews Kika Correia, Niva Mello, seu Zé Nicolau e Carol. Obrigado por tudo e preparem-se pois ano que vem tem mais !!!
Alexandre Carrijo
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