A Ilhabela é uma extensão de cadeia montanhosa da serra do mar. Sua cadeia até o continente é separada pelo canal de São Sebastião. A primeira disputa do TSP prova de inaugural organização, aberta a fatores desconhecidos e inesperados, teve uma previsão equivocada ao apresentar a premiação as 17hs.
Fui convidado pelo Rodolfo Portella para me integrar a equipe CURTLO Lobo Guará, tendo por parceiros Tiago Rossi e Bárbara Lapertosa. Como esse ano a equipe Selva entrará em stand by, foi tranquilo ir para prestigiar o nascimento de outro circuito.
Nesse ano não temos nada programado, o André Iervolino é o atleta da equipe, mas teve um carnaval difícil e não pôde participar da etapa. Se eles precisarem de ajuda novamente e eu puder, estarei com eles novamente.
O TFS começou bem, dando um chá de cansaço na maioria das equipes, duplas e solos. A expectativa era de uma prova fácil, iniciante, mas apresentou um terreno técnico e uma navegação razoável-difícil. As principais dificuldades encontradas, em minha opinião, foram: a falta de atualização dos caminhos, trilhas e estradas adjacentes ao percurso, muitos atletas saírem do mapa no trekking, mudança do vertical que somou cerca de 40 minutos no tempo de prova e a falta de um simulado geral (acredito que os simulados foram por trecho e não total) do percurso, o que incapacitou a precisão da prova no tempo estimado pela organização.
A escala 1:25.000 é a metade do que a utilizada normalmente em corridas de aventura. A cada 4 cm de mapa temos 1 km de terreno e muita gente saiu do mapa logo na primeira trilha... essa seguia leste e na cota de altitude próxima aos 200m, porém uma trilha de sentido norte-nordeste era a continuação, bem marcada da rua em que estávamos. Mas essa trilha segue até os 1000m de altitude e leva ao pico do Baepi e não estava marcada na carta. Muita gente baixou a cabeça e seguiu subindo firme, muito firme, até a cota 700m (ou mais...) e demorou a perceber o erro. Buscávamos no momento, a cachoeira do bananal e subiríamos cerca de 160m de altitude, quando estivéssemos próximos ao PC. Trekking de 10km onde muitas equipes demoraram 5 horas ou mais.
Já nessa parte encontramos o Acácio, que resolveu nos acompanhar por não estar familiarizado com a navegação. Afinal era sua 1ª Corrida de Aventura e tudo que ele sabia era conhecer bem a ilha, mas não todos os pontos da prova.
A descida do rio (canioning) foi um ponto alto, lugar intocado e selvagem que até se esquece à civilização, mesmo situada poucos metros abaixo. A saída do trekking era pelo bairro da Cocaia e tínhamos que voltar ao Perequê, agora PC 6, onde pegaríamos os caiaques.
Chegamos com pequena vantagem sobre o Acácio, mas não sabíamos que quase todos atletas haviam errado e estavam se confrontando com o trecho. Começamos a remada e em poucos metros fizemos uma portagem de 1 km até o PC 7 (uma ponte) que nos rendeu uns 10 min de bônus e nos mantivermos consistentes nos próximos 8km aproximados de canoagem até o portinho, a caminho do sul da Ilha. A portagem na balsa foi fundamental e rápida.
Transição MTB e saímos em busca do PC Vertical, transferido para outra cachoeira. A operação não estava bem alinhada, visto que mandaram nosso amigo Tiago subir e descer 2x até decidirem que 2 pessoas fariam o rapel. A cachoeira era linda e foi um refresco pra alma.
Acácio nos buscou nesse momento e fizemos todo o trecho de MTB na disputa. Lugares incríveis, muita piramba, single tracks, empurra bike e visuais da Ilha. Sobe e desce de 0 até uns 300m em altitude..
Após o PC 13, já no final das trilhas e partes isoladas do MTB vinha um grande downhill que nos jogava de volta pra cidade. Nosso pneu furou nessa descida e o atleta solo despencou rumo sua vitória. Ao entrarmos na cidade percebi aonde nos levaria o caminho proposto, porém tínhamos apenas uma trilha tracejada no mapa e na realidade já estávamos dentro de uma “nova cidade”, com outras ruas e calçamentos. Optamos pela opção mais segura e fizemos uma volta um pouco maior, sempre buscando a direção do PC através de ruas que seguiam no melhor sentido. Achamos através da estrada de Castelhanos, principal referência no mapa próxima ao PC 15.
Já havíamos passado de trekking no PC 16, ficou mais fácil acha-lo de bike, então foi só comemorar!!
Após 7 horas e 40 minutos cruzamos o pórtico, felizes pelo bom desempenho e foco da largada até o final.
Muita gente comentou dos perrengues enfrentados ao chegar de noite em uma prova curta e talvez sentiu na pele a lição de subestimar o que está por vir. Nós também enfrentamos ao largar com pouca comida e preparados para 4 horas. O aprendizado é de sempre questionar, considerar e estar preparado para as adversidades.
Muito obrigado a equipe Curtlo Lobo Guará pelo convite e forma como a história foi conduzida e à Central de Serviços – Webike pelo apoio e força de extrema qualidade.
João Bellini
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