Por: Valmir Schneider
O Desafio de Verão 2010 realizado nos dias 06 e 07 de Março, na hospitaleira cidade de Nova Petrópolis, se destacou mais uma vez por suas grandes belezas naturais e pela quantidade de trilhas e modalidades desafiadoras oferecidas aos seus participantes.
A prova estava ótima, uma das melhores que já corremos aqui no Rio Grando do Sul nos últimos tempos. A prova apresentou tudo o que um aventureiro espera encontrar em uma corrida de aventura, um percurso com modalidades bem distribuídas, trekking em trilhas, bike bem técnica, um remo gostoso (a favor da corrente) e com algumas corredeiras leves para quebrar a monotonia, um canioning maravilhoso, altimetria bem forte, mapa perfeito...enfim tudo de bom.
A corrida começou bem cedo, ainda no sábado, participamos do briefing no centro de eventos, onde tivemos algumas recomendações, retirada de kits e a apresentação das equipes. Mas a expectativa maior estava voltada ao sorteio de um duck entre os atletas, fizemos força com o pensamento positivo, mas não deu dessa vez, o número contemplado foi do amigo Jandir Bradbury da equipe Sulbra/Danda Bikes.
Não eram bem 4 horas da manhã e os despertadores começaram a fazer barulho, era hora de se preparar para o desafio... ficamos todos hospedados na casa da amiga Terezinha Portz (mãe da Aline e do Dudu), que por sinal não mediram esforços para nos acomodar da melhor maneira possível, carinhosos e atenciosos nos trataram muito bem mesmo...obrigado pessoal...
Saímos então para entregar as magrelas, que seriam recolhidas pelos caminhões da organização junto ao pórtico de largada, onde já percebíamos a movimentação dos atletas plastificando seus mapas em meio a uma névoa fraca. Pegamos nosso mapa, plastificamos e estávamos prontos para largar. Em seguida largamos correndo, Eu (valmir), Rose, Mairos e Fábio em direção ao primeiro PPO, que indicava a entrada da trilha a seguir. Como sempre em Nova Petrópolis toda a largada é para baixo, descemos uma trilha bem íngreme e aberta recentemente pela organização, parabéns, estava show, trilhas fechadas, noite ainda, cerração... que maravilha...
Alcançamos o PC 01 após cruzarmos uma pinguela sobre o arroio Santa Isabel, bem no meio do vale, ficamos no pelotão intermediário, como sempre “no nosso ritmo”, com firmeza e constância fomos progredindo. Como diz o ditado, “tudo que desce sobe”, encaramos uma trilha bem casca, e dessa vez morro acima até atingir a AT 01, onde as magrelas estavam nos esperando. Quando chegamos à AT, vimos que as primeiras equipes ainda estavam ali plotando seus pontos, assinamos em quarto lugar, plotamos rápido os pontos e socamos logo atrás deles.
Nesse trecho de bike havia opções de rota para se alcançar o PC 02, sendo uma com mais trilha, porém mais curta e outra com mais estradão e mais longa, avaliamos bem e decidimos pela mais curta e com mais trilha, pois identificamos uma subida enorme para quem optasse pela outra rota. E foi bem o que aconteceu, nossa opção foi acertada, atingimos o PC 02 a 10 min. da primeira colocada a Malamute, sendo que encontramos as equipes Lagartixa e Arco e Flecha vindo pelo outro lado e penando morro acima com suas bikes. Atravessamos Picada Café e seguimos de bike em direção ao PC 03 e 04, o qual era um bate e volta, onde conseguimos visualizar a distância entre as equipes, bem como perceber os problemas que cada uma estava enfrentando com os pneus furados, estávamos todos juntos (Papaventuras, Malamute e Servajão) e contabilizando a quantidade de pneus furados em virtude das trilhas estarem muito técnicas e pedregosas.
Após atingirmos o PC 05 praticamente juntos com a Malamute, tivemos um problema técnico com a bike do Mairos... trancou o cubo traseiro e começou a girar a roda dentro do quadro...Putz, tivemos que abandonar a bike na residência de um colono e saímos num “bike run” a procura de uma bike emprestada. Esse trecho era bastante longo até chegarmos à próxima transição, que seria o remo, isso nos atrasou um pouco, mas como diz o nosso lema, “um Papaventuras não desiste nunca”, seguimos fortes e motivados, sempre se ajudando e procurando uma bike pela vizinhança... Encontramos uma a poucos metros do PC6/ AT2... mas enfim chegamos.
Entramos primeiro na água e remamos forte, pois sabíamos que a Servajão e a Lagartixa logo estariam atrás, o remo foi tranqüilo, a corrente estava empurrando bastante e com algumas cordeirinhas foi ligth... Saímos da água a 18 min dos líderes, isso nos motivou a agilizar a plotagem do restante dos pontos e seguir de trekking rumo ao PC 8/AT4, onde se iniciava um belo canioning. Nossa, pra min foi a parte mais bonita de toda a prova, que lugar lindo... quando chegamos no ponto do rapel, a Malamute já estava nas cordas e nós ainda tínhamos que subir... uma escalaminhada bem perigosa , mas já deu pra sentir que estavam próximos. Subimos juntos, nós e a equipe Lagartixa, fizemos o rapel de 100 metros praticamente juntos, uma via para cada equipe e com aquela mesma escalaminhada bem perigosa para se alcançar o topo novamente, pois haviam varias pedras soltas com chance de rolar para baixo.
Feito o rapel, seguimos de trekking por mais uma trilha fantástica e íngreme, rumo ao AT onde estariam as bikes, e como estávamos andando juntos, nós e a Lagartixa, já estávamos contabilizando nossa desvantagem, pois eles estavam com as quatro bikes e nós somente três, sendo assim, comecei a motivar a equipe para dar um pouco mais de cadência no trekking de subida, pois senti que dois deles estavam muito fadigados... com isso abrimos poucos minutos de vantagem, pegamos as magrelas e” sebo nas canelas”. A Rose subiu a primeira lomba correndo e depois disso foi sentada no varão da bike do Fábio, o trecho de bike era curto, uns 5 km só e nós sabíamos que a Lagartixa viria forte na tentativa de nos passar.
Nossa, realmente foi uma chegada com o coração na boca, quando alinhamos na estrada principal que leva até a praça, local de chegada, avistamos eles a uns 100 metros atrás... e nós (eu e o Mairos) empurrando nas costas do Fábio, que estava com a Rose no varão da bike. Fizemos muita força, mas com determinação e trabalho de equipe conseguimos cruzar a linha de chegada 1 minuto na frente, foi muito gratificante a disputa, mas já disse logo que cheguei...”isso de fazer sprint na chegada não é coisa pra velhote feito eu”...a gurizada ainda vai me matar um dia desses...rsrsrsrs.
Mas no final ficamos muito contentes, pois mais uma vez conseguimos fazer aflorar o princípio maior desse nosso esporte, que é a união, trabalho de equipe e força de vontade, para enfrentar e se adaptar as situações mais diversas e inesperadas que surgem em nossos caminhos. Chegamos em 2º lugar, um minuto a frente do 3º colocado, mas isso não é o que importa pra nós, claro que o desempenho é mérito da preparação de cada um, mas nós sempre nos focamos em fazer o nosso “melhor possível” dentro da equipe e se o nosso ”melhor possível” for o suficiente, nós chegaremos lá...
Um Forte Abraço a todos e que os Bons Ventos nos guiem!!!
Valmir Schneider
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