Saiba como foi a participação do Oskalunga Brasil Telecom na primeira etapa do Raid Series

Por Wladimir Togumi - 21 Mai 2003 - 00h17

Entre os dias 09 e 11 de maio aconteceu a primeira etapa da temporada 2003 do Raid Series, circuito classificatório de corridas de aventura para o Raid Gauloises 2004, que será realizado no Peru. A equipe Oskalunga Brasil Telecom foi a única representante brasileira e contou com a participação de Nora Audrá, da equipe Atenah, já que o navegador da equipe, Guilherme Pahl, estava se recuperando de um tendinite.

Foram 211km, em sete modalidades - trekking, mountain bike, canoagem, montanhismo, caiaque oceânico, patins in-line e atividades com corda e passou por pontos turísticos da região como o Ben Nevis, pico mais alto da Grã-Bretanha e o lago Ness, famoso pela lenda do monstro que mora em suas águas. A equipe teve alguns problemas durante o percurso e terminou na 44a colocação. Monclair Cammarota, capitão da equipe, conta um pouco sobre a participação no evento:


Barbara Bomfim e Monclair Cammarota durante etapa de canoagem
foto: divulgação/Raid Series


Atletas aguardam a largada da corrida, realizada na Escócia
foto: divulgação/Raid Series


Gráfico da diferença de elevação do percurso preso no vidro do carro de apoio
foto: divulgação/Raid Series


Muita montanha durante todo o percurso
foto: divulgação/ Raid Series

Como foi essa nova experiência internacional? Cada corrida é um novo aprendizado?
A corrida foi demais. Os franceses são super organizados. Como são os mais antigos organizadores, eles já têm um esquema pronto para dar certo sem maiores atropelos.

Explica um pouco o funcionamento da corrida. Isso é melhor ou pior do que estamos acostumados por aqui?
Este modelo de corrida é diferente de tudo que a gente tinha feito antes. O tempo de transição não conta para o tempo total da prova. Existe um intervalo de tempo que as equipes podem largar, se a equipe extrapola o tempo da largada ela perde a seção mas não está desclassificada da prova. O tempo da seção perdida é o tempo que a última equipe gastou acrescido de uma hora. Outra diferença é que as equipes correm com três atletas e o quarto integrante fica junto com o apoio, caso haja um. O revezamento é livre, mas cada atleta pode ficar de fora apenas um número limitado de seções. Para a gente foi impressionante como os europeus estão especializados neste tipo de corrida. A diferença entre o primeiro e o segundo foi de 5 segundos. Melhor ou pior é relativo, não me preocupo com isso. Sei que para este modelo de corrida é preciso estar bem fisicamente e ser muito organizado. Vamos trabalhar em cima disto para a próxima. Também tem o lance de poder usar o GPS. Na próxima vamos usá-lo muito mais.

Vocês correram na África do Sul, na Argentina/Chile, no Uruguai e agora na Escócia. Vocês perceberam alguma diferença de nível entre os latino-americanos e os europeus e sul-africanos?
Esta foi uma corrida muito forte do ponto de vista físico. Nós estamos hoje com um ótimo preparo, mas disputávamos com campeões mundais de Mountain bike e ciclismo, montanhistas muito experiêntes e atletas profissionais de diversas modalidades que estão migrando para a aventura. Sem dúvida na Europa o esporte está muito mais desenvolvido do que na África e aqui. Na África tivemos a oportunidade de correr contra os sul-africanos que ficaram em quarto no Eco-Challenge. As outras equipes sul-africanas não tinham o mesmo nível. Agora os sul americanos tem suas estrelas. Equipes como OSKALUNGA BRASIL TELECOM, Quasar Lontra, Atenah, algumas argentinas e chilenas têm mostrado que não devem nada aos gringos, principalmente nas corridas de expedição.

Vocês já participaram de outras corridas internacionais com frio e neve. Nessa corrida o frio já era esperado. Como vocês lidam com isso?
Eles (atletas europeus) são muito fortes e correram em um clima conhecido para eles. O local da prova também era conhecido dos expedicionários, aventureiros e esportistas europeus. O "Ben Nevis" – montanha mais alta do Reino Unido é um grande pólo de esporte de inverno e atrai um número enorme de pessoas todos os anos. Mais uma vez fomos para o frio. Poucas vezes durante a corrida a temperatura passou dos 5º C e claro que passamos muito frio, que conjugado com a chuva e ventos constantes dão uma condição bem adversa para quem treina no paralelo 16. Chegamos a pegar neve nas montanhas. Lidamos muito melhor do que nas outras corridas com o monstro do frio. E também depende de bons equipamentos. Graças a BRASIL TELECOM aos poucos estamos nos equipando melhor. Passamos alguns apertos com mãos e pés, mas a experiência também faz muita diferença. Como a Nora me disse em tom imperativo durante uma seção de MTB em que eu não sentia minhas mãos ao ponto de não conseguir passar as marchas da bike: "Controla teu frio que essa porra épsicológica!!!" E ela está absolutamente certa. O aprendizado é um processo. Sabemos que -10º é frio mas não é um bicho de sete cabeças. Hoje somos a equipe brasileira com uma das melhores (e piores ) experiências com frio.

Fala um pouco sobre a queda do Frederico no Lago Ness
Apesar de gozarmos de boa condição física os (treinos) específicos são determinantes para o sucesso do time. O Lico (Frederico Gall) é um remador muito forte, mas não sabia desvirar um caiaque capotado. Neste momento havia muitas ondas (algumas maiores que a gente) e virar era uma realidade, principalmente quando elas batiam de travez. Assim como não sabíamos descapotar, o sistema de leme e a bomba de tirar água do barco eram sistemas diferentes do que conhecíamos. Conclusão: perdemos muito tempo sem necessidade. Mas é isso aí. Experiência tem seu preço e acreditamos que estamos no caminho certo. Não é possível conhecer as características peculiares de cada prova sem corrê-las. Teoria não é nada sem a prática.

Como o Guilherme estava contundido, vocês correram com a Nora, da equipe Atenah. Como surgiu essa participação? A experiência internacional dela ajudou a equipe?
Todo mundo quer correr com sua equipe completa, mas a Nora representou super bem o Guilherme. Ela é boa navegadora e tem muita experiência. Isso acrescido ao fato de ser, assim como a Karina e a Shubi, amigas que gostamos muito. A experiência da Nora se mostrava mais presente principalmente nas partes técnicas ou em situações adversas.

Quem foi o navegador da equipe, já que o navegador normalmente é o Guilherme?
A Nora navegou nas seções mais longas e a Bárbara nas mais curtas – Entretanto o GPS dá uma nova perspectiva de navegação. Não aproveitamos tudo o que podíamos do GPS. Na próxima ele será MUITO mais usado.

Em que ponto sentiram mais dificuldade durante o percurso?
Para mim foi o MTB, não pela técnica mas passei muito frio. Agora precisamos melhorar em técnicas de montanhismo e algumas de canoagem. As equipes no Brasil não tem tradição de montanhismo. Queremos mudar este quadro.

Vocês chegaram a perder alguma etapa?
Perdemos uma etapa de cordas por opção. Muitas equipes nos passaram no caiaque e teríamos que esperar umas 2 horas parados, molhados e com frio, sem contar o tempo da seção para fazer esta etapa. Foi uma ótima decisão. Depois perdemos outra etapa por demorar nas transições. O tempo não é computado para o cronometragem oficial mas se a equipe sai próximo ao limite de saída provavelmente perde a largada para o trecho seguinte. Perdemos uma largada para um trecho de canoagem pois chegamos do trekking depois da última largada.

O resultado não foi o esperado, mas valeu ter participado da corrida?
Muito. Nós acreditamos que classificaremos para o RAID GAULOISES. Precisamos melhorar 22 posições. Mas como perdemos a última largada para duas seções, perdemos muitas posições. Nas próximas estaremos preparados para não cometer os mesmos erros. Tínhamos estudado bastante para a prova. Organizamos nossa estratégia e corremos de acordo com ela .Não foi um desempenho abaixo do esperado apesar do resultado. A realidade de um circuito mundial é muito diferente das provas brasileiras. A melhor parte é que identificamos os principais pontos para nos especializarmos para a próxima.

Qual o objetivo agora? Participar de outras etapas?
A principio vamos correr 4 das 5 etapas do Raid Series. Algumas coisas ainda podem mudar. Vamos correr o Ecomotion e provas locais e regionais aqui no Brasil. Ainda estamos esperando a realizaçao da última etapa do EMA SERIES. Ainda podemos terminar a temporada 2002 em primeiro do Brasil.

Wladimir Togumi
Por Wladimir Togumi
21 Mai 2003 - 00h17 | geral |
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