Começamos a prova muito bem, e logo no primeiro trecho de mountain bike que envolvia navegação complexa, passamos a liderar a prova, pois fomos a primeira equipe a encontrar o caminho certo por dentro da mata. As condições da trilha não permitiam pedalar, mas seguíamos rápido empurrando as bikes.
Nossa alegria e liderança durou pouco pois a equipe Lontra Radical logo nos ultrapassou.
De qualquer forma seguimos otimistas, para logo encarar uma etapa de Canoe / Run, onde eu, Paulo e Luciana seguimos remando em canoa canadense contra a correnteza, enquanto Reginaldo foi a pé por um bananal.
Após o remo, nossas dificuldades começaram pois Reginaldo havia torcido o pé na caminhada pelo bananal, e sentia muitas dores. Depois de caminhar descalço por algum tempo, a solução que encontramos foi fazer um corte na lateral da bota, que estava machucando o tornozelo inchado de Reginaldo. Andávamos devagar e várias equipes nos ultrapassavam, sem que pudéssemos fazer nada.
Depois de aproximadamente 12 km de trekking pegamos os ducks para uma deliciosa e bela etapa de remo, que envolvia a passagem de algumas corredeiras classe 3 e 4. Para nossa diversão logo pudemos assistir a uma cômica capotagem de Luciana e Paulo em uma das corredeiras. Eles foram auxiliados pela equipe de resgate e logo seguimos viagem.
Chegamos ao final do remo em sétimo lugar e logo partimos para o trekking, etapa mais longa e dura da prova. Logo de cara atravessamos um “pasto” por dois quilômetros, o que nos trouxe algumas dificuldades. Não havia uma trilha definida e o mato não permitia uma caminhada em um ritmo adequado. Além disto nossas canelas constantemente se chocavam com raízes e pedras. Apesar disto conseguimos ultrapassar duas equipes nesta etapa, e logo começamos a subida da serra, por uma estradinha que não apresentou problemas de orientação nenhum, até o PC 7, onde segundo a organização, era o “fim do trecho de navegação óbvia”. A partir deste ponto, a rota seguia por trilhas mal definidas e pouco freqüentadas, usadas normalmente apenas por palmiteiros e caçadores.
Chegamos ao PC 7 em décimo lugar, felizes por não termos perdido tantas posições por causa da torção de Reginaldo. Infelizmente, logo em seguida Paulo pisou em um buraco, torcendo violentamente o tornozelo. De volta para SP, Paulo foi ao médico e constatou que está com o tornozelo quebrado.
Alguns quilômetros depois, encontramos um riozinho, o qual podíamos acompanhar e utilizar como atalho, caminhando por cima de pedras e quebrando um pouco de mato para permitir nossa passagem. Além de encurtar a caminhada, a vantagem de seguir pelo rio é que evitaríamos o trecho de navegação mais difícil, a nossa frente. Restava saber o quão difícil seria caminhar pelas pedras e “quebrar um pouco de mato”. Depois de pensarmos e discutirmos sobre a melhor estratégia, acabamos optando em seguir pela trilha normal pois Paulo e Reginaldo provavelmente teriam muita dificuldade para caminhar sobre as pedras por causa dos tornozelos machucados.
Para continuar a nossa maré de azar, errei feio na navegação, simplesmente não vendo uma trilha que deveríamos pegar à esquerda. Acabamos pegando uma trilha errada, um quilômetro adiante. Perdemos três horas entre indas e vindas, sobes e desces, antes de retornar à trilha certa. Ainda tivemos momentos de muita emoção nesta etapa, pois a trilha “desaparecia” muitas vezes, e gastávamos tempo para reencontrá-la.
Estávamos chateados e com a moral um pouco abalada, pois perdemos nove posições enquanto estivemos perdidos. O golpe final em nossa performance foi dado por uma íngreme descida de 500 metros de altitude que percorremos a duras penas, com Paulo sofrendo a cada passo. Depois de um total de 10 horas de caminhada chegamos ao final do trekking, sendo que Paulo e Reginaldo estavam caminhando com fortes dores há mais de 5 horas.
Resolvemos desistir pois não valeria a pena agravar a lesão nos tornozelos e ficar impedidos de treinar ou mesmo participar da próxima corrida de aventura. A única insatisfeita com nossa decisão foi a Luciana que insistia para que fizéssemos “pelo menos” a próxima etapa de duck.
Até a próxima.
Marcos Martins
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