A Haka e a Raiva
Passado o temporal, faço esse relato, um pouco pela história e muito pela importância do assunto.
Sábado, 3 de março de 2012, HAKA RACE – Ribeirão Pires. Irmãos Metrilhas vão para sua primeira prova do ano, voltando à rotina de corridas que tanto adoram..., se atrasam para chegar a Ribeirão Pires, deixam a bike e vão para a largada absolutamente em cima da hora, ou seja, tudo normal.
Largada, trekking, remo, trekking, mordida, rapel, trekking, bike, chegada. Ver premiação, ficar em 4º, voltar para casa. Mordida?
Foto ilustrativa tirada em outra etapa do Haka Race. Esse não foi o causador de tudo
É, entre os PC´s 5 e 6 no caminho para rapel na pedreira, os Metrilhas foram seguidos por vários cachorros e o Fábio foi mordido por um deles. Claro que tinha que ser ele, afinal já foi seguido por enxame de abelhas, picado por escorpião, um cachorrinho não significou nada... até ele chegar em casa.
Nem tinham chegado direito, ainda na rua, olhei a perna, ouvi “mordida de cachorro”, gelei.
- E aí voltou para ver de onde era o cachorro?
- Voltar???? Lógico que não, imagina voltar por causa de um tranqueirinha... nem olhei para a mordida direito...
Mas mordeu, furou, sangrou e dois dias depois, não teve mais como escapar de procurar um médico, não pelo machucado, um machucadinho, mas pelo que poderia vir com ele, a RAIVA, e pelo que poderia perder, a VIDA.
Aí começa a via crucis de postos de saúde, busca por informações, UNICAMP e a notícia de que, sem achar o cachorro, teria que tomar algumas injeções... 3 anti-tetânicas, 5 vacinas anti-rábicas e 4 para sorologia anti-rábica.
A pergunta: E se achar o cachorro?
- Bom, se achar a gente revê.
Quarta feira 7 de março, dia normal de batente, seguem os Irmãos Metrilhas, Fábio e Rodolfo (que aliás, não são irmãos, sabiam? Se bem que às vezes, até eu acho que são irmãos sim!) rumo a Ribeirão Pires. Vão para a Secretaria de Esportes, que apoiou a prova e poderiam ajudar. São bem atendidos, mas como o local onde foram mordidos ficava em outra cidade, foram encaminhados para o centro de Zoonoses de Rio Grande da Serra. Chegando lá contam a história pela enésima vez e saem acompanhados pela equipe de zoonoses a procura do cachorro. E... acharam o cachorro, que não era um cachorro e sim uma cadelinha que tinha tido cria e estava maluca com aquele bando correndo perto de casa.
Fabio Barbim e Rodolfo Luz - equipe Irmãos Metrilhas
Estava viva, sem sinais de raiva, mas como morava em um local considerado zona rural e o Estado não está fazendo campanha anti-rábica há dois anos... já queriam fazer a vacinação em Rio Grande da Serra mesmo. Só o deixaram voltar, pois prometeu seguir direto para o posto de saúde de nossa cidade.
Bem, os Metrilhas voltaram para casa com o telefone da Zoonoses que iria monitorar a cachorrinha até passar 10 dias da mordida. Fábio seguiu para o posto de saúde (nessa altura o 5º município sabendo de sua mordida de cachorro) tentando escapar da vacina anti-rábica, mas não teve jeito, zona rural e sem campanha... 1 anti-tetânica e 1 anti-rábica e a carteirinha preenchida para voltar exatamente nos dias 10, 14, 21/03 e 04/04. E teve que provar que já tinha feito o ciclo completo da anti-tetânica, senão seriam mais duas vacinas.
Total da brincadeira: 5 doses de vacina anti-rábica (escapou das doses da sorologia por que achou o cachorro e ele estava bem), 1 dose de anti-tetânica, 1 semana de braço inchado, vários telefonemas, 5 municípios envolvidos, ótimos atendimentos e a garantia de voltar a correr.
Atletas: a raiva mata, é transmitida pela mordida de animais, silvestres, domésticos e pelo contato com morcegos, não tem cura e deve sempre ser lembrada.
Dia 13 de março uma criança de 9 anos do Nordeste do Brasil morreu de raiva, em apenas 20 dias, pela mordida de um sagui. Vocês que amam a aventura e a natureza tem que lembrar da raiva e caso sejam mordidos por animais de sangue quente, procurem os serviços de saúde e façam a vacinação (se for cachorro, voltem e peguem o telefone do dono). A raiva mata e mata de uma forma muitíssimo cruel.
A UNICAMP tem um serviço de atendimento 24 horas para emergências com animais peçonhentos e profilaxia da Raiva humana – e atende pelo telefone 19 3521 -7555.
E a família Metrilha sobreviveu a mais uma de suas longas provas...
Nícia Barbin, é mãe da Paloma e da Verena e esposa do Fábio!
28 Mar 2012 - 15h50 | sudeste |
