Com a proximidade da realização do Ecomotion Pro 2012 – que acontece de 11 a 20 de maio na Chapada dos Veadeiros (GO) – as equipes já devem ter iniciado os preparativos logísticos e estratégicos para os mais de 600 quilômetros de percurso da competição. Os que ainda não começaram, é bom correr contra o tempo.
São muitos os check lists. Além dos treinos das diversas modalidades, as equipes precisam pensar e providenciar inúmeros itens, desde equipamentos, roupas, acessórios, alimentação e, claro, na equipe de apoio. Aliás, numa prova como o Ecomotion, são os apoios os responsáveis, literalmente e emocionalmente, a levarem as equipes para frente na competição. São eles que cuidam da comida, do transporte e da manutenção dos equipamentos, mas também são eles quem mais torcem, motivam e incentivam suas equipes a cada transição.
Foi justamente a equipe de apoio que levou a equipe Oskalunga à vitória do Ecomotion 2011. Depois dos atletas chegarem a uma transição praticamente comunicando a desistência à organização, um dos apoios simplesmente arrancou o passaporte das mãos do capitão, levou ao staff do posto de controle, pediu que assinasse e retornou à equipe com um simples “Vocês vão continuar!”.
Chicão, apoio da Oskalunga (lavando a bicicleta), foi uma das pessoas que impediu a equipe de parar no Ecomotion Pro 2011, levando-os a vitória. Arrumar bicicletas e lavar roupas são apenas algumas das habilidades que fazem diferença.
A compreensão sobre o desânimo da equipe, que àquela altura estava há horas dos primeiros colocados, a paciência e a motivação da equipe de apoios foram fundamentais para que o quarteto se recuperasse e seguisse adiante até o primeiro lugar do pódio. A lição que se tira é de que, no fim das contas, atletas e apoios são um só, uma só equipe, que quanto mais unida mais chances de sucesso.
Muitos são os detalhes a serem pensados e realizados pelas equipes de apoio. Entre os principais está a alimentação. Um bom e diversificado prato de comida consegue arrancar bons sorrisos dos atletas, que muitas vezes passam horas e horas à base de suplementos e pão com nada. É claro que, um apoio não precisa ser um chef como o Pedrão (Pedro Caldas), "cozinheiro" oficial da Quasar Lontra, famoso por suas lasanhas e pratos requintados ou mesmo o senhor Fonseca, pai do Caco da equipe Selva, disputado entre atletas e outros apoios por causa dos seus saborosos pratos.
Pedro Caldas, apoio e chef da equipe QuasarLontra, prepara o jantar no Ecomotion Pro 2009
De qualquer forma, é bom que o apoio saiba ao menos saber acender um fogareiro, esquentar uma água e “requintar” um macarrão instantâneo com queijo, salame, azeitonas e palmito. Ah! É importante também se certificar que todos comem todos ingredientes do cardápio. Afinal, de nada adiantaria agradar um atleta que saboreia um bom salame se os demais forem vegetarianos.
Outra prática e deliciosa alternativa é comprar comida pronta. Algumas vezes (poucas) as transições acontecem em cidades, postos de combustível com restaurantes ou em pequenos vilarejos. Óbvio que não dá para contar que a equipe passará por locais como estes em horário comercial, mas caso passe, um prato feito, uma pizza ou um simples lanche fresco podem ser excelentes opções para quem precisa variar o paladar. Nesse caso, é bom ter cuidado apenas com o tempo e o acondicionamento entre o preparo e o consumo. Querendo ou não, atletas expostos a condições extremas de esforço físico e calor ficam debilitados e uma comida mal acondicionada, mesmo que ainda aparentemente fresca, causa sérios estragos.
Marmitex pode ser uma boa opção: menos trabalho para o apoio e variação de cardápio para os atletas. @ Ecomotion Pro 2004
Tão importante quanto a alimentação, a hidratação faz parte do cardápio de preparos. Por vezes, atletas também têm preferências distintas pelo que bebem, seja em relação à suplementação ou à bebidas de forma geral, um suco ou um refrigerante – zero, light, normal, etc, etc, etc. Parece bobagem, mas detalhes como estes podem mudar, para melhor ou para pior, o humor de um cansado (a essa altura chato) atleta. Um pequeno agrado ou mesmo uma surpresa, como colocar uma lata de refrigerante, um lanche diferente ou uma guloseima na mochila faz milagres, que só quem já passou por isso sabe.
Paciência
Para quem está no papel do apoio, lidar com o próprio cansaço, esforço físico e humor é um desafio, porém fundamental. Além da comida quentinha, para os atletas não há nada melhor que chegar a uma transição e receber um belo sorriso e o carinho da equipe de apoios. Mesmo com a sujeira e, muitas vezes, até com o mal-cheiro dos atletas, os apoios costumam estar dispostos a tudo, inclusive a distribuir abraços fortes a cada transição. O contrário também vale para os atletas, um 'muito obrigado' ou 'vocês foram demais' também é sempre muito bem-vindo. Afinal, muitas vezes os apoios largaram tudo, trabalho, família e férias, em troca de ser voluntários na competição.
Esperar, esperar e esperar tambémé sinônimo de paciência, muita paciência nos Ecomotions da vida. As estimativas de chegada das equipes raramente batem e a espera é a única coisa a ser feita.
Às vezes a única opção é dormir um pouco enquanto se espera a equipe. Felipe Chaya, apoio da FAAP @ Ecomotion Pro 2008
No primeiro Ecomotion, em 2003, na Chapada Diamantina, a equipe Cão do Mato levou mais que um dia para aparecer numa transição que, teoricamente, levaria poucas horas para acontecer. Apesar do desespero inicial dos apoios, os atletas chegaram bem, inteiros, felizes e prontos para continuar na etapa seguinte. Nesse caso, a ansiedade poderia ter atrapalhado o desempenho da equipe, caso os apoios, por exemplo, tivessem saído à procura da equipe.
Chegar a uma transição e não encontrar os apoios não é legal, mas acontece. Imprevistos como pneu furado, carro que atola na lama, bikes que voam dos suportes ou mesmo caminhos errados são comuns de acontecer. Para cada obstáculo, o melhor a ser feito é parar, respirar e pensar na solução. Pneu furado, troque. Carro atolado, inclua uma corda no equipamento de apoio e peça ajuda.
Caso a equipe já esteja próxima da transição, peça carona e carregue consigo alimentos e hidratação para os atletas enquanto eles aguardam a chegada do carro. Para as bikes voadoras, recolha tudo, amarre os suportes com barbante e silvertape e resolva tudo na transição. Peças sobressalentes e um bom curso de mecânica de bike também ajudam. Em resumo, desesperos e choros não resolvem problemas e podem tirar facilmente uma equipe da competição.
Em uma etapa qualify do Ecomotion, uma das equipes – melhor preservar o nome - literalmente foi abandonada pelo apoio que, diante de imprevistos, simplesmente surtou e foi embora. De novo, se algo acontecer, pare, respire e pense.
Dica
Diante de um turbilhão de responsabilidades dadas aos apoios, é praticamente impossível esgotar todos os pontos. De qualquer forma, costumo colocar em prática algumas dicas que recebi, há alguns anos, do Djalma Dutra, da Ciclocaravelle, e que sempre são muito úteis. Para os novatos nas corridas de aventura, o Djalma é um ícone entre os apoios e que teve importante participação na primeira vitória da Quasar Lontra em um Ecomotion, em 2004, na etapa Costa do Dendê (BA).
Basicamente, a estratégia de apoio de uma das principais equipes do País se resume em organização e agilidade. Com transições em menos de 11 minutos, a equipe, naquela época formada por Rafael Campos, Marina Verdini, Vinícius Cruz e o grande atleta e falecido Luis Antonio, se tornou a primeira brasileira a ganhar um Ecomotion.
Veja mais sobre a estrutura de apoio e transição no link: http://www.adventuremag.com.br/blogsv2/adventuremagz/2011/12/29/planejamento-da-estrutura-de-apoio-e-transicao/
Quer saber mais? Entre contato com:
Lilian Araújo
lilian@adventuremag.com.br
www.equipeguaranis.com.br
Nike e OrionHealth fazem transição no ARWC 2008 - Ecomotion Pro
Muitas áreas de transição são montadas em pequenas cidades
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