Tenho uma palavra para descrever esta experiência: INCRÍVEL! Incrivelmente linda, incrivelmente desafiadora, incrivelmente doida no final.
No dia 14 de abril de 2012 terminei meus primeiros 100K de montanha na prova Patagonia Run. E que prova! Diria que é do jeito que eu sempre quis correr. Terreno bom, muita montanha e trilhas.
No dia 10/04, terça-feira, acabei perdendo meu vôo. Fiquei bem desanimado, mas minha esposa Camile me apoiou e fui em busca do sonho. A cidade de San Martin de Los Andes, cidade sede da corrida é linda, com suas montanhas e seu belo e imponente Lago Lacar. Por lá conheci alguns brasileiros, todos gente boníssimas. O povo brasileiro é sempre o destaque. Um dos ilustres que conheci foi o Comandante Mario Lacerda, diretor da Brazil 135.
No dia 13, véspera da prova, veio aquele frio na barriga. Às 21:30 fechei os olhos, mas não durmi. A ansiedade era muita e vinham aqueles pensamentos: será que termino? Será que terei câimbras ? Que ritmo vou impor? E bla bla bla. Mas sempre no final o pensamento era: Eu POSSO.
Momentos antes da largada eu estava bem enjoado, mas foi só largar que tudo ficou bem. Os primeiros colocados impuseram um ritmo muito forte e até os 25 km eu surpreendentemente estava no 2° pelotão, 20 min atrás do1° pelotão e correndo com muita facilidade, só seguindo o ritmo.
Quando começou a subida do Cerro Colorado, 1779m, me desgarrei do pelotão junto com um atleta argentino e impusemos um ritmo forte, deixando para trás os outros atletas e começando a pegar atletas que estavam no 1° pelotão que já tinha se fragmentado. Depois do km 35 no PAS Colorado eu era 8° lugar.
Mais 6 km e começava a subida do Cerro Quialanhue, 1650m. Neste ponto começaram a oscilar as colocações, mas sempre me mantive entre os 10 primeiros, até o km 60, quando comecei a sentir as pernas.
Os últimos 40K foram bem complicados, muita variação altimétrica e somente trilha single track. No km 65 mais ou menos, a primeira mulher me pegou e junto, mais dois atletas. Aí baixei a cabeça e só fui seguindo o ritmo.
Faltando 20K eu estava naquela bad, mas se eu parasse eu sabia que não terminaria, então continuei. Neste momento ainda estava em 13° geral, mas nos últimos 10K não teve como manter. Muita dor no joelho e só andei.
Faltando 7K me arrastei. Meu joelho esquerdo travou e sentia muita dor a cada passo. Foram 2 horas para fazer os últimos 7K, e ainda por cima era ladeira a baixo, o que era o meu grande problema.
Neste momento só via atletas e mais atletas me passando, mas não tinha o que fazer. Coloquei na cabeça que tinha que terminar e faltava pouco.
Final, 15h37min29seg e 28° lugar geral.
Só por terminar já fiquei feliz, mas o resultado foi muito bom para quem treinou o suficiente para uma maratona e não 100K, estava com lesão no quadril e 5 dias antes da prova trincou uma costela. Sofri, mas venci!!
E ainda por cima 3 pontinhos para o Ultra Trail Du Mont Blanc, que é o grande desafio.
E este projeto esta sendo possível graças a Lei de Incentivo ao Esporte da Prefeitura Municipal de Curitiba. Obrigado!
E agora, bora treinar mais e correr mais. E ano que vem tem Patagonia Run outra vez.
MOOOOOVEEE!!!!
Ricardo Beraldi
Copyright©2000-
Adventuremag - Informativo sobre corrida de aventura - Política de privacidade
Proibida a reprodução, modificação e distribuição, total ou parcial de qualquer conteúdo deste website