Relato da equipe Ximango Sagaz na II Corrida Canela de Aventura

Por Cristian Maciel dos Santos - 08 Set 2003 - 10h32

No final de semana do dia 30 e 31 de agosto de 2003, a Ximango Sagaz subiu a serra gaúcha para disputar a II° Canela Aventura.
Seria uma prova de aproximadamente 50 Km com as seguintes modalidades: MTB, Bóia-cross, Técnicas Verticais, Orientação e Trekking.


Equipe se concentra antes da largada
foto: Carla Doebber


Temperatura na largada era de 9°C
foto: Carla Doebber


Equipe teve que empurrar a bicicleta na reta final da corrida
foto: Carla Doebber

O que estaria dificultando a prova eram as baixas temperaturas que estavam sendo registradas na cidade de Canela.
Estavam presentes no evento 52 equipes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina sendo que 49 equipes estavam disputando a categoria competição e 3 equipes na categoria turismo.

Quando chegamos em Canela às 9 h da manhã, os termômetros registravam 5°C, o tempo estava encoberto e com uma garoa constante. Fomos preparar os equipamentos, entregar as documentações, fazer a inspeção dos equipamentos e a chuva continuava durante todo o dia sem a temperatura ter um aumento significativo.

No período da tarde, a organização ofereceu oficinas de técnicas verticais e orientação. Nós aproveitamos para dormir a tarde toda já que estava bastante frio. O Briefing estava marcado para as 20 h mas acabou atrasando um pouco devido à quantidade de participantes ter sido superior a esperada pela organização. Eram esperadas umas 350 pessoas para o Briefing e segundo a organização havia aproximadamente umas 500 pessoas.

Após todas instruções e apresentações recebemos o mapa e fomos para pousada para estudá-lo e plotá-lo. Na I° Corrida Canela Aventura, estávamos plotando o mapa em clima de descontração e alguém leu uma coordenada errada e acabamos marcando um ponto errado. O pior que fizemos a conferência por pontos e foi lido novamente errado. Por fim, acabamos indo parar dentro do Rio Caí totalmente fora do trajeto da corrida. Bom, mas desta vez não cometemos o mesmo lastimável erro. Já definida a nossa estratégia, era só dormir e esperar pela corrida gelada.

O domingo amanheceu com o tempo aberto e a temperatura já estava bem mais agradável. às 7 h da manhã os termômetros registravam 7° C. No horário da largada a temperatura começou a subir e já estava com 9°C. A largada foi de bicicleta com mais de 200 atletas.

Não tivemos uma boa largada, pois a Márcia não estava se sentido bem. A partir da largada seguimos por uma estrada estadual até entrarmos em uma estrada de chão batido. Permanecemos juntos em um pelotão intermediário até o PC1. A medida que andávamos a estrada ia diminuindo e ficando cada vez mais técnica. Chegamos em uma bifurcação onde optamos seguir pela direita mas observamos que a equipe Rato de Trilha, que são da cidade de Canela, seguiram para esquerda. Nós os seguimos por mais uns 600 a 800 metros e deu para verificar o erro de navegação. Voltamos, pegamos o caminho correto e chegamos no PC2 na 12° Colocação.

Seguimos por uma descida muito embarrada onde havia um congestionamento de corredores. Não conseguimos desenvolver velocidade neste trecho e chegamos no PC3 ainda na 12° colocação. A partir do PC 3, partimos para um trekking por uma estrada um pouco embarrada. Neste trecho conseguimos passar por umas quatro equipes. Logo chegamos na barragem do Bugre, onde era o PC4, para fazer um rappel de uns 30 à 50 m (não lembro muito bem da altura pois estávamos preocupados em melhorar o nosso desempenho na prova). No PC4 chegamos às 9:55 h e lá foi fornecido a coordenada do PC5 (0528560 6753086) que era virtual.

Corremos mais uns 600 m e encontramos o PC5 que estava junto de uma linha de canalização que transporta água da barragem do Bugre até a Usina da Canastra. Esta tubulação tem um comprimento de mais ou menos uns 8 Km. No PC5 pegamos a coordenada do PC6 (0526984 6750904) e partimos seguindo a tubulação de água.

Passamos por duas equipes no caminho do PC6 mas, para nossa surpresa, quando chegamos no PC6 descobrimos que as instruções haviam sido roubadas. Havia um fiscal informando para seguirmos pela tubulação para encontrar o PC7 (******* *******) corremos uns 4 Km por cima da tubulação até encontrar o PC7 e durante este trecho passamos por outra equipe. Um dos integrantes desta equipe havia caído de cima da tubulação. É uma altura de aproximadamente uns 2,5m mas, nada de grave havia acontecido com ele. A vista de cima da tubulação era maravilhosa porque estávamos indo em direção a um grande desnível. De onde estávamos tínhamos uma boa visada do vale do Paranhana.

O PC8 ficava junto a um grande reservatório de água da Usina da Canastra. Chegamos neste PC às 11:11 h e partimos para uma descida de desnível de 300 m numa distância de 600 m. Era uma descida bastante íngreme e acidentada. Não sabíamos se descíamos por cima da tubulação, pela encosta ou por um trilho de trem que deveria ser utilizado para o transporte de material para manutenção do reservatório da Usina.

Depois da descida até a Usina da Canastra, passamos pelo PC9 e partimos para a o PC10. No caminho encontramos uma dupla que estava um pouco desorientada e acabamos seguindo todos juntos até outra barragem. Nesta barragem teríamos que fazer um outro rappel e começar uma etapa de Bóia-cross. No Briefing, foi instruído por um dos organizadores que duas pessoas fariam a descida por corda, atravessariam o rio e buscariam as bóias lançando-as para os outros dois integrantes da equipe que permaneceriam na outra margem do rio.

A grande particularidade desta etapa era que, dependendo de onde as equipes se posicionassem no rio, havia uma corredeira muito forte da saída da barragem e uma largura de uns 15 m de uma margem a outra. Se a bóia fosse lançada errada e caísse na água, os integrantes que estariam lançando teriam que sair nadando rapidamente atrás das bóias e, tentar lançá-las até a outra margem novamente. Outra era a temperatura da água estava extremamente fria.

Para não corrermos o risco de perdermos as bóias, eu e a Márcia pulamos nas corredeiras e nadamos até uma parte do rio onde a margem ficava mais estreita. Nesta parte ficou mais fácil das bóias serem lançadas. Algumas equipes também se lançaram nas corredeiras mas atravessaram o rio e pegaram as bóias sem terem que fazer o lançamento. Foi uma falha da organização porque não havia nenhum fiscal e algumas equipes tiveram muito trabalho para conseguir pegar as bóias do outro lado do rio enquanto outras não tiveram trabalho algum. Sempre que em um evento seja colocada uma particularidade, assim como prova surpresa, é imprescindível que haja uma fiscalização para que não ocorram desigualdades no cumprimento da prova.

Este fato foi comunicado por várias equipes a organização mas não ocorreram mudanças na classificação final. Durante a descida de bóia do rio Paranhana, ocorreram vários casos de hipotermia. A descida de bóia neste rio poderia ter sido até divertida se não fosse a temperatura da água que estava muito baixa e nós optarmos por não transportar roupas de neoprene.

Saímos da água na 4° Colocação, 5 minutos atrás da 3° Colocada. Fizemos uma tarefa ambiental que foi o plantio de árvores e pegamos novamente as bicicletas para a última etapa, que seria subir a partir do parque das corredeiras até a cidade de Canela. Iríamos percorrer uns 16 Km com um desnível de uns 650 m. Tiramos as roupas molhadas e fomos pegar as bicicletas só que a minha estava com o pneu furado. Partimos para troca e durante a troca quebrei uma das bombas que tínhamos. Tivemos que utilizar uma reserva e após a troca partimos em busca de uma melhor colocação.

Percorremos não mais de 1,5 Km e quebrou o câmbio da bicicleta da Márcia. Agora realmente era grave. O que fazer? Seguimos correndo empurrando e rebocando a bicicleta dela e estudando uma solução. Resolvemos abrir a correia, retirar o câmbio quebrado e instalamos a correia novamente sem marchas. A idéia não funcionou muito bem. Fomos pedalando e empurrando a bicicleta morro acima. Fomos forçando a correia até que entortou todo o disco do pé-de-vela. Bom, aí não tinha mais o que fazer. Foi correr e empurrar a bicicleta por uns 10 Km até a cidade de Canela. Acabamos perdendo três posições e chegamos na 7° colocação as 16:24 h.

Na 1° colocação ficou a equipe Serra Grande de Igrejinha/RS, na 2° colocação a Narrobada de Florianópolis/SC e a Caverá de Caxias do Sul/RS na 3° colocação.

A Ximango Sagaz é formada por Cristian Maciel, Fernando Fagundes, Márcio Palermo e Márcia Dal Santo e contao com o apoio da Petroquímica Triunfo, Red Bull Energy Drink, Big Wall – Equipamentos para Aventura, Beto’s Bike e Marquart – Operadora de Aventura.

Conheça a equipe: www.southadventure.com.br

Cristian Maciel dos Santos
Por Cristian Maciel dos Santos
08 Set 2003 - 10h32 | sul |
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