Nesse último final de Semana, Gabriela Carvalho e Rodolfo Portela organizaram um treino simulado de corrida de aventura nas chamadas terras altas da Mantiqueira, mais especificamente em Delfim Moreira, sul de Minas Gerais. O treino teve 50km de mountain bike e 15km de trekking, utilizando a orientação através de mapa e bússola e em alguns trecho uma pequena planilha com referências.
fotos: Wladimir Togumi |
Para simplificar a logística do treino, cada equipe foi responsável pelo controle de passagem no PC. Em cada um dos 13 Postos de controle a equipe encontrava uma prancheta, onde deveriam colocar o nome da equipe e o horário de passagem, e uma fita adesiva colorida, que confirmava a passagem pelo PC. Teve equipe que perdeu a caneta e escreveu o nome e horário com terra!!
Cada um usou a criatividade para escolher o local onde a fita adesiva colorida seria colada e que funcionaria como passaporte de controle: na caneta usada para preencher a planilha, na mangueira do camel back e no cordão da bússola, que provou ao final da corrida ser a menos eficiente de todas, já que a equipe perdeu algumas fitas no percurso.
Já no início do primeiro trecho de mountain bike as equipes enfrentavam a primeira das várias subidas longas do percurso. A recompensa de tanto esforço tinha início no PC2. Um downhill de 12km até o PC3. As equipes tinham ainda frutas à disposição e 5 minutos de parada obrigatória. Na verdade a parada era para curtir o visual mas o tempo fechado proporcionou apenas um vento gelado e uma névoa branca cobrindo todo o vale .
Pelo menos um participante levou a pior na descida. João Bellini caiu durante o downhill e chegou com o peito todo ralado. A roda dianteira da sua bicicleta entortou no meio e precisou de uma “força” para voltar ao lugar. Para prosseguir o freio dianteiro da bicicleta teve que ser solto para que a roda girasse livre. Depois do downhill e chegada no PC3, montado na Pousada Fazenda Lageado, as equipes sairam para um trekking de apenas 3km. Primeiro morro acima, para pegar os Pc’s 4 e 5 e depois morro abaixo, para descobrir que o PC6 estava do outro lado do rio e que um dos participantes da cada equipe tinha que molhar o pé para assinar a planilha e pegar o bendito durex colorido.
De volta à Pousada Fazenda Lageado, local do PC7 e onde as bicicletas ficaram paradas, as equipes encararam um uphill monstro de volta à Fazendo Boa Esperança. A equipe Espírito livre foi a primeira a chegar no PC10, com bicicleta sem freio dianteiro e a roda torta. As equipes receberam novas instruções para o último trekking, alguns até comeram um pouco, já que o almoço começava a ser servido, e quando saindo viram a equipe Nóis capota mas num breca, formada por Maurício Diglu, Karina Milanez e Eduardo Razuck chegar, partiram correndo para o trekking final, pelas estradas e trilhas da fazenda com direito a travessia de alguns rios.
No final do trekking e apostando na orientação, Diglu resolveu fazer um rasga mato e chegou na frente da única equipe masculina. Uma das equipes resolveu parar no PC10 e não fazer a última etapa de trekking.
A apuração dos resultados foi a parte mais divertida e polêmica do treino. Foram equipes que não assinaram a planilha, outras que perderam algum pedaço de fita e pedaços de fitas coladas com as cores fora de ordem. Justificativas não faltaram para garantir o primeiro lugar.
A premiação, simbólica, foi entregue para as primeiras 5 equipes, isto é, para todas as participantes.
1o lugar – Diária na Fazenda Boa Esperança
2o lugar – Revisão das bikes na Ciclovece
3o lugar – bonés da 4any1
4o lugar – quatro jogos “resta um”. Isso mesmo, aquele jogo
que você conhece de longa data
5o lugar – 1 pacote de gatorade em pó sabor limão
Todo o percurso foi elogiado mas a etapa de mountain bike, tirando o uphill matador, com uma mistura de estradas e single tracks agradou a todos. De acordo com alguns comentários o percurso foi bem montado e poderia fazer parte de qualquer "corrida grande" que está sendo organizada atualmente.
Leia abaixo o depoimento de Monica Pasqualin, atleta iniciante nas corridas de aventura que participou do treino no final de semana:
"Há quinze dias atrás recebi um convite da Gabi (Gabriela Carvalho – equipe Lobo Guará) e do Rodolfo (Rodolfo Portela – equipe Brother / Loucos por natureza) convidando para o “Raid Sário”, um treino simulado de corrida de aventura com 50km de bike e 15km de trekking. Comecei a fazer provas de aventura este ano, portanto sou super inexperiente no assunto, mas resolvi encarar o desafio, e curtir a paisagem e o final de semana com os amigos.
Chegamos na Pousada Fazenda Boa Esperança, em Delfim Moreira – MG- Serra da Mantiqueira, na sexta-feira à noite e descarregamos o carro, com todas as tralhas que atletas de aventura precisam para fazer uma prova e fomos comer uma sopinha maravilhosa com uma cachoeira enorme a nossa frente.
Éramos 16 participantes e a Gabi e o Rodolfo sortearam os participantes para ficar um pouco mais equilibrados em 5 equipes, com 3 e 4 participantes em cada. Cada equipe tinha um navegador que foi o “cabeça de chave” do sorteio! Eu cai na equipe do Cris e da Silvia. Ouvimos o briefing e fomos dormir.
Iniciamos a prova logo cedo, às 9hs, a primeira perna de bike já tinha uma subida de dar medo aos iniciantes. Encarei e consegui subir quase tudo em cima da bike, mas tive que empurrar um pouquinho. Em seguinda fizemos um single track com uma cachoeira à nossa direita. Chegamos ao PC1 bem! E logo partimos para o PC2 – o PC das Frutas! Um visual deslumbrante com parada obrigatoria de 5 minutos. Logo em seguida fomos para um downhill de 13K com uma das vistas mais maravilhosas que eu já vi.
No PC3 mudamos para o trekking até o PC7 quando voltamos para mais um trecho de bike. Que trecho! 3K de pura subida que só o Amauri conseguiu fazer montado na bike. É nesta hora que você se pergunta “O que estou fazendo aqui?”. A reposta você só tem depois prova, mas na hora você quer largar a bicicleta lá mesmo e esperar uma boa alma vir te resgatar.
Mas tem que continuar e isso que é demais em prova de aventura. Você testa os seus limites e o mais importante: você supera os seus limites.
Continuei superando com a grande ajuda dos meus companheiros de equipe que tiveram toda a paciência do mundo para me aguardar. Foi ai que eu lembrei das recomendações da Gabi e do Rodolfo: força nas pernas, disposição e bom humor!
Depois do segundo trecho de bike, teve mais um trekking de 12K com muitos aclives, muitos declives, cachoeiras, lindas, bromélias, araucárias, esquilos e pássaros do sul de Minas.
A última equipe que percorreu todo o percurso chegou às 19hs, exausta, e radiante ao mesmo tempo.
Terminei a prova feliz. Foram 8 horas e meia de muito esforço, mas também de muita satisfação, porque prova de aventura é assim: você se rala, cai da bicleta e perde a caneta (esta foi para o João), fica com a perna roxa, tira força da onde você achava que não tinha, fica dolorida, mas quando acaba parece que você quer passar tudo de novo, porque a sensação que dá só quem fez é que pode entender!
Super obrigada Gabi e Rodolfo e até o próximo aniversário.
Raid Sário II: os últimos serão os primeiros."
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