A Associação Paulista de Corrida de Aventura – APCA -, órgão criado em 2005 com o intuito de fomentar e organizar o esporte, agora tem um novo presidente. Maurício Santi tomou posse dia 14 de agosto e falou sobre o passado e futuro da Associação e do esporte no Brasil. Ele, que se autointitula um entusiasta do esporte, mostra que chegou cheio de vontade, com muitos planos e vontade de agir para levar mais e mais pessoas a praticarem a corrida de aventura.
Desde sua fundação, a APCA tem atingido as metas propostas por ela?
Acredito que não, mas não por falta de vontade de alguns, se não por falta de envolvimento de todos os atletas. Entendo que uma instituição não se faz forte somente com o desejo de uma diretoria, mas sim com a contribuição de seus associados.
Qual a sua relação com a Associação desde então e o que o levou à presidência?
Em 2009 eu percebi que os atletas não gostavam de se envolver com assuntos políticos da APCA. Foi aí que eu me aproximei da diretoria (naquela época por meio do João Castro), e coloquei a mim e a “EU VOU” (equipe amadora de mais de 160 amigos praticantes do esporte, que coordeno) à disposição da APCA. Na época estávamos com cerca de 90 atletas na equipe. Na reunião que participei percebi que eu tinha razão. A diretoria estava isolada e sem nenhum envolvimento dos atletas. Mesmo assim, pessoas altamente interessadas, como o Fran Perez (Chauás), o próprio João Castro, Jeff Idalino e o Fabiano Kenzo trabalhando voluntariamente pelo amor ao esporte.
Saí de lá com mais vontade de fazer a “EU VOU” crescer e ajudar aquelas pessoas a tocarem a APCA.
Em 2010, a APCA perdeu totalmente o foco, na minha opinião, quando decidiu organizar uma prova. Não quero entrar nas particularidades desta decisão. Já conversei com todos os envolvidos e compreendi a complexidade da questão. Mas não basta ser contra uma decisão e ficar criticando uma diretoria. No final de 2010 me aproximei mais ainda de alguns integrantes da diretoria. Por causa da organização desta prova a diretoria ficou muito vulnerável e foi se esvaziando.
Foi aí que tive a ideia de criar o “clube da Aventura”, que nada mais era do que um dia fixo no mês para juntar os amigos que praticavam o esporte para discutir, trocar ideias , falar das provas e fortalecer as amizades em uma mesa de bar de São Paulo. Naquele momento deu 100% certo pois nos primeiros meses tivemos várias discussões que nos fizeram pensar mais profundamente no esporte, tendo como principais temas: calendário, Kit obrigatório, primeiros socorros e segurança dos atletas. Daí para frente, trabalhei para ajudar os poucos que ficaram na APCA em algumas ações, umas com resultados e outras não, mas sempre me pondo à disposição. Assim que surgiu a oportunidade de me candidatar, inscrevi minha chapa.
Hoje, com o Maurício presidente, quais as diretrizes que a nova APCA vai tomar?
Nossa diretoria tem as duas extremidades dos praticantes do esporte. Eu, que sou um dos coordenadores da “EU VOU”, e tenho uma visão voltada para os novos praticantes e os praticantes da chamada categoria “Sport”; e meu vice, Diogo Malagon, um atleta de ponta com nível internacional, hoje integrando a Equipe SELVA em provas internacionais, que trará a visão e necessidades do atleta de ponta para dentro da APCA, criando, assim, um contra ponto altamente produtivo.
Entendo que nossas principais metas são de fomentar o esporte trazendo mais adeptos, com isso mais investidores públicos e privados. Temos também que criar facilidades para os atletas treinarem, como fazer parcerias com cidades onde costumamos correr e treinar, conseguir descontos em hospedagens, restaurantes etc., para associados da APCA.
Nossa ideia é promover cursos, palestras e treinamentos para os associados com verba público/ privada, recebendo projetos de parceiros como, por exemplo, palestra sobre segurança e primeiros socorros.
Vamos também colaborar para a criação da Federação Paulista de Corrida de Aventura, pois ela que fará o papel de gerir o esporte no Estado de São Paulo, e não mais a APCA.
O Brasil já é referência no esporte?
Na minha visão o Brasil tem muito a fazer para ser uma referência no esporte. Somos muito amadores em todos os sentidos. Até hoje falta uma organização maior de todos que participam direta e indiretamente do esporte como atletas, organizadores, poder público e patrocinadores. Agora com a recente criação da Confederação acredito que a coisa evolua um pouco mais rápido. Em São Paulo, a Federação ajudará também nesse crescimento, pois dará mais credibilidade junto aos órgãos públicos. Usando as palavras do Fran Perez (Chauás) – http://selvaaventura.com/?p=1152 -, também acho que “temos a ganância e a inveja de quem só pensa em si próprio e acaba prejudicando quem pensa no coletivo”.
O que falta ainda para ganharmos (o país) mais visibilidade em nível internacional?
Hoje temos pouquíssimos atletas com nível internacional. Podemos citar a Equipe Selva que faz um belíssimo trabalho, representando o país no exterior, e a Equipe Quasar Lontra, mas falta investimento público e privado para que estas e outras equipes possam disputar mais provas e, assim, serem mais competitivas lá fora, dando visibilidade para o Brasil.
A corrida de aventura ainda está engatinhando? Como você vislumbra o futuro do esporte?
Acredito que estamos saindo da adolescência, com a criação da Confederação. Temos muito o que fazer, principalmente trazer investidores para que o esporte fique mais acessível, pois, hoje, praticar corrida de aventura é bem caro e se torna inviável o praticante fazer todas as provas do Circuito Paulista, por exemplo. Sou um entusiasta do esporte e acredito que temos, no Brasil, um grande potencial de crescimento de recursos humanos e recursos naturais infinitos.
O brasileiro ainda “tem medo” da corrida de aventura?
Acredito não ser medo que o brasileiro tem, mas sim, desconhecimento. Tem muita diferença entre provas longas e provas curtas, podemos muito bem fazer um trabalho para trazer praticantes para provas curtas e com o tempo ele passa para novos desafios. Temos provas de 25 km como o AdventureCamp, que é uma boa porta de entrada para os iniciantes e mesmo a de 37km, do HakaRace. Ambas podem ser encaradas tranquilamente se o iniciante tem um pouco de treinamento.
© Paloma Denaro/ Cardigan Comunicação
Copyright©2000-
Adventuremag - Informativo sobre corrida de aventura - Política de privacidade
Proibida a reprodução, modificação e distribuição, total ou parcial de qualquer conteúdo deste website