Relato da equipe Rápidos e Rasteiros/Klimax na 4a etapa do Carioca Adventure

Por Andreia Ramos - 30 Set 2003 - 13h59

Quando nos inscrevemos para a quarta etapa do ‘Circuito Carioca Adventure’ em Três Rios tínhamos a certeza de que seria uma das mais importantes corridas da equipe, pois marcaria uma transição. A equipe ‘Rápidos e Rasteiros’ faria sua última aparição e, com uma nova constituição, passaria a se chamaria ‘Klimax’ nas próximas competições.

A equipe teve uma largada muito difícil e em último lugar. Foi uma largada ao estilo Le Man, onde duas equipes se juntariam e precisariam nadar até a outra borda para remar 20km de muitos remansos, duas quedas e algumas corredeiras no Rio Paraíbuna. Apesar de dois atletas, que estavam no nosso bote, terem sofrido quedas no rio durante as corredeiras, com muita disposição, ultrapassamos 5 botes, deixando 10 equipes para trás e fechando em 16º esta etapa da competição.

Seguimos para os outros 130 km começando com plantio da árvore e depois atravessamos um córrego com as bikes presas em apenas 1 “bóia” (entenda-se por “bóia” uma câmara de ar de caminhão); apesar de aparentemente simples, esta etapa demandava muita atenção das equipes, pois a água poderia causar danos aos equipamentos (suspensão, faróis, ciclo-computadores, etc...) e comprometer a corrida.

Mesmo tendo um dos pneus furados, fizemos uma troca rápida, pedalamos até o PC 2 onde começaríamos a etapa de Bike’n Run (onde apenas 1 dos atletas iria pedalando) em 11º lugar e saímos em 10º. Entre os PCs 3 e 4 a equipe se separaria e o integrante de bike seguiria por uma etapa de mountain bike e os outros 2 subiriam para fazer uma rapel alucinante e com uma visão privilegiada da região. Chegamos no PC 4 às 14:50 e fomos informados que o rapel fecharia às 15:00. Mesmo mantendo um ritmo muito forte de subida no trekking por pouco não ficamos de fora.

Deixamos o PC 4 em direção ao PC 5 em 9º lugar e administramos esta posição até o PC 8. Neste PC, foi preciso amarrar as bikes em 2 bóias e atravessar nadando o rio com corredeiras até a outra margem para assim seguir na etapa de mountain bike. Mas havia alguns complicadores que aumentavam nossos níveis de adrenalina: Um deles é que iniciamos a travessia às 00:00, isto é, na maior escuridão e tentando somente com iluminação das headlamps descobrir o melhor caminho para sair entre as pedras do outro lado do rio. E o outro eram as próprias corredeiras, que dificultaram a nossa progressão. Esta etapa apesar de um pouco demorada foi realizada sem erros e com o maravilhoso apoio dos guias da Aventur que nos orientaram muito bem e seguiram para o caso de necessitarmos de resgate.

Já do outro lado do rio, seguimos de mountain bike até a cidade de Chiador onde se encontrava o PC 9, o primeiro ponto onde encontraríamos as caixas com nossos itens de alimentação e equipamentos. Este circuito não permite a utilização de apoios pelas equipes, por isso a logística tem de ser muito bem feita para não carregarmos itens demais e nem de menos. Saímos para o PC 10 em 8º lugar e a partir daí faríamos uma corrida contra o tempo para não sofrermos os cortes que nos rebaixariam para a categoria aventura.

Como a única opção que tínhamos por causa dos horários era a de não parar para dormir, um de nossos atletas começou a sentir o desgaste e mesmo assim se esforçou ao máximo para continuar navegando corretamente e dormia andando para tentar não diminuir nosso ritmo de caminhada. Funcionou, chegamos ao PC 10 em tempo de não receber o corte das 09:00 e tínhamos pouco tempo para chegar ao PC 11.

O caminho para o PC 11 foi o mais desgastante e sofrido da corrida, pelo menos para nós. Era um canoying por um rio (nem sei se merece este nome) com águas paradas, leito nojento e com uma vegetação fechada e espinhosa. Assim sendo, demorávamos e sofríamos muito com o desgaste físico para percorrer um percurso relativamente pequeno. Sem contar os ferimentos pelo corpo e as bolhas que começavam a surgir nos pés, por causa da areia do leito do rio que entrava nos calçados.

Quando chegamos na estrada que seguia para o PC 11, saímos justamente em frente à entrada da fazenda onde este se encontrava. Eram exatamente 09:50 e nós corremos morro abaixo em velocidade, gritando o PC para que ele nos visse e conseguirmos ficar na categoria principal: Expedição. Conseguimos atingir o PC 11 às 09:57 e muito felizes pedimos para avisar pelo rádio que a equipe seguiria adiante para realizar o que fosse possível e permitido pela organização da competição.

No caminho para o PC 12, o sol resolveu nos brindar com sua presença e sofremos para percorrer os muitos kilometros que ainda faltavam. Porém, um fazendeiro local nos ajudou e permitiu que fizéssemos uma jornada menor, cortando caminho por dentro de sua propriedade. Encontramos outra equipe no caminho e chegamos juntos ao PC 12 às 13:20 em 7º lugar, onde fomos informados que a organização encerraria a competição às 14:00. Decidimos esperar e encerrar nossa participação trocando experiências e aguardando o veículo que nos levaria até o centro de Três Rios para a cerimônia de premiação.

Fomos muito bem recebidos pelo staff da competição que reconheceu e acompanhou nossa progressão, esforço e recuperação de posições desde o começo e ficamos super satisfeitos com o nosso resultado, pois enquanto os 6 primeiros administravam suas vantagens desde o 1º PC, nós precisamos superar 18 equipes (muitas das quais experientes), os problemas com equipamentos, o desgaste físico e mental.

Agradecemos a organização pelo maravilhoso evento, e a Deuter, Amazonas Bike e Rio Sport Center por acreditarem no nosso potencial como atletas.

Andréia Ramos
Equipe Rápidos e Rasteiros / Klimax
andreia@klimax.esp.br

Andreia Ramos
Por Andreia Ramos
30 Set 2003 - 13h59 | sudeste |
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