A montagem das equipes para o Rocky Man não foi tarefa fácil. Os capitães tiveram que escolher os melhores atletas em cada modalidade e que ao mesmo tempo tivesse um desempenho médio nas etapas coletivas (canoa polinésia e corrida em rua). Alguém que corresse bem, mas não remasse nada, poderia ser um tiro no pé. Além disso era obrigatória a presença de pelo menos uma integrante feminina e ainda havia as opções do capitão apenas liderar ou também fazer parte da equipe, tanto nas modalidades individuais como nas coletivas.
Alguns corredores de aventura conhecidos - e acostumados com eventos multiesportivos - optaram por ficar de fora e apenas coordenar sua equipe. Foi o caso de Rafael Campos (QuasarLontra), Diana Gomes (Gantuá Millennium) e Nora Audrá (Team IDA New Zealand)
Uma das estratégia de Diana era não colocar a mulher em uma modalidade que ela fizesse diferença em relação a um homem, como as que exigissem força. "Achei que o ideal fosse no parapente, mas não consegui uma mulher que pilotasse (risos)", comentou Diana.
Talvez outras equipes tenham pensado na mesma estratégia ou tenha sido apenas coincidência, mas muitas mulheres estavam na Pedra Bonita prontas para decolar assim que seu companheiro de equipe chegasse correndo. Com certeza não foi o caso da Team USA, que queria o melhor em cada modalidade e trouxe Kari Castle, três vezes campeã mundial de asa delta e quatro vezes campeã norte-americana de parapente.
Kari Castle se prepara para decolar da Pedra Bonita
No surfe um dos destaques foi o big rider Pedro Scooby. "A galera aqui não é profissional, então entrei na água para me divertir. Fiquei conversando com a galera lá dentro e me falaram o que cada um fazia", disse o vencedor da etapa.
Quem recebeu muitos aplausos (de incentivo) foi Antonio de La Rosa (Meridiano Raid). O corredor de aventura espanhol nunca tinha surfado antes e gastou a maior parte do tempo de sua bateria tentando atravessar a arrebentação. Mesmo assim não perdeu o bom humor. "A experiência foi divertida. Tentei pegar as ondas, mas não consegui, sempre voltava para trás. Mas na última consegui ficar de joelhos e em último (lugar) não fico", disse rindo ao sair da água.
Antonio de la Rosa comemora ao conseguir ficar de joelhos
Outro que enfrentou o mar numa prancha pela primeira vez a poucos dias da competição foi o mineiro José Elias (Brou Aventuras). "Equipe de mineiros, já viu né? Alguém ia ter que cair na água!!! Fui para o Rio de Janeiro 15 dias antes do Rocky Man para 'aprender a surfar' e ao longo de 3 dias consegui pegar 3 ondas. Fiquei arrasado e pensei em sair da equipe pra contratar um surfista pro!! Foi fundamental a galera me dando força, dizendo para eu fazer o meu melhor. E pensei no que disse meu professor - e irmão - Felipe Veizim: no surf o importante é diversão.... e aí na quinta feira, já no RJ, cai na água de novo e ai sim a coisa fluiu... peguei váaaarias ondas e fui tranquilo para a largada!! No fim valeu demais a experiência!! Estar ali, junto com grandes surfistas, todos compartilhando o que sabiam e sorrindo, esperando as ondas...show de bola.."
José Elias aprendeu a surfar poucos dias antes da competição
Além de correr, Elias também fez a etapa de corrida de montanha. "Ao alinhar com alguns dos caras mais feras das corridas de montanha do Brasil (tinha até um queniano!!) senti um frio na barriga... Corri sozinho boa parte do tempo e só na parte final fui conseguir ter contato visual com alguns atletas, fui melhorando e terminei a corrida em quase último, mas com a sensação de ter feito um dos percursos mais duros e bonitos da minha vida!!
Em todas as equipes pelo menos um atleta fez mais de uma modalidade, normalmente o surfe/stand up paddle ou mountain bike/corrida de montanha, mas outras combinações também foram utilizadas como surfe/mountain bike, surfe/parapente e atletas que fizeram três modalidades como Marcio Franco (Brasilia Multisport) e Richard Pethigal (Trek Uruguay), que encararam surfe/SUP/Parapente.
Mas nem sempre a melhor estratégia ou melhor formação garante um bom resultado. Apesar de estar longe disputa dos primeiros lugares, todas as equipes querem fazer a prova completa. "Nossa equipe foi superada desde o começo. Quando chegamos na praia Vermelha para pegar a canoa havaiana ja estávamos na 10ª colocaçao, muitos minutos longe da ponta, ou seja, nossa boa corrida final não faría diferença", comentou Ruben Mandure.
Infelizmente a Trek Uruguay teve sua embarcação afundada na etapa de canoa polinésia e a equipe teve que sair da água antes de completar a etapa, assim como a Selva. "A gente estava com uma estratégia na canoagem, mas nossa embarcação afundou o ama (estabilizador lateral). Mas foi um bom aprendizado", disse Caco Fonseca.
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