Os participantes das corridas de aventura de longa duração competem em condições intensas, tanto mental quanto física, em condições sociais e ambientais em constante mudança. Em 100 horas, eles dormem entre uma hora e meia e duas horas por dia - se tiverem sorte. Mas enquanto os espectadores os vêem suando e sofrendo durante a competição, o que realmente acontece dentro do corpo? Dr. Jim Cotter, pesquisador da faculdade de educação física de Otago, está para descobrir - tanto como participante quanto cientista.
Parte de uma equipe de 4 pessoas inscrita na corrida, Cotter também lidera uma equipe de cientistas de Otago que acompanhará o progresso de atletas selecionados enquanto tentam cruzar a linha de chegada no Southern Traverse 2003. E mais, a Royal Society da Nova Zelândia está oferecendo $53.000 para a Universidade e para o Southern Traverse para uma campanha multimidia que mostrará a ciência e tecnologias de ponta utilizadas no teste dos efeitos da corrida no corpo e na mente dos atletas. A Royal Society ira fazer um documentário de uma hora de duração para a televisão mostrando o estudo dos pesquisadores com os atletas, que será transmitido na Nova Zelândia e potencialmente no resto do mundo. Essa inovação terá também um seção dedicada no website do evento.
Utilizando a última tecnologia, medidas cognitivas, físicas e psicológicas serão obtidas para determinar os efeitos específicos de exercícios prolongados, semi continuo no corpo humano. Os resultados ajudará a responder algumas questões que Cotter - um atleta de endurance - a muito tempo se preocupa. "Você tira seu corpo da zona de conforto e quer saber o que realmente está acontecendo," disse Dr Cotter. "Mas é uma coisa muito difícil de medir, tanto na questão do tempo e o que estamos procurando medir quanto nos locais de acesso. Você pode estar no meio da noite ou no meio do nada quanto os parafusos começam a se soltar, e esses parafusos em particular são difíceis de medir."
Por sorte o Southern Traverse deste ano será realizado à leste de Otago, começando e terminando dentro dos limites da cidade de Dunedin - e perto da Universidade, de seus cientistas e seus laboratórios. Essa proximidade ajudará a manter os olhos nos participantes.
Os eventos de resistência colocam o corpo humano sobre grande stress durante um longo período de tempo. Enquanto os cientistas sabem que os corpos podem se adaptar ao estresse durante um período, "aqui teremos o stress cronico e agudo juntos - durante quatro ou cinco dias," explica o Dr Cotter. "Como o corpo responde? O que acontece à nossa capacidade funcional? Está limitado ao músculo ou ao sistema nervoso central, que finalmente nos faz falhar?"
Enquanto os atletas de poltrona se maravilham com o que levam as pessoas a participar das corridas de extrema resistência, Dr Cotter diz que geneticamente, os seres humanos são mais aptos a se adaptarem ao stress fisico e mental do que apenas "ficar sentado em frente à TV."
"você deve se perguntar o que é mais extremo, nós fazendo esse evento ou as pessoas assistindo em casa, comente hamburger e batatas fritas."
Na corrida de 2000 alguns testes foram conduzidos nos atletas, mas foram usados mais como ferramenta de marketing e não tinham a intenção de fazer parte de um rigoroso estudo científico, diz a diretora do Southern Traverse Pascale Lorre.
"Com esse estudo, biópsias serão feitas no tecido do músculo, para ver quanta energia é usada pelo corpo e qual a velocidade do gasto, as ondas cerebrais serão escaneadas para examinar os efeitos da privação do sono, a quantidade de comida íngerida será medida," ela diz.
Ela diz que o Traverse, que terá início na manhã de 10 de novembro, é o teste de campo ideal. Ele coloca uma equipe de quatro integrantes contra um percurso de 400 a 500km onde os atletas se alternam no caiaque, mountain bike, natação e trekking. A área de Dunedin também possui uma rota costeira onde as equipes terão que nadar de uma praia a outra.
Mais informações: www.southerntraverse.com
16 Out 2003 - 11h31 | geral |
