Tinha me preparado para esta prova há mais de 6 meses, com mais de 1.100 Km percorridos como treino, sendo de 30% destes em montanhas. Sentia que estava preparado. Bora viajar.
Saí de Curitiba (PR) no dia 09 de abril junto com a atleta Daiane Luise. Chegamos em San Carlos de Bariloche e resolvemos fazer uma aclimatação na região do Cerro Catedral. Corremos 22 Km na ida e volta ao Refugio do Frei, lugar lindo. Ali eu já senti que iria ter dificuldade com a respiração, o clima da região é muito seco. Pegamos neve no retorno e deu para sentir um pouco a baixa temperatura.
No dia 12 de abril, tiramos todas as nossas duvidas sobre a prova no congresso técnico. Aproveitamos para deixar nossa sacola que iria ficar em um posto de abastecimento durante o percurso. Deixei tênis reserva, meia, comidas, gel e isotônicos, nem usei tudo.
No dia 13 de abril às 06h40min fomos de ônibus até a RCM4, uma base militar da cidade. Lá tinha café, isotônico e bolachas. A largada foi dada às 7h30min pontualmente com uma temperatura de aproximadamente -2ºC. Resolvi largar de bermuda e minha estratégia foi a seguinte: de bermuda, se eu parar vou sentir frio, então, não para nunca. Deu certo.
Já na largada pegamos uma trilha dentro da base militar com subida, até o km 5,700 e depois uma descidinha e volta a subir, até o km 13,500. Esta foi a primeira montanha, o Filo Lolog, visual fantástico.
Devido ao frio, demorei para aquecer. Foram uns 50 minutos, mas depois que aqueci, soltei as pernas e bora correr, senti um pouco o meu tornozelo, mas nada de grave, continuei, o sol nasceu e aumentei o ritmo da corrida.
No PAS (posto de assistência total) era uma festa só. Estava com o meu cabelo pintado de Verde e Amarelo e uma bandana do Brasil na testa, que responsabilidade. Os argentinos faziam uma festa enorme. Tinha água, café, chá, comidas e isotônico, fiquei uns 4 minutos, completei minha água, peguei gel e bala de sal, comi um pouco. Continuei correndo e logo me deparei com a subida do Quilanlahue.
Pedras soltas, subidas fortes, trechos com neve. Ali foram 4km que levei mais de 50min com um desnível de 600m de altitude. Já a descida tinha 3km, ali eu ultrapassei vários corredores. A descida foi muito técnica e faltando 20km para terminar, usei toda a minha energia e foquei na corrida.
Dali para frente foi usar muito a cabeça. Dores foram surgindo, mesmo assim mantive bom ritmo e não deixei ninguém me ultrapassar. Entrando na cidade foram 1,5km de pura emoção. Parecia que toda a cidade estava ali, torcendo, vibrando, prestigiando os corredores, e claro, quando viram que era um brasileiro, os gritos aumentaram. Nisso surgiu mais uma energia e corri mais ainda.
Terminar uma ultramaratona não é simples, agora uma ultramaratona de Montanha é muito mais complicado. O preparo físico é extremo, mas a cabeça tem que estar muito mais trabalhada.
Estava com uma expectativa de terminar entre 9h30 - 10h e cheguei em 8h30. Dos 260 atletas que largaram, terminei em 25º no geral e 13º na categoria, sendo o 5º brasileiro.
Meu objetivo único nesta prova era "terminar, chegar bem, sem muitas dores". Isto aconteceu e muito melhor que eu esperava. Para isto acontecer teve várias pessoas por trás disto. Não completei os 63km sozinho, lembrei de cada dica que meus amigos me deram. Isto me ajudo e muito a terminar a prova.
Agradeço a Secretaria Estadual de Esporte, Altiseg, FEPAM (Federação Paranaense de Montanhismo), Agua Verde Pilates e Fisioterapia e Daiane Luise Personal Treiner que me apoiaram nesta prova e claro, ao Papai do Céu que me proporciono todo isto. Obrigado a todos pela torcida, e vamos esperar o próximo Desafrio...
Nelson Augusto Mendes
PEXE – Altiseg Adventure Team
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