Não posso deixar de narrar como foi a participação da equipe ELEMENTAIS - ON THE ROCKS na Explorer 2003 neste final de semana, em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Foram exatamente 12 horas de muita adrenalina e suor para conquistarmos o 7º ou 8º lugar (ainda depende de alguns acertos na apuração) entre as 40 equipes que participaram desta prova, com distância total de 65Km de Mountain Bike, Trekking, Orientação e tendo como destaque as Técnicas Verticais com duas magníficas tirolesas sobre duas cachoeiras enormes e um "pequeno" RAPPEL de 270 metros de altura, isso mesmo, o equivalente a um prédio de 90 (noventa) andares.
Pensar GRANDE, fazer aos poucos e bem feito. Essa parece ser a filosofia dos organizadores da MAIS NOVA e EXCELENTE opção em corridas de aventura no Rio de Janeiro.
Quem já correu Corridas de Aventura sabe que é extremamente dificil planejar, organizar e principalmente executar esse tipo competição. A logistica, a segurança, a comunicação e o controle do fluxo das atividades durante esse tipo de evento é caótico. São muitas variáveis e vidas nas mãos dos organizadores. Por este motivo ficamos muito temerosos em participar de uma prova NOVA e onde os organizadores não são conhecidos no meio das corridas de aventuras, mas resolvemos ver para crer e valeu apena. Foi uma agradavel surpresa o nível de organização e preocupação com os detalhes demonstrada pela organização comandada pelos corajosos RAFAEL BASALO e FELIPE MARONI nesta PRIMEIRA DE MUITAS provas da EXPLORER.
Para nós da Equipe Elementais, a prova começou na semana anterior ao evento, pois foi disponibilizado pela organização um treinamento, GRÁTIS, em orientação e Rappel com teoria e prática em uma mini prova de trekking com orientação no Hotel Olinfas, que fica no meio de uma pequena floresta no Bairro de Lagoinha em Nova Friburgo e teoria e prática de Rappel em uma parede de instrução de técnicas verticais. Na verdade fomos até o evento para tentar levantar quais seriam as condições de segurança e organização da prova, pelos motivos já expostos anteriormente. O que vimos e ouvimos naquele dia foi o suficiente para que confirmassemos nossa inscrição e divulgassemos a prova em nossas listas de corredores de aventuras. Mesmo assim continuamos muito apreenssivos pois, como já falamos, nunca tínhamos visto ou ouvido falar dos organizadores ou da EXPLORER nas corridas que já participamos (Short(s) da EMA, ECOMOTIONs, CARIOCA ADVENTURE, RAID TERRA e outras).
SÁBADO 08 de Novembro de 2003
18:00h - SENAI - Nova Friburgo
BREEFING
Um confortável e amplo auditório LOTADO de atletas (40 duplas) e também de profissionais da IMPRENSA que estavam aguardando os detalhes da prova e iniciando a sua cobertura jornalística do evento. Com atraso de aproximadamente uma hora foi dado início as explicações sobre o trajeto da prova, as dificuldades, cuidados e uma longa explicação sobre a segurança, logística de resgate e socorro, regras e sobre o sistema de registro que seria adotado para controle dos PCs.
Nesta a organização inovou. Nos PCs existiriam além dos fiscais de prova, um PRISMA que normalmente é utilizado em Corridas de orientação com uma espécie de furador com padrões de furos diferentes para cada PC e cujo gabarito somente a organização conhecia. Para cada equipe foi distribuido um passaporte plastificado aonde os furos deveriam ser realizados nos espaços correspondentes para cada PC. Esse sistema, na nossa opinião, ajuda na verificação da passagem das equipes pelos PCs e juntamente com as planilhas dos fiscais podem tirar qualquer tipo de dúvida que venha a surgir. MUITO BOA essa inovação.
O MAPA também foi outro diferencial. Pelo que foi exposto pela organização foram mais de seis meses de trabalho, com a ajuda de militares especializados em navegação e cartografia do exército e com o uso de GPS. Foram feitas atualizações sobre os mapas do IBGE. O resultado deste trabalho foram quatro mapas no formato A4 impressos com tecnologia digital de excelente qualidade. Foi distribuido um RACE CARD com as coordenadas dos 11 PCs e algumas informações técnicas sobre o mapa, sobre o percurso e TCHAU.... "Aguardamos vocês para a largada às 06:00h na coordenada X e Y que constavam no RACE CARD".
NAVEGAÇÃO E COMIDA (21:00 - 23:30h)
Grande parte das equipe lotaram o Hotel Olinfas que ofereceu um preço promocional para os participantes da prova com três refeições e hospedagem a R$ 30,00 (por pessoa).
Enquanto o jantar não saía, aproveitamos as diversas mesas do restaurante do hotel para começar o trabalho de navegação. Esse trabalho demorou aproximadamente duas horas e meia pois plotamos todos os 11 PCs, verificamos cada um por três vezes e ainda traçamos nossa estratégia de prova entre uma garfada e outra.
Um detalhe muito importante entre o PC1 e o PC2 (14Km) havia um trecho da trilha que não estava demarcada no mapa. Isso incrementava o espírito expedicionário da prova, pois, para quem não conhecia a região, ficava a dúvida sobre bifurcações durante o trajeto, só restando o mapa e a linha de fé da bússola para orientar os corredores.
Feito isso, banho tomado, mochila e extratégia preparadas, formos dormir por volta das 0:30h.
DOMINGO, 09 de novembro às 04:00h
Acordamos, nos preparamos e para nossa surpresa, um FARTO CAFÉ DA MANHÃ já estava servido no hotel para os participantes.
Partimos para o local da largada. Antes da Largada uma outra inovação um aquecimento e séries de alongamento para todas as equipes com instrutores de YOGA. Essa inovação somada ao atraso da imprensa, custou cerca de uma hora de atraso na largada que estava prevista para às 06:00h.
Com isso o horário de corte nos PCs também foram alterados.
Vale lembrar que Nova Friburgo fica localizado na Região Serrana do RJ, mais ou menos há 850 metros de altitude e o local da chegada, Cachoeiro do Macacu, fica no pé da Serra há mais ou menos 70 metros de altitude em relação ao nível do mar e, que entre estes dois pontos existe uma cadeia de montanhas com picos de mais de 1300 metros.
07:00h - Largamos para uma primeira pernada de 40 Km de mountain bike entre os dois pontos citados em terrenos que variavam desde asfalto, passando por estradões de terra, single trecks, mula bike, rios com subidas de fazer chorar lágrimas de sangue (como diria minha avó) e downhills com muitas pedras e em alguns pontos com precipícios a poucos centímetros das rodas.
Em determinado ponto, na área do Parque Estadual, entre os PCs 1 e 2 fomos obrigados pelos fiscais do IEF a carregar as bikes por mais ou menos uns 4 km através de uma área cheia de grandes erosões causadas por praticantes de MOTO CROSS. Uma espécie de penitência para que possamos entender o estrago que nós causamos na natureza mesmo utilizando uma simples BIKE. Isso causou um desgaste e um atraso ainda maior no tempo estimado para esta etapa, pois existiam áreas bastante molhadas e com muita lama.
O trecho que não estava demarcado no mapa não ofereceu grande dificuldade de navegação, até porque, conforme colocado pela organização a intenção era oferecer uma prova para que as equipes iniciantes pudessem ganhar prática, mesmo assim alguns pontos foram bem complicados de se encontrar.
Depois de SETE HORAS e MEIA às 14:30 e cerca de 45 Km de Mountain Bike, chegamos ao PC4 / AT1 onde deixamos as bikes, neste momento estávamos em 18ª posição. Partimos para os 20 Km trekking que nos separavam do momento mais esperado da prova, o GIGANTESCO RAPPEL de 270 metros. Estavamos muito anciosos para chegar a esta parte da prova. Porém tínhamos um desafio pela frente. Antes desta etapa existiam seis PCs e muitos quilômetros de subidas e descidas. Por motivos de segurança, existia um horário de CORTE às 17:30h, ou seja, estimando que cada equipe levaria mais ou menos uma hora entre o PC10 e o PC11 (do rappel) seria necessário chegar até o PC10 no máximo até 'as 16:30 e de lá chegar ao PC11 no máximo até 'as 17:30h, caso contrário a equipe deveria dirigir-se diretamente para a chegada.
Naquela hora o SOL estava matando carrapato na sombra, ou seja, não tinha CAMEL BACK que fosse suficiente para o calor e em um trecho, que ao contrário do primeiro, dispunha de pouca água.
Partimos para o PC5, PC6 de lá para o PC7 onde deveríamos realizar a primeira tirolesa, sobre uma cachoeira de mais ou menos uns 40 metros, chegando em um platô, em seguida um pequeno Rappel de 15 metros e logo depois mais uma tirolesa sobre outra cachoeira um pouco menor do que a anterior, com a diferença que nesta última deveríamos pousar dentro d´água. Seria tudo muito fácil mas, os locais de acesso as cachoeiras eram confusos o que nos fêz andar um pouco de tempo no mato fechado. Para chegar a primeira tirolesa era necessário atravessar um pequeno rio através de uma corda que dava imediatamente na cachoeira de 40 metros. Mesmo preso na corda com o mosquetão, a impressão era a de que se algo desse errado seria o maior boia cross já realizado na história, com um detalhe, sem boia e com uma queda vertical de 40 metros.
Daí em diante foi só festa até o momento que terminou a última tirolesa, pois, para sair dalí era necessário fazer uma pequena escalaminhada de uns 5 a 7 metros, o problema é que o terreno e as pedras onde era necessário pisar estavam muito molhados e escorregadios. Pessoalmente passei por alguns momentos difíceis para sair dalí, mas graças ao D´angelo e outra equipe que estava no local conseguimos seguir em frente.
Desde o início do trekking estávamos seguindo juntamente com outra equipe e mais um atleta que, após seu companheiro ter passado mal, decidiu seguir solo até o final da prova. Essa união de equipes foi muito boa pois estávamos testando e certificando cada etapa de navegação entre os PCs e como naquele momento o cansaço começava a bater forte, foi uma força a mais seguir em grupo. Parecíamos uma única equipe.
O PC9 foi um pouco complicado de encontrar, mas dele partimos imediatamente e dando tudo para chegar ao PC10 em tempo de fazer o RAPPEL. Infelizmente chegamos ao PC10 por volta das 18:00h e tivemos que seguir diretamente para a Chegada. Quem fez o rappel declarou que foi uma experiência a parte pois, no Brasil, até então o maior Rappel em provas de Aventura, que tenho conhecimento e que tive o prazer de executar, foi o da Short Ecomotion PETAR com 160 metros. O da Explorer foi dividido em duas cordas, sendo um primeiro trecho de 200 metros e outro de 70 metros, com transição em um pequeno platô no meio da descida.
A chegada também foi bastante emocionante. No trajeto ultrapassamos outras 3 equipes e demonstrando o verdadeiro espírito da Corrida de Aventura, chegamos os cinco de mão dadas e lado a lado, caracterizando um empate técnico. Por este motivo não sabemos ainda nossa posição oficial na prova.
Resumindo, durante a EXPLORER percebemos os cuidados que os organizadores tiveram com a segurança, resgate e com o desenho do percurso, em uma prova belíssima e ao mesmo tempo que exige condicionamento físico e preparo técnico razoáveis.
No ano que vem a prova cresce em distância, somando mais um município ao percurso e assim por diante até que em 2006 seja realizada uma prova longa com mais de cinco dias de duração. PENSAR GRANDE E FAZER AOS POUCOS COM QUALIDADE. PARABENS e nossos agradecimentos aos organizadores e a todos que participaram da logística de suporte, atendimento médico, resgate e ao grupo de montanhismo de Cachoeiro de Macacu que nos proporcionaram um espetáculo a parte, junto a natureza exuberante das Serras do Rio de Janeiro, com toda a segurança.
Com isso já são DUAS opções no Rio de Janeiro para nós, corredores de aventura. O Circuito Carioca Adventure que vem crescendo e melhorando muito a cada prova e, a EXPLORER, que está surgindo com toda força. Continuamos torcendo para que sujam mais pessoas com coragem e competência para planejar e executar eventos como estes.
As informações oficiais e as fotos do evento poderão ser obtidas, em breve, no site da EXPLORER 2003 em
www.urru.com.br/explorer/ Um abraço a todos e até o relato da nossa próxima aventura.
Equipe Elementais
(Eduardo Nicol, Guilherme D´Angelo, Emanuel Verçosa, Fátima Amorim)