Resumo do AR World Championship Costa Rica 2013

Por Wladimir Togumi - 16 Dez 2013 - 19h27

Muito já foi escrito e dito sobre o mundial de corrida de aventura na Costa Rica e será difícil fazer um resumo sem repetir as mesmas palavras. Como prometido pelos organizadores Alexander "Pongo" Baker e Antonio de La Rosa, essa foi uma corrida de volta às origens, uma versão old school como diria o neozelandês Neil Jones, em que os atletas precisaram ser auto-suficientes e com seções longas o bastante para exigir não apenas a parte física, mas também a psicológica dos competidores.

Cerimônia de abertura do ARWC 2013 no centro de San José
Cerimônia de abertura do ARWC 2013 no centro de San José

Não bastava apenas seguir em frente, tinha que ter cabeça para continuar fazendo os mesmos movimentos por horas e horas – e talvez dias – mesmo quando os músculos não respondiam ou pareciam não querer mais continuar.

E foram nestas condições que os brasileiros chamaram a atenção do mundo, com 8 atletas terminando entre as 7 primeiras colocadas. Algo semelhante aconteceu com o suecos no mundial da Tasmânia em 2011. Das 6 melhores colocadas, 4 equipes defendiam a bandeira sueca, com 11 atletas no total. Por pouco não igualamos o resultado.

Projeto Socio-ambiental do ARWC 2013
Projeto sócio-ambiental no parque La Libertad.

As longas seções não foram por acaso. O slogan da prova era "Coast to Coast... Border do Border", em referência a tocar os 4 lados do país: o oceano Pacífico, o mar do Caribe, a fronteira com o Panamá e a fronteira com a Nicarágua.

Numa corrida deste nível, com um percurso exigente e a presença das melhores equipes do mundo, ninguém poderia prever que duas das favoritas estariam fora da prova e que a disputa por um lugar no pódio ficaria com as equipes que ficaram no dark zone, com pelo menos 14 horas de diferença atrás dos líderes. Isso mostra que tudo pode acontecer numa corrida de aventura e é preciso manter o objetivo até o final.

Largada do ARWC 2013
Largada na fronteira da Costa Rica / Panamá

Por pouco até mesmo a vencedora Thule não saiu da corrida. No último dia o francês Jacky Boisset não sabia onde estava e não reconhecia ninguém, nem mesmo sua esposa e sua mãe, que o encontrou na última área de transição. O atleta chegou ajudado na bicicleta, com um companheiro de cada lado o equilibrando e empurrando. Ele não pedalava. Para chegar no barco de rafting, Jacky foi carregado nas costas pelo seu companheiro de equipe Stuart Lynch - incrível a força que ainda tinha para fazer isso depois de 7 dias de corrida!

Muitos atletas falaram que essa foi a prova mais dificil que já fizeram. Outros disseram que as seções foram longas demais e que isso deve ser mudado. Para um nível de prova como o AR World Championship dificilmente isso irá mudar, é uma tendência que todos os organizadores do AR World Series estão seguindo aos poucos.

Resumo da prova - No período pré-prova, uma palestra sobre os cuidados com cobras abriu as atividades com os atletas e logo depois foi feito um briefing rápido com um visão geral do percurso. Neste primeiro momento as equipes receberam apenas o race book com a sequência de modalidades/distâncias e o primeiro das 25 folhas de mapas que foram entregues totalmente em 3 momentos distintos no meio da corrida.

Primeira área de transição: hora de montar as bikes
Primeira área de transição

Com essas informações em mãos a questão de logística se tornou prioridade. Saber separar as comidas nas diferentes caixas e não esquecer os equipamentos obrigatórios de cada modalidade poderia significar continuar ou sair da prova antes do previsto.

Em meio a tudo isso todos tiveram de participar de duas outras atividades: a parada pelas ruas de San José até a praça Juan Rafael Mora Porras para a cerimônia de abertura na noite do dia 30 (sábado) e a atividade sócio-ambiental no Parque La Libertad, no dia 01 (domingo) onde as equipes foram divididas em grupos e realizaram manutenções diversas como pintura de placas de identificação e paredes, recolhimento de lixo e corte de mata.

Agora desmontar e colocar na caixas

Às 04h00 de segunda feira (02), o comboio de ônibus e carros com atletas, staff, organização e midia partiu do hotel Radisson, em San José, em direção à largada em Union de Sabalito, na fronteira com o Panamá.

A largada aconteceu a pé, com os atletas correndo cerca de 1 quilômetro até as bicicletas, ou melhor, até as caixas de bicicletas. Esta seria a primeira de muitas vezes que elas foram desencaixotadas e montadas para no final da seção, passarem pelo processo contrário.

O mesmo aconteceu com os caiaques, que eram inflados e desinflados e precisavam ainda ser enrolados e guardados em um saco identificado com o número da equipe. A escolha do caiaque foi feito no início da primeira seção de canoagem e a partir daquele momento seria o caiaque da equipe até final da prova. Se houvesse algum descuido - arrastar e/ou furar, por exemplo - seria culpa da própria equipe e não de outra, por isso o cuidado deveria ser redobrado ao dobrar e carregá-los.

E carregá-los não foi uma opção. Para se chegar na segunda seção de canoagem, as equipes tiveram que levá-los por 10 quilômetros por estradas e trilhas. Avisados pela organização, todos levaram carrinhos (Trolleys), mas era tão fácil assim empilhar tudo em cima e sair correndo.

A equipe Adidas Terrex perdeu mais de 1 hora montando e desmontando tudo até achar o melhor jeito. Num primeiro momento inflaram apenas um barco e tentaram levar o outro enrolado. Juntando o peso das mochilas e equipamentos, ele começou a dobrar. O jeito foi inflar o segundo e colocá-lo em cima, mas também não adiantou e então partiram para o uso de fitas para deixar tudo esticado.

Para a outra Adidas, a sueca AXA, o processo foi mais rápido mas ao cruzar uma pequena ponte de madeira, a roda escapou e a bomba de ar e uma mochila foram parar no córrego. Por sorte a ponte era baixa e o córrego raso. Um dos atletas saltou e pegou tudo de volta.

Um emaranhado de braços de rios e a maré foi o grande desafio da canoagem pela maior reserva de mangue do América Latina, o Humedal Nacional Térraba-Sierpe. A navegação era difícil e a equipe deveria saber a hora certa de remar e descansar para não se desgastar desnecessariamente.

Thule e Seagate apostaram na portagem ao invés de remar até a área de transição, mas sairam em pontos diferentes do rio Sierpe. A Thule saiu num ponto mais distante e percorreu um trecho maior de estrada, puxando um carrinho com roda quebrada pelo asfalto e a Seagate optou por remar um pouco mais e sair dentro da cidade, aproveitando para comprar comida.

Dois lados do país já estavam tocados, agora era hora de partir rumo norte, em direção ao mar do Caribe. Para isso, os atletas tiveram que cruzar a Cordilheira de Talamanca, passando pelo ponto mais alto da Costa Rica, o Cerro Chirripó localizado a 3.820 metros de altitude.

O trekking de alta montanha foi um grande divisor das equipes. A subida íngreme e o clima frio colocou de vez à prova o preparo fisico dos atletas. A previsão era que as equipes mais rápidas demorassem quase 2 dias nas montanhas.

Terminada a travessia, uma longa seção de rafting/canoagem levou as equipes o litoral norte do país. Na verdade as equipe não chegaram a remar nas águas caribenhas, apenas remaram por um canal paralelo, desembarcaram e picotaram o PC nas areias da praia. Aliás, não é permitido às pessoas entrar na água para banhar-se devido ao perigo de ataque de tubarões.

Mais um objetivo alcançado, restava apenas bater na fronteira com a Nicarágua e para isso, as equipes enfrentaram nada menos quem um mountain biking de 156 quilômetros. Dali restava "apenas" fazer um sequência de tirolesas e um rafting final até o centro de Puerto Viejo de Sarapiqui.


Thule na chegada em Puerto Viejo de Sarapiqui

Tubarões no mar, crocodilos nos rios, macacos na árvores, além das cobras, iguanas e tucanos. Essas foram as companhias dos atletas ao percorrer os 815 quilômetros pela Costa Rica.

Devido à chuva, a cerimônia de premiação foi mudada para dentro de um espaço do hotel Bambu e que no final se mostrou melhor opção. Se tivesse sido realizado no campo de futebol onde fora montada a arena de chegada, as pessoas iriam se dispersar muito mais fácil.

Podio ARWC 2013 Costa Rica
Thule, Columbia Vidaraid, Tecu, Adidas Terrex e Merrel Adventure Addicts formaram o pódio do AR World Champioship 2013

O próximo AR World Championship acontecerá no Equador e os organizadores Rodolfo Peralta, Santiago López e Jessica Cedeño estiveram acompanhando toda a corrida de perto. Um stand foi montado na chegada e os atletas interessados puderam aproveitar para tirar todas as dúvidas sobre a corrida que alternará passagens pelo hemisfério norte e sul do globo terrestre.

Se estiver interessado, Santiago recomenda chegar uma semana antes para aclimatar o corpo com a alta altitude e se preparar para mais um campeonato mundial de corrida de aventura. As inscrições estarão abertas a partir de janeiro de 2014.

Para ver o hotsite da cobertura com notícias e fotos: www.adventuremag.com.br/hotsite/arwc2013/

Serviço
Costa Rica Adventure Race - ARWC 2013
29.11.2013
Costa Rica ()
www.arcostarica.com
Wladimir Togumi
Por Wladimir Togumi
16 Dez 2013 - 19h27 | geral |
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