Mais até do que o preparo físico e psicológico, é trabalho em equipe o grande segredo para vencer uma corrida de aventura. É esse o diagnóstico da equipe vencedora do Eco Adventure 8, promovido pela academia FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), que está acontecendo este final de semana em São Pedro. Trekking, rapel, tirolesa, mountain bike e canoagem com ducks foram os desafios do dia, vencidos por Carolina Cavenaghi, 20, Eduardo Freitas, 22, Roberto Machado, 22 e Georges Haddad, 23 anos.
Na prova de natação, por exemplo, a equipe tirou os sapatos e os levou num saco plástico para conseguir ganhar alguma distância. Truques como esse deram aos vencedores algum diferencial com relação às outras equipes. “Quem estava mais cansado nós levávamos no clip”, explica Eduardo, referindo-se ao elástico utilizado pelo grupo durante toda a prova. Esse clip, segundo ele, fez com que os atletas permanecessem no mesmo ritmo por todo tempo.
O grupo vencedor levou 4h20 para cumprir os cerca de 50 Km de prova, que teve início por volta das 8h00. Fundamental para este resultado foi o papel de Georges, o apoio do grupo. O apoio acompanha toda a prova levando as bicicletas, arrumando os capacetes quebrados, alimentando os atletas e ajudando em tudo o que a equipe precisa. “Nunca tinha participado como apoio e achei que seria “meio café com leite”, mas agora vi o quanto é fundamental esse trabalho”.
Fator Psicológico - Administrar as fraquezas dos colegas e cuidar do fator psicológico são os conselhos do coordenador da prova, Said Aiach Neto. Para ele, a boa navegação é uma grande vantagem para a equipe, junto da interação saudável dos participantes e a união do grupo.
O médico contratado pela Academia para acompanhar toda a prova, Clemar Correa da Silva, explica que o preparo psicológico é que faz com que os participantes agüentem o stress, a dor, o sono e a fome. Especialista em corridas de aventura e coordenador do Rally dos Sertões há 11 anos, ele informa que uma boa equipe deve ter três tipos de preparo: o físico, o técnico e o emocional. A resistência física, a flexibilidade e a boa condição aeróbica aliadas a boas condições técnicas de navegar e pedalar fazem com que os atletas suportem melhor o lado psicológico.
Ele lembra que em provas de aventura o stress e os desentendimentos são comuns de acontecer. “Daí ser fundamental a habilidade de gerenciar conflitos e tomar as decisões em situações de cansaço, fome, sono, sede e frio”.
As sensações são diferentes para cada atleta. "Participar de uma prova de corrida de aventura é um verdadeiro desafio. São várias sensações e preocupações ao mesmo tempo. Foi o que aconteceu comigo em toda prova, mas principalmente na bike e no rapel. As ladeiras com muitas pedras me davam muito medo, como o de cair da bike e se machucar. Além de tudo a preocupação de estar no mapa para não se perder", disse Camila Brasil, aluna de publicidade e propaganda.
"No rapel o maior desafio para mim, era a altura, que me apavora. Ao iniciar essa atividade, o primeiro jato de água da cachoeira foi o suficiente para esfriar todo o meu corpo. Assim desviei de foco, indo da altitude para o frio intenso das águas."
A primeira edição do Eco Adventure aconteceu em novembro de 2000 e contava apenas com 8 equipes de 4 atletas cada. Hoje, o evento cresceu de tal forma que o número de equipes chegou a 24 e as inscrições se esgotaram em apenas três dias. “Trata-se de uma competição para amadores, em que é preciso apenas ter algum condimento físico e força de vontade para participar. O mais importante é a confraternização”, explica a coordenadora da Academia FAAP, Adriana Ozzetti.
Segue abaixo um pequeno relato do participante Hadi Akkouh:
"...e mais uma vez eu chegava com minha equipe para uma prova com o coração à flor da pele, por 2 motivos: o primeiro foi por termos batido o carro de apoio (do nosso apoio), a 20 minutos da largada e o outro foi por ser o Said o organizador da prova - quer dizer, dava para ter certeza de que seria uma prova com uma ótima qualidade e organização, mas com surpresas e um trecho de bike não muito facil.
Largamos às 9:00h do sábado na região de São Pedro com um trecho de treking com natação, seguido de duck, onde muitas equipes quase não viram o PC que estava bem escondido. Saindo da água as equipes pegavam suas bikes, e foi ai que a minha "profecia se concluiu" - um downhill, insano para corrida de aventura, preencheu o dia com risadas dos inúmeros tombos, incluindo o Vicente, navegador da minha equipe. Foi demais! (mesmo com o downhill todos estavam tranquilos pois sabiam que a equipe médica contava com o Dr.Clemar).
Alguns minutos de mais um treking dentro da mata e de um rio técnico, cheio de pedras, foi suficiente para todos sentirem falta de suas bikes, que por sorte era a próxima modalidade, que nos levava a um dos melhores rapel que já fizemos: 3 cachoeiras sendo que na última a corda ACABAVA no meio do rapel e os atletas caiam diretamente na agua, numa deliciosa tirolesa.
Depois disso era só completar a prova em mais um treking em trilha fechada até a chegada. Mais uma vez a Academia Faap, liderados pelo Sílvio e a Adriana, e o Said, da Ecomotion, se superam na realização do Eco 8.
A Equipe 1 gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer aos atletas pela força e incentivo apesar dos nossos (literalmente) acidentes de percurso. Do Eco 8 fica para a equipe 1 as lembranças de uma menina de 1,60m (Camila) puxando dois "gigantes". A força de vontade de uma "nova" equipe que finalizou o evento em terceiro lugar e principalmente a determinação e espírito que tanto a Carol como o apoio tiveram durante toda a prova. Valeu Pedro Bornia. Até o Eco9."
Mais informações: academia.faap.br
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