Equipe de alunos da FAAP embarca para o Raid Series

Por Fernando Monteiro - 30 Jun 2004 - 13h35

Equipe FAAP Aventura

Allan Panza
24 anos – estudante de ecomonia

Roberta Recorder
21 anos – estudante de cinema

Bruno Valeriano Santili
21 anos – estudante de administração

Marco Antonio Afonseca
24 anos (capitão) – estudante de arquitetura

O Brasil será representado pela equipe FAAP – Aventura em um um dos principais circuitos mundiais de corridas de aventura, o Raid Series. A largada será no dia 10 de julho na cidade de Lês Arc Courmayeur, na França, e a chegada está prevista para o dia 12 de julho, na cidade de Courmayeur, na Itália.

Os atletas esperam uma prova muito difícil, pois o circuito será nos Alpes, região montanhosa compreendida entre França, Itália e Suíça. O fato da prova acontecer em um terreno montanhoso e com altitude, faz com que os participantes tenham de se aclimatar. Dentre as modalidades esportivas esperadas estão: mountain bike, canoagem, trekking e patins in-line. O Snowboard, modalidade que seria novidade na corrida, foi cancelada.

Para o capitão da equipe, Marco Antonio Affonseca, aluno do 9o semestre do curso de arquitetura, esta é uma prova que, apesar de curta, pode exigir muito dos participantes. “Todas as facilidades permitidas: ter um membro da equipe descansando enquanto os demais completam um dos trechos, ser uma prova curta e usar o GPS serão compensadas com um grau maior de dificuldade na prova” completa Marco.

A equipe é formada por Allan Panza, Roberta Recorder, Bruno Santili e Marco Afonseca e tem o patrocínio da FAAP e conta com os apoios da Max Higienópolis Suplemento, Solo e Giro.

Quando vocês entraram nas corridas de aventura?
Marco - Nós começamos nas corridas de aventura com o projeto do Eco Adventure da FAAP, que no começo era uma gincana. A Adriana (coordenadora da academia FAAP) procurou o Said para fazer as provas de aventura no Eco Adventure e com a primeira corrida de aventura acontecendo no evento, nós pensamos em fazer uma equipe da FAAP. No começo foi feita uma equipe que incluía professores, mas os diretores falaram que só queriam alunos. Foram montadas duas equipes com oito pessoas. Antes de existir a equipe FAAP o Pedro Guimarães (Peu) freqüentava as corridas e a academia e foi ele que fez os contatos e mostrou o vídeo do EMA para nós.

Qual o apoio que a faculdade fornece para a equipe?
Marco - Apoio total. Patrocínio, treinamento, assistência médica. Patrocínio 100% FAAP. Toda faculdade dá um incentivo para o esporte e a FAAP não dava nenhum. Então eles pegaram a corrida de aventura para iniciar esses incentivos. A FAAP sempre foi pioneira em seus projetos e foi a primeira a formar uma equipe de corrida de aventura.

Quais as corridas mais difíceis que a equipe já participou?
Allan - Essa é uma formação nova da equipe. Eu e o Marco somos os mais velhos (dois anos de equipe) e para nós foi o Desafio dos Volcanes. Foram três dias e meio de prova e não completamos o percurso, com momentos dramáticos na Patagônia. A infra da organização dificultou muito nosso trabalho no primeiro dia de prova e a Marcela, hoje integrante da Atenah, era muito nova, tinha 18 anos e não tinha noção ainda do que era tudo aquilo.

Marco - Aqui no Brasil participamos da Mini Ema e para mim foi a prova mais difícil que participei na vida até agora. Numa das partes tínhamos que entrar no rio andando (canyoning). Entramos no rio às 7 da noite para sair às 10 da manhã do dia seguinte e a maioria das equipes quebrando. As melhores equipes estavam desistindo nesse trecho e no final da prova surgiu uma polêmica que o Alexandre Freitas citou que as provas dele seria mais um “Survivor” do que corrida de aventura.
As equipes estavam reclamando da dificuldade da prova e ele comentou que “seria dali para pior as próximas corridas”. Foi umas das piores provas que já fiz, não tinha estrutura. Participar de provas difíceis acontece, mas correr provas sem estrutura você fica com medo. Por exemplo tinha um médico (competidor) que estava num trajeto e teve um problema no estômago sério e ficou passando mal por mais de 3 horas no local, esperando chegar uma mula e vendo tudo isso causou medo. Abrimos o GPS e mesmo assim demoramos umas oito horas pra achar um local seguro. Encontramos mais duas equipes perdidas com pessoas desmaiando. Essa prova foi um show de horror.

Allan - Nos Volcanes tivemos que abrir o rádio porque já tínhamos virado a noite e escutando as informações totalmente erradas. A organização falava que a equipe FAAP tinha atravessado a Cordilheira e nós estávamos no meio dela, na Argentina e não no Chile como eles informavam. Nós nem tínhamos passado pela aduana e eles informaram que já tínhamos passado. Dormimos à noite naquele frio. De manhã fez um baita sol maravilhoso e saímos pedalando junto com a Shubi. A Atenah já tinha desistido e ela continuou com a gente na prova.

Os pés ainda continuam tirando muita gente boa das corridas. Vocês fazem algum tratamento especial paras as corridas longas?
Allan - Eu nunca tive problema com o pé, mas cuido sim. Como já fiz muito esportes, como o karatê, o meu pé criou um reforço, uma crosta embaixo que ajuda bastante nas provas.

Marco - Nada numa corrida de aventura a gente pode menosprezar. Tudo é perigoso e numa certa medida o pé não pode ser menosprezado, mesmo que nunca tenha nada com ele. É não esperar acontecer, tem que prevenir, não menosprezar nada, nem as axilas nem a mente, nem o mapa. Tem que tomar cuidado com tudo.

O relevo montanhoso será uma constante nessa prova, em uma das regiões mais altas da Europa. Qual a expectativa para essas seções?
Allan - Acredito que vamos encontrar níveis de dificuldades que ainda não encontramos aqui no Brasil. A gente vêm treinando bastante subida e treinos específicos pra não passar muita dificuldade. Estamos procurando minimizar o sofrimento lá.

Vocês tem alguma experiência em neve?
Roberta – Eu morei nos EUA seis meses e nas aulas de educação física praticávamos o snowboard. E já desci bastante de snowboard em Bariloche.
Allan - Teremos poucos percursos de neve por causa do verão na Europa, mas vamos ter que levar os Crampons, aqueles grampos utilizados na sola das botas para neve.

Quais os planos para 2004 da equipe?
Allan - Estamos focados para Ecomotion Pro.

Com essa formação quantas provas fizeram juntos?
Marco - Nós começamos com a Marcela e tivemos algumas mudanças. Passou duas meninas, mas ela desistiram. A Beta já correu com a gente algumas provas e fizemos um Ecoadventure juntos, mas a grande novidade é o Bruno, um cara que veio batalhando para conseguir esse espaço. Na realidade muita gente quer estar na equipe da FAAP Aventura lá na faculdade.
Feito uma avaliação das pessoas que estão treinando e participando de provas o Bruno fez um ShortAdventure. Ele se destacou e vêm treinando com a Cris Carvalho, que é a nossa personal, e nós estamos acreditando muito nessa nova formação.

Allan - A mudança aconteceu de última hora por causa de uma noticia do Paulo (Skaf) com problemas de saúde.

O que os integrantes mais novos estão achando de pegar essa prova logo de início?
Bruno - Nunca tive experiência de correr uma prova fora do país. Fiquei surpreso e estou muito feliz de ser chamado. Será uma experiência muito grande e ao mesmo tempo triste pelo Paulo Skaf, que é um amigo meu que batalhou bastante pra estar nas corridas. Estou treinando muito e vou me dedicar bastante nessa prova.
Roberta - A partir do momento que os meninos me chamaram pra entrar na equipe eu me envolvi de uma maneira que só pensava nisso. Tinha um problema no joelho que tratei, larguei emprego e eu não saio mais... A corrida de aventura entrou na minha vida pra dar uma “guinada”, me direcionando pra outro lado que eu não esperava. Eu sempre lia a respeito e admirava os esportistas. Para mim era o esporte ideal, fora o surf, e foi uma surpresa grande estar dentro. Me colocaram num projeto desses e ter uma oportunidade com um bom patrocínio pra mim é uma coisa pra vida, uma experiência de vida. As pessoas falam, “você é louca! Vai se ferrar e sofrer”, mas fico pensando na experiência de vida que vou ter. Mergulhei de cabeça.

E acompanhar os homens da equipe?
Roberta - Eu falei pra eles que sou o ponto fraco da equipe, não tem como. Eles são bem mais fortes que eu e por isso eles me ajudam bastante. O Alan é o que mais me ajuda porque é o mais forte e eu tento acompanhar o ritmo deles. É difícil, eles terão que ter paciência.

Nesse formato do Raid que é diferente da provas aqui no Brasil acha que vai ser bom pra vocês ou ruim?
Marco - É uma experiência nova. A prova é muito mais rápida e técnica e usa GPS. Não é uma prova para se perder, é uma prova para completar. Essa prova é para você adquirir velocidade e técnica. O que atrapalha numa corrida de aventura é que a gente fica grande parte dela perdidos e isso acontece com as melhores equipes do mundo.

Como estão os preparativos para a corrida?
Estamos tendo o total apoio da FAAP para organizar toda logística da prova. A Adriana (diretora da academia) vai nos acompanhar pra ajudar como apoio durante a prova. Existem modalidades que ainda nem sabemos como começar, por isso vamos chegar alguns dias antes para treinar e fazer alguns cursos com profissionais do ramo, e também já se familiarizar com o ambiente.

Como é o treinamento de vocês?
Estamos treinando sem parar, sem finais de semana e pouco tempo para fazer qualquer outra coisa. Estamos tendo a consultoria da Cris Carvalho com o Adv Training e as meninas da Atenah estão dando uma força. Durante a semana temos treinos no Ibirapuera e na USP, todos os finais de semana que antecederam a nossa viagem para Europa viajamos para lugares bem montanhosos para treinar.

Qual a expectativa de vocês em relação à corrida e estar competindo com equipes muito fortes?
Terminar a prova com êxito e sem problemas. Dar o máximo para representar melhor possível o Brasil. Em relação às melhores equipes do mundo, será uma ótima oportunidade para comparar nossa performance e nossas técnicas com eles durante uma corrida.

Fernando Monteiro
Por Fernando Monteiro
30 Jun 2004 - 13h35 | General |
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