Depois de uma largada debaixo de um sol de 30º C e de uma etapa de costeira onde o mar estava batendo um pouco mais do que devia, partimos para um treking de +/-10 km desfilando pelas praias de Niterói debaixo de um forte sol numa areia fofa e cheios de roupa, mochila, capacete enquanto as pessoas andavam e torciam por nós (equipes) fazendo o seu cooper na beira mar.
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Depois outro trekking/costeira de 6 km pelo calçadão, desfilando novamente no meio dos banhistas até quase as bikes. Na minha opinião foi uma “bike de gente grande”, por uma trilha muito legal por cima da crista de um morrão e com uma descida final impedalável de 3 km. Toda essa bike debaixo de uma chuva onde a trilha virou um rio. Foi uma descida muito técnica de como se desce uma piramba impedalável de bike. Realmente escorrega bike, mas nada de mais se tratando de uma corrida de aventura de 130 km e avisada no site que ia ser uma prova muito dura (saudades das antigas Ema).
Numa prova meio urbana como a de Niterói precisava ter umas roubadinhas como essa senão a galera diz que foi triathlon ecológico, eu gostei. Além do mais, quando plotamos o mapa sabíamos que existia outro caminho de mais ou menos uns 25 km de estradas de terra sobe e desce com orientação. Então a opção foi da equipe e não do organizador. Depois mais umas subidinhas pelos morros Cantagalo, etc até chegar na caixa. Prudentemente a organização cortou os PCs do Rappel e adjacências, acredito que em função do mau tempo.
Continuamos de bike pela madrugada fria e molhada em pleno “Rio 40 graus, cidade maravilha da beleza e do caos”, e pronto, mais um perrengue onde tínhamos que atravessar uma mata fechada ao lado de uma cerca (tela) para não passarmos numa área (asfalto) proibida pela organização. Foi dura a parte da cerca mas valeu a pena pois saímos pertinho do Pc/At do treking da Serra da Tiririca. Nesse ponto aconteceu uma coisa inusitada: já estávamos há quase 2 horas subindo no treking quando de repente ouvimos uma voz de mulher na trilha logo à frente. Gritamos e ela respondeu perguntando que equipe éramos e respondemos “Matero e você?". "Paranaventura". Nesse momento conclui que a trilha da serra da Tiririca não era tão simples como vinha aparentando no mapa. E o mais interessante é que a menina estava sozinha, procurando uma bifurcação que subia ao topo do morro... e olha que só fomos encontrar os três machos da equipe uns 25 minutos depois, deitadinhos dormindo na trilha. Isso é que é exemplo de vontade da fêmea paranaense, guerreira. É por isso e muito mais que a equipe Paranaventura vêm se destacando nas provas.
Quando chegamos no PC seguinte (4 hs da madrugada) fomos informados que deveríamos seguir direto para a canoagem e seguimos andando debaixo de uma tempestade de sudoeste violenta. Nesse trecho, já com a resistência no limiar das forças, o Amendoim começou a passar muito frio e ao chegarmos no PC/AT dos barcos, que era a beira mar, o frio aumentou e ele entrou em “inicio de hipotermia”. Demos um tempo de mais ou menos 30 minutos onde ele pôde descansar, comer e dormir enrolado no cobertor de emergência (gringo) para tentar se aquecer um pouco, mas as condições do tempo não ajudaram nem amenizaram o frio que o Minduba sentia. Num momento de muita clareza e contra todas as nossas vontades, porém usando a cabeça de quem já tem 43 anos e tem exemplos de sobra de sequelas sofridas por atletas e pelo nosso mentor das corridas de aventura no Brasil (Ale Freitas/Ema), decidimos parar a prova ali, pois se acontecesse do Minduba entrar em choque hipotérmico não teríamos como resgatá-lo no meio da canoagem.
Estávamos a duas horas da chegada, para pegar os barcos (onde eu e o Amendoim damos cursos e treinos) e fazer um treking até o pórtico de chegada, mas nada vale mais do que manter a integridade física de um super atleta e irmão. Nem sempre as decisões mais difíceis durante a competição são as de que caminhos ou rumo tomamos.
Em corrida de aventura sempre a melhor decisão é aquela que é a melhor para aquele momento, seja em relação a descer uma piramba de bike de 3 km ou dar a volta de 25 km ou a de ter que desistir a menos de 2 hs do final estando em 3º lugar numa modalidade que é nossa especialidade. Gostei da prova, acho que lembrou muito as provas dos anos de 98, 99, 2000 e 2001 caracterizando mesmo como uma Corrida de Aventura e não como provas comerciais para iniciantes, como as que a nós da equipe Matero organizamos - Chauás Fast - e outras Shorts por aíi, que também são válidas para o desenvolvimento do esporte.
Achei os cortes que a organização fez no meio da prova importantes (trekking, rapel, vela), pois com a tempestade que caiu realmente deve ter ficado perigoso. O organizador pensou rápido e fez certo, senão poderia ter dado algum acidente. Da próxima vez só tem que combinar melhor com São Pedro...
Eu vi assim a prova.
Parabéns ao Miro e sua turma que proporcionaram mais essa para nós.
Agora!!! Volta lá quem qué.
Ou então continua correndo as provinhas comerciais como as minhas... e outras...
É uma opção válida também..........hehehe
Francisco Martinez Perez Neto
Equipe Matero
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