Atletas de Corrida de Aventura participam de simulação, em laboratório, de uma competição, para avaliar os efeitos da privação do sono e da prática intensa de exercícios físicos. A intenção é melhorar a performance durante as provas, que duram cerca de sete dias e consomem, diariamente, até 10 mil calorias de cada competidor. Os resultados podem ainda ser úteis para entender os efeitos da privação de sono sobre profissionais como médicos, motoristas e policiais.
A partir do dia 12 de agosto, sete atletas ficarão em um laboratório ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), preparado com equipamentos para simular competições de longa duração, que incluem modalidades como trekking (caminhada), mountain bike e canoagem.
Os atletas serão divididos em duas equipes, que terão de percorrer 477 Km em, no máximo, seis dias e utilizar estratégias para terminar o percurso da competição simulada no menor tempo possível.
De acordo com Hanna Karen Antunes, pesquisadora do Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE) da Unifesp, o desgaste físico da simulação será semelhante ao das principais competições anuais de corrida de aventura.
Durante a simulação em um dos laboratórios do Instituto do Sono, profissionais do CEPE, sob coordenação do professor da disciplina de Medicina e Biologia do Sono da Unifesp, Marco Túlio de Mello, investigarão as alterações fisiológicas, bioquímicas, cognitivas e nutricionais desses indivíduos. Além disso, também será estudado o padrão do sono dos atletas que, quando estão competindo, chegam a dormir apenas 20 minutos por dia.
A idéia é utilizar os resultados do estudo na elaboração de táticas, inclusive nutricionais, que melhorem o desempenho dos atletas de corrida de aventura já no próximo “Ecomotion-Pro”, que acontecerá em outubro, na Bahia, e será uma das etapas do mundial “Ar Series”.
A pesquisadora explica que, como esses atletas gastam até 10 mil calorias por dia praticando exercícios e conseguem repor apenas 3 mil, os competidores sempre ficam em déficit energético, prejudicando suas performances durante a prova. “A meta é torná-los, em dois anos, atletas de ponta em termos nacionais, além de competitivos internacionalmente nesse esporte”, afirma.
Sedentários também serão avaliados - Alguns estudos demonstram que o exercício físico pode, de certa forma, proteger o organismo de alterações bioquímicas e psicológicas em indivíduos privados de sono. Para desvendar os mecanismos ligados a essa proteção e ao tipo de condicionamento físico das pessoas, outros dois grupos participarão da pesquisa: cinco indivíduos sedentários e mais seis atletas. Entretanto, nenhum deles praticará qualquer atividade física. Apenas serão privados de sono, dormindo o mesmo período de tempo que os atletas de corrida.
Hanna Karen explica que a intenção é usar os conhecimentos adquiridos a partir da pesquisa na melhoria das condições físicas e psicológicas de trabalhadores que atuam em diferentes turnos, como policiais, bombeiros, médicos, motoristas de ônibus e pilotos de avião. “O organismo desses profissionais, muitas vezes, não consegue se adaptar à escala de trabalho imposta, gerando quadros de desgaste físico e mental”.