Equipe Espírito Livre comenta a participação no Natura Kaiak Short Adventure

Por Jorge Elage - 27 Set 2004 - 19h52

Depois da salva de palmas à Mãe Natureza, proposta pelo organizador Said Aiach em agradecimento ao esplendor do visual das montanhas e do vale coberto por nuvens, perfilamos (eu, Jorge, e João Bellini) sob o pórtico para a largada.

Novamente o mapa foi entregue a poucos minutos da largada e permaneci atento em sua leitura até os últimos momentos, o que não foi suficiente para eliminar erros de navegação.

O PC 1 era virtual, boa estratégia para solucionar o tumulto com os ships e as máquinas da Totem. Seguimos em uma pequena trilha em fila indiana, correndo forte, entre os líderes da prova. Era preciso manter a sudeste, virando a esquerda em outra pequena trilha após uma linha d’água. Tudo passou muito rápido, mas sei que poucos minutos depois chegamos em uma estrada e começamos a correr ao lado dos carros de apoio que seguiam para o PC 5, onde encontraríamos as bicicletas.

Parei para navegar. Algumas duplas de ponta estavam por perto, também sem entender onde estávamos exatamente. Havíamos perdido a entrada a esquerda e caído na estrada errada. Corrigimos rapidamente, seguindo sozinhos por uma trilha no caminho entre o PC 2 e o PC 3, onde cruzamos com mais de 100 competidores, todos olhando assustados (muitos paravam para olhar o mapa), se perguntando o que estávamos fazendo correndo no sentido oposto ao deles.

Assinamos o PC 2 e demos meia volta. Mesmo olhando e vendo uma porção de pessoas a nossa frente, não desanimamos. Corremos feito loucos para recuperar o tempo perdido e chegamos entre os 20 primeiros no PC 3, da cachoeira. Navegamos bem, corremos bastante e não perdemos tempo nas trilhas que cruzavam os morros da Bocaina e saíam na estrada do PC 5.

Havíamos largado com apenas uma mochila e devido ao grande esforço de recuperação, me sentia fraco e desidratado. Chegando nas bikes, “enxuguei” uma caramunhola inteira sem parar. Comi um power gel e melhorei aos poucos, já pedalando os primeiros 28 quilômetros do pedal. As subidas eram grandes, mas seguimos firmes até o topo, no PC 6, ultrapassando mais algumas duplas.

Os carinhas do PC estavam super animados e animando.

  • Vai, agora é só descida!

Era o downhill. Não via a hora de chegar neste trecho da prova. E era mesmo o melhor trecho, pelo menos para quem realmente curte o Mountain Bike. Um mega downhill com 8 quilômetros e quase 1000 m de desnível, trechos com pedras soltas e outros de estrada mais lisa, curvas, barrancos e como já descrevi no começo deste, um visual alucinante. Estávamos descendo o vale que avistamos no topo da pista de vôo, ainda na largada, agora já sem as nuvens da manhã. Passava do meio dia.

Com sapatilhas presas, não paramos para nada e passamos outras 2 equipes antes de chegarmos no PC 7 – AT 2, onde encontramos nossos apoios pela 1 a vez e última vez na prova (curta).

  • Como estamos?
  • Em 8 º lugar. A Quasar está em 7 º e saíu a 5 minutos.
  • Pega água, rango e me dá minha papete... vamos!!

Saímos correndo e chegando no AT4, ainda de longe, avistamos duas duplas a nossa frente. Mantivemos o ritmo, tentando forçar para ganhar novas posições.

O trecho consistia em remar dois quilômetros à nordeste e entrar mais dois quilômetros à sudeste num braço da represa, onde estava o PC 9, depois voltar pelo mesmo braço (agora à noroeste) até o PC 10 final. Durante o trecho navegado cruzamos pela primeira vez os líderes da prova, já seguindo em direção a chegada. Passaram a cerca de 15 minutos a nossa frente. Uma a uma fomos identificando as duplas que passavam e não paramos até a chegada, sem ganhar novas posições.

Enfim, na chegada, um suado 8 º lugar e a merecida comemoração com champagne.

Depois da prova fui conversar com o Zolino e com o Rafael (que também fizeram uma prova de recuperação), tentando entender o que havia acontecido no primeiro trecho da prova. Afinal, descobri que estávamos todos seguindo o líder, provavelmente o Luiz Antônio, que sumiu na pequena entrada junto com as duplas mais próximas a ele. Alguém havia perdido esta entrada e levou um pequeno pelotão a cometer mesmo erro, até que um outro navegador percebesse o erro e voltasse a colocar a todos que vinham atrás no caminho correto novamente.

Para minha surpresa, descobri depois que o “bondoso” indivíduo que havia perdido a entrada, era ninguém menos que meu companheiro de equipe Hadi Akkouh, que competia com o pai na disputa pelo prêmio da categoria Master. (ele correu até o PC 5 antes de perceber o erro, e ainda terminou na 16a. colocação, faturando o 2 º lugar na categoria e no circuito). Coisas da aventura!

Long Adventure - Depois do banho, da comida e de um breve descanso, já noite, segui com o Said Aiach rumo ao PC 15 com intenção de fazer imagens das equipes que continuaram na prova longa. Abrimos o PC 15 e o PC 16 e aguardamos sonolentos a chegada da primeira equipe. Passava da meia noite quando começou a chover bastante.

Por volta de 1:30am chegou a equipe Atenah. Estavam animadas, afinal, restavam apenas 2 km de trekking e outros 13 km de canoagem antes da chegada. Disseram que a navegação na represa estava um pouco complicada e que haviam se perdido um pouco. O mesmo no trekking seguinte, descrevendo trechos em que era necessário varar mato para encontrar as trilhas que nem sempre tinham ligação.

Tais dificuldades foram confirmadas no tempo final das equipes, já na manhã de domingo. Das 45 equipes inscritas, muitas não chegaram nem a “re-largar”, depois da chegada ao PC 10, no hotel onde estavam os estoques de Chandon.

Das 21 equipes que passaram pelo PC 12, e entraram na represa até as 22 horas (horário aproximado), apenas 8 concluíram o percurso inteiro.

Eduardo Padovani, staff da organização responsável pelo resgate em água, afirmou que encontrou diversas equipes despreparadas para enfrentarem os longos trechos de canoagem. “Encontrei equipes no meio da madrugada chuvosa, remando sem anorak e com pouca comida. Acredito que muitas equipes forçaram muito no começo da short adventure e ao anoitecer acabaram cometendo erros bobos pela falta de atenção promovida pela fadiga física e mental.”

Os fatos comprovam a afirmação. A equipe Goiabada Power, que chegou na 3 ª colocação, fez uma prova inteligente e beneficiou-se dos méritos de seu navegador. “Chegamos no final da short e estávamos acima da 100 ª colocação em duplas. Nossa prova começou a mudar na represa, quando passamos diversas equipes que não encontraram o “canal” que levava ao PC 13. No trekking novamente encontramos muitas equipes perdidas e só no PC 15 é que soubemos da nossa boa recuperação. Estamos felizes!” declara Caco, navegar da equipe Selva, treinador e atleta honorário da equipe dos goiabas.

Às 4:30am a equipe Atenah assinou a chegada e com a vitória carimbou com méritos sua participação na prova da Costa do Dendê. Somente após o nascer do sol, por volta das 8 horas da manhà e que começaram a chegar as outras equipes.

Parabéns a equipe Ecomotion pelo belo evento, pelas provas (short e long) de bom nível técnico, contribuindo com o desenvolvimento dos competidores iniciantes. Parabéns ao Said Aiach, que foi muito guerreiro e bem humorado fazer até PC durante a madrugada chuvosa, mostrando porque é um dos grandes organizadores de prova no Brasil. Foi um grande circuito.

Finalmente parabéns à todas as equipes, duplas e quartetos, que estiveram presentes na competição. Certamente todos levamos nossas lições para casa e espero encontrá-los brevemente por aí.

Bons treinos!

Jorge Elage

Equipe Espírito Livre / Adventuremag conta com apoio das marcas Salomon Sports, Adventure Gears, Óculos Chilli Beans, da bicicletaria ...o tao do pedal..., Biomecânica Funcional e Noventa Graus Escalada Esportiva.

Jorge Elage
Por Jorge Elage
27 Set 2004 - 19h52 | sudeste |
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