Mente sobre o Corpo, a chave da vitória no Portugal XPD Race
Na verdade foram os objetivos humildes de uma equipe que tinha como ambição conseguir chegar ao fim que lhes permitiram vencer com sucesso a enorme infinidade de obstáculos que o difícil percurso do Raid foi apresentando às equipes. De fato, das 18 equipes presentes na partida em Monsaraz, só três conseguiram a proeza de se classificar, tendo as outras que se contentar com uma posição secundária que nunca lhes permitiria arrecadar os troféus em disputa: o Troféu do Ranking internacional ERL para as equipes mistas e o Troféu UTL para as equipes masculinas.
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As razões do seu sucesso, nesta prova de mais de 500 kms percorridos a pé, de MTB, em Canoa, a nado e de Trikke, foram sem sombra para dúvida um cauteloso inicio de prova, assumindo uma posição claramente defensiva e trabalhando quase exclusivamente no cumprimento do percurso obrigatório relegando para segundo plano o amealhar dos postos de controle facultativos. Esta estratégia acabou por compensar pois quando começaram a surgir os problemas de saúde com os favoritos estas equipes rapidamente assumiram a liderança para não mais a largarem até ao final da prova.
Foram vários os problemas relacionados com o aparelho digestivo e respiratório que afetaram as equipes de topo e que acabaram por comprometer todo o seu esforço e empenho. Exemplos disso foram as equipes Gatorade Finland e Tietoenator da Suécia que até bem perto do final da segunda etapa lideravam destacadas a prova até que fortes dores de estômago devidas a problemas digestivos e desidratação acabaram por forçar à paragem das equipes e ao seu abandono prematuro. Também o primeiro dia foi fatal por várias razões para as aspirações de várias equipes portuguesas, com as equipe Megamédia, vencedora da ultima prova da Taça de Portugal de Corridas de Aventura e principal favorito à vitória, a ter de ficar pelo caminho devido a problemas respiratórios de um dos seus elementos ainda no percurso pedestre. Outras razões mas com igual desfecho estiveram na base dos abandonos prematuros das equipes Clube BCP BORK e Associação de Comandos.
Outras equipes que também poderiam ter surpreendido pela positiva, o Aventura Raid Team e o Clube Aventura do Barreiro, também não foram capazes de vencer os obstáculos da prova mas acabaram por se posicionar na metade superior da classificação (5º e 6º lugares respectivamente). Quem também desiludiu foram os atuais lideres do Ranking internacional e que para Portugal traziam a secreta esperança de ganhar, a equipe Event Endure , que acabaram por se enlear na 1ª Etapa e perder completamente qualquer esperança de sucesso nesta prova; para eles ficou destinado o 7º lugar da classificação mista.
Também na classificação masculina ocorreu um cenário idêntico com problemas físicos e de saúde a afetar a generalidade das equipes, o que acabou por favorecer a estratégia dos elementos da Aquafitness, que optaram por saltar a dificílima mas opcional secção de orientação pedestre da primeira etapa e concentrar todo o seu esforço no setor de orientação em MTB noturno (que lograram percorrer parcialmente ainda de dia); e foi esta a decisão que fez a diferença e lhes granjeou a liderança logo no primeiro dia e que não largaram até ao fim. Das restantes quatro equipes, destaque pela positiva para os Dinamarqueses da Fusion.dk que deram boa réplica até ao acidente que provocou o seu abandono e para os estreantes Nómadas /Alandroal; pela negativa os experientes espanhóis do NuevoMar/Fongas que eram dos favoritos à partida e que comprometeram toda a sua prova logo nas primeiras horas do Raid.
De fato, o raid ficou marcado pela estratégia das equipes e pela leitura cuidada dos mapas e das instruções de prova (Raid-Book). Decisiva foi também a capacidade de orientação das equipes, sobretudo à noite num terreno cheio de “truques” que é a principal característica das “Terras do Grande Lago – Alqueva”. As condições atmosféricas tiveram também um papel preponderante no decorrer da prova forçando o rearranjo dos percursos e obrigando as equipes a ter de adaptar a sua estratégia inicial; de qualquer modo ficou comprovado que as modificações introduzidas pouco ou nenhum efeito tiveram nos resultados finais pois não interferiram de forma alguma na capacidade das equipes em cumprir os percursos mínimos obrigatórios.
Outro aspecto importante desta corrida, foi a boa disposição existente entre todos os participantes e a organização, mesmo quando ocorreu o grave acidente no slide da etapa 3, que vitimou Peter Nejsig da equipe dinamarquesa Team Fusion.dk.
Todos os presentes, desde paramédicos, pessoal da organização e atletas prontamente corresponderam à gravidade da situação dando o seu melhor para ajudar; a todos eles, Peter enviou os seus melhores agradecimentos e a sua gratidão numa mensagem que foi lida na cerimónia final de entrega de prémios.
O sistema de gestão do risco implementada pela organização não foi suficiente para prevenir o incidente que se deveu a fractura frágil das rochas onde as amarrações estavam fixadas mas provou ser eficiente na mitigação dos problemas decorrentes, o que transformou uma situação extremamente complicada num caso de fratura dum membro inferior, que permitirá a Peter a sua completa recuperação num período estimado de 6 meses.
Um dos aspectos desportivos mais relevantes desta prova, foi a introdução de um novo veiculo não-motorizado nas corridas de aventura, as Trikke , que são um sistema de 3 rodas articulado, facilmente adaptáveis ao asfalto e às estradas de terra batida e também mais seguras que os patins.
Na cerimónia de encerramento, o ultimo modelo deste veiculo, a Trikke 12, foi apresentado com uma demonstração a todos os participantes, desta nova versão todo-o-terreno particularmente adaptada a pisos mais irregulares.
No final, no espírito de todos prevaleceu o desejo de voltar a competir no próximo ano e provar no mesmo território de lenda e aventura , que é possível ultrapassar a tarefa difícil de simplesmente classificarem-se no Portugal XPD Race.
Mais informações: www.portugalxpdrace.com
26 Out 2004 - 10h12 | geral |
