Equipe Adventuremag no Chauás Summer Night Itariri

Por João Bellini - 23 Dez 2004 - 00h45

Neste último sábado, dia 18, foi realizada a etapa Itariri do circuito Chauas Summer night. A largada foi às 18h e chegamos no local apenas 1 hora e meia antes, depois de enfrentarmos um grande congestionamento na BR 116. Para piorar não havíamos almoçado, tendo de plotar o mapa, arrumar as bikes e resolver alguns assuntos pendentes...

Sobre a prova noturna:
O ambiente noturno naturalmente exige uma atitude de passividade e tranqüilidade, contrárias ao diurno. É um regime de dramaticidade e de antífrase. (Na antífrase a “representação é enfraquecida disfarçando-se com o nome ou atributo do seu contrário” Durand, 1989. Trata-se de uma inversão radical do sentido das imagens.).

Esta é a característica fundamental do Summer Night: propiciar esta vivência noturna, totalmente diferente e complexa em relação ao ambiente diurno. Em muitos momentos me sentia em uma prova longa. É um teste mais elaborado, por acrescentar à nossa luta fatores como perceber o terreno sem enxergá-lo, estar mais atento aos sons (rios, animais, equipes...), lutar contra o sono, a preguiça e esta tranqüilidade que a noite nos oferece. Para mim alguns dos momentos mais interessantes, marcantes e intensos são vivenciados a noite.

Bom, o Lucas, organizador da prova, estava fornecendo as últimas orientações, minutos antes da largada, enquanto nós plastificávamos o mapa, que ficou aquela beleza...

Não é preciso dizer que dentro em breve todas essas falhas nos causariam problemas.

Na largada, aquela correria de sempre. A galera sai sempre alucinada na busca por colocação e com a gente não foi diferente. PC1/PC2 e até o PC3 acho que fizemos em 15-20 mins, junto à Aroeira e à Matero. Entramos no rio em primeiro e neste trecho era obrigatório que nenhuma equipe saísse de seu leito. Havia uma plantação de mandioca na margem e algumas equipes começaram a correr por ali, o que era muito mais fácil. Em pouco tempo todos estavam no rio, mas alguns minutos à nossa frente. Esta foi a parte mais bonita da prova, o rio era largo, com muitas pedras, algumas bem altas. Havia inúmeras opções de caminho, tanto por dentro quanto pela margem. O Hadi levou um tombo bem feio durante as passagens. Escorregou ao pular de uma pedra para outra, caindo de cabeça numa corredeira, bebendo bastante água por conta disto. Outro perrengue foi nosso mapa, que com a má plastificação começou a manchar e ficou cada vez mais difícil identificar as curvas de nível.

Assinamos o PC4 já sentindo bastante os sintomas da falta de comida, como má percepção de ritmo, tontura e fadiga muscular. Mesmo assim comemos um power gel e saímos correndo leve em busca dos líderes. No caminho encontramos uma equipe que vinha pela estrada que nos perguntou:
“o PC está longe?”

E nós :
“está, mas só chega por dentro do rio”

Pegamos as bikes no PC 5 e pedalamos leve até o PC 6. Começou a anoitecer.

Deixamos as bikes no PC6 e partimos para um trekking bem duro, com uma subida muito íngreme e lisa. A trilha sumia um pouco ao final desta subida, o que foi suficiente para juntar as primeiras equipes. Logo achamos a trilha perdida e chegamos ao PC 7 junto com a Aroeira e a Nuts.

Em seguida encontramos a Matero e o competidor Fran nos disse que seu companheiro estava sentindo fortes dores de câimbra. Nos falamos rápido e ele já mandou a gente sumir dali... Assumimos a liderança, pegamos as bikes no PC8 e saímos para um vilarejo chamado areia branca. Tentamos nos distanciar das outras equipes mas com o tempo estávamos cada vez mais debilitados, e nossa situação foi ficando dramática.

Tinha um forró rolando do lado do PC 9. Eram 2 da madrugada e eu entrei lá pra comprar um refrigerante, com dinheiro emprestado do Lucas, que nos mandou comer o colete já que não tínhamos comida. A moça forrozeira demorou uns 5 minutos para nos atender, totalmente calma.

Neste momento chegou a Nuts e saímos juntos para o pedal. Foi então que o corpo entrou em estado de fadiga avançada. Eu sentia câimbras, vomitei algumas vezes, a vontade não parava, e a gente ainda tentando disfarçar pra galera da Nuts, já pensando: “Puxa vida... Fu...!”

Não conseguia mais navegar e passei o mapa pro Hadi mas ele também tava debilitado. Uns 40 minutos depois senti uma melhora e perguntei onde estávamos, mas o mapa não tinha mais sido consultado desde então.

Chegamos a uma bifurcação achando que já era a estrada, que daria na ponte do PC 10, porém esta não estava atualizada no mapa. Tentei navegar ali mas não conseguia identificar as curvas de nível e pequenos rios... Ficamos apenas com a informação da direção a seguir.

O azimute era o mesmo da estrada correta, porém estávamos a 1 km dela. Entramos à sudoeste. Estávamos muito fracos e nosso ritmo muito lento. Pedalamos poucos kms e o azimute virou pra NE, nada ver com o que precisávamos. Tentamos mais um pouco pra ver se mudava e nada. Foi então que passamos o nosso pior momento. Eu olhava pra aquele mapa cogitando a idéia de ter saído dele, não entendia nada. Demoramos muito pra voltar e quando chegamos à bifurcação novamente, encontramos outras 3 equipes. A única coisa que eu sabia era que ainda não havíamos chegado na estrada que nos levaria a ponte e o pessoal insistia que já tínhamos pegado aquela estrada.

Bom, fomos para a outra direção e “plin”, estávamos na tão esperada estrada. Passamos no PC 10 e vimos que a primeira equipe estava a duas horas na nossa frente.

Entramos no rio junto com a galera de Registro da Gnu´s que estavam sem luz. O primeiro trecho foi tranqüilo e o segundo, um rafting na contra mão. Foi a parte mais dura da prova, tendo de fazer várias portagens, e remando bem forte, para não sermos arrastados para trás.

Chegamos felizes por acabar a prova. Mesmo com as dificuldades não deixamos de nos esforçar nunca. As 7 horas além do que havíamos previsto foram um teste à nossa resistência.

Meus parabéns ao Lucas pela qualidade, beleza e nível de dificuldade da prova. É sempre surpreendente o que ele nos proporciona quando organiza uma prova.

Parabéns a todas as equipes que tiveram o privilégio de participar.
Feliz Natal!!! HOHOHO

A equipe adventuremag conta com o apoio das marcas Salomon, ...o tao do pedal..., Adventure Gears, e Chili Beans.

Classificação Final
1 - Aroeira
2 - Nuts Adventure I
3 - Zeca 4 Fun

Mais informações e classificação completa: www.chauas.com.br

João Bellini
Por João Bellini
23 Dez 2004 - 00h45 | sudeste |
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