Antes da largada os atletas estavam numa expectativa alucinante, nervosos e curiosos para saber qual seria o percurso da prova, como seria o mapa e onde estariam os PCs! “Parece que tem um caminhão dentro de meu estômago!”, comentou Lila, da equipe Bike Rei.
Às 8 horas da manhã foram entregues o mapa, o passaporte, o race e o road book! Todos correram para suas equipes e iniciaram suas estratégias! “Vocês vão entregar o que? O saco preto do William e o saco amarelo meu, tá?...Margem do Jacuípe, Point do Garotinho! Depois saindo daqui nós vamos pro PC5...”, planejava Renato Paes com sua equipe Camaleão!
Às 9h iniciou-se o prólogo: a volta de apresentação por Feira de Santana, num percurso de 7 km. Todos os atletas em sua bikes e com seus carros de apoio em comboio saíram do Shopping Iguatemi e seguiram até o limite da cidade, no sentido da rodovia BA-502, com destino a São Gonçalo dos Campos.
O prólogo foi o momento ideal para os atletas conhecerem um pouco mais a cidade e, acima de tudo, serviu de aquecimento, favorecendo a explosão no primeiro trecho da prova: 17,5 km de bike.
A largada foi dada às 9h15 e os atletas, realmente, explodiram “voando baixo” na bike. Num trecho inicial de asfalto (7,6 km) e logo depois num estradão (9,9) com vários down-hills e subidas de “empurra bike”, a galera colocou uma média de 27 km/h. A primeira equipe chegou ao PC1 às 9h55.
Do PC1 as equipes transitaram para a natação com orientação! Isso mesmo, natação utilizando orientação! Foram 1250 metros de travessia! Mas, várias equipes preferiram seguir margeando o rio até um ponto mais estreito. Porém, passaram por vários obstáculos e se desgastaram muito mais! A melhor opção era nadar 500 metros e caminhar mais 2 km, contudo nenhuma equipe utilizou. Vale ressaltar que o calor já era intenso e a temperatura da água estava próxima dos 30 graus!
Após o longo trecho de natação, as equipes seguiram até a pequena Igrejinha de Santa Luzia, construída em 1656, utilizada como PC Virtual, e dali continuaram a prova em trekking. A orientação foi crucial para encontrar o melhor caminho até o PC3 (AT3 – Trekking para Canoagem). Neste trecho muitas equipes foram surpreendidas pelo carrasco e tiveram que atravessar nadando alguns braços de rio, pois “rasgar mato” era praticamente impossível: muitos espinhos, urtigas, cansanção, entre outros arbustos brabos da caatinga.
Chegando ao PC3, os atletas conheceram a CATRAIA, uma pequena embarcação de pescador da região. É um barquinho de fundo plano, construído com placas de madeira, possui até popa para quem quiser colocar um motorzinho e só cabem no máximo 5 pessoas. Mas, o pior de tudo é que se virar afunda! Eh! Afunda mesmo! E quase afundava uma equipe! Por pouco, a Impacto Informática não deixava a prova logo após o PC3. Por sorte, eles conseguiram desvirar o barquinho, que afundou na beira do rio, e tirar a água de dentro. E com a ajuda dos Amigos da Vida, conseguiram remendar alguns pontos da madeira que acabou cedendo em pequenos lugares. Eles utilizaram argila e pedaços da corda de resgate! Isso é que foi improviso!
Até o PC3, a equipe Bike Rei estava na frente, seguida pelas equipes Rumo Certo e Zumbi dos Palmares. Mas, no trecho de canoagem a disputa pela liderança foi muito bonita. A Bike Rei estava com muita dificuldade em remar a catraia e logo foi ultrapassada pela Rumo Certo, que assumiu a liderança, e a Zumbi dos Palmares que remava precisamente, fez da catraia parecer um caiaque, chegando muito perto da nova líder! Depois de 6 km de muito remo, o ranking estava assim: Rumo Certo na liderança, Zumbi dos Palmares – 1 minuto atrás, Espírito Selvagem Pangéia – 4 minutos, Makaira Adventure Pangéia – 9 minutos e Bike Rei – 22 minutos de diferença da líder e na 5ª posição!
No PC4 as equipes realizaram uma pré-transição de canoagem para técnicas verticais, onde os atletas tiveram que se vestir com o kit de ascensão e rappel e, em seguida, retornar para as catraias e remar cerca de 500 metros até debaixo da ponte da BR-116, sob o Rio Jacuípe. Lá, as cordas já estavam penduradas e dois deles tiveram que se abordar sozinhos e realizar a ascensão de 15 metros, enquanto os outros dois atletas remaram até a margem do rio e subiram para realizar o rappel, também de 15 metros. O mais interessante foi realizar a ascensão e o rappel de dentro de uma embarcação em movimento! Os atletas curtiram bastante! Os atletas da Makaira Adventure Pangéia, que aprenderam na semana da prova as técnicas verticais, mandaram bem, não tiveram dificuldade e provaram que adquiriram a competência técnica! “Só falta agora a orientação! O resto está beleza!” Disse Mateus, integrante da equipe.
As técnicas verticais foram um dos grandes momentos da prova! Três equipes chegaram ao mesmo tempo na ponte, entre elas a Espírito Selvagem Pangéia, que com toda sua experiência conseguiu executar rapidamente todos os procedimentos e dali seguiu para o próximo braço de canoagem. Eles abriram 20 minutos de diferença para a segunda colocada.
Aconteceu também um fato nas técnicas verticais, que alguns atletas questionavam nos testes de habilidades em técnicas verticais, se era necessário todos realizarem a ascensão, pois na prova apenas dois tinham que subir e os outros dois tinham que descer. Bom, a equipe Companheiros de Aventura respondeu isso para eles: um dos companheiros ao iniciar a ascensão sentiu uma fisgada na perna e teve que abandonar a prova de ascensão, passando para o rappel, pois o esforço era muito menor. Com isso, o outro companheiro de aventura teve que substitui-lo e realizar a ascensão! Isso poderia acontecer com qualquer pessoa e sob outras diversas condições. Por isso, é fundamental que todos os integrantes da equipe estejam com as técnicas verticais em dia!
Logo após, veio o PC6 com a Pista de Orientação, exigindo muita técnica de orientação das equipes. Várias tiveram dificuldade, mas algumas tiraram de letra! A Espírito Selvagem Pangéia, que já estava liderando a prova, fez o melhor tempo (1h06m) e conseguiu mais vantagem. O segundo melhor tempo foi da dupla Tuaregues cravando a marca de 1h12m, que inclusive seu navegador, Gaiamum, fez um depoimento entusiasmado para o montador da pista de orientação, Sr. Caumo: “Rapaz, eu era contra as pistas de orientação no meio das provas de aventura, mas tenho que dar meu braço a torcer porque até agora foi o melhor momento da prova!”
Depois da pista de orientação veio um trecho “fervendo” de bike, com 18 km num horário extremamente quente: 15 horas. A visão do horizonte tremulava com o calor que subia do chão! E foi seguindo para o PC8, que um dos integrantes da Espírito Selvagem Pangéia começou a ter câimbras, diminuindo o rendimento da equipe. Mesmo assim, chegaram no PC9 em primeiro lugar. Mas, a Zumbi dos Palmares, equipe de Ida (ex-jogadora de Vôlei da Seleção Brasileira) estava apenas 7 minutos atrás e com boas chances de tomar a liderança da prova.
Foi o que aconteceu quando eles iniciaram o trecho de montanhismo para alcançar o PC10. Nesta altura da corrida, a Zumbi dos Palmares já liderava a prova, mas a Rumo Certo estava chegando para disputar a liderança. E eles estavam com sorte: as duas primeiras equipes, Espírito Selvagem e Zumbi dos Palmares escolheram um caminho mais longo para subir o Monte Alto (também conhecido como Morro da Cobra, um excelente lugar de escalada): eles preferiram dar a volta no Morro e subir por trás, pelo caminho menos íngreme. Isso quase tirou a liderança da equipe de Ida, que alcançou o cume do monte às 17h57m. Mas, a Rumo Certo conseguiu a segunda posição, chegando 9 minutos atrás deles.
O montanhismo foi considerado o clímax da prova! Um local de grande beleza natural, com uma formação rochosa quase isolada no meio da Caatinga e com uma vista aérea perfeita! Um presente para os atletas, que declararam que ali foi o momento de recarregar as energias, segundo a triatleta e integrante da equipe Rumo Certo, Alessandra Silvestre: “Eu ganhei um gás mesmo na montanha, porque na hora em que fui subir a montanha não tinha gás mais pra nada, e de repente eu estiquei meu braço lá, rezei um Pai Nosso, fiquei uns 10 minutos em silêncio,...enquanto meu amigo se recuperava da câimbra,...e de repente eu desci da montanha com muito gás, muito gás mesmo,...e foi maravilhoso! A montanha foi muito especial na prova!”
E a noite chegou! E com ela chegou também o momento das equipes encontrarem o PC11, dentro do Carrasco! Este PC estava no meio de uma trilha “casca-grossa”, cheia de tiriricas, cansanção e urtigas, e deixou muitas equipes perdidas! A Zumbi dos Palmares, que liderava a prova, levou quase 3 horas para encontra-lo. Durante essas preciosas horas, a Rumo Certo assumiu a liderança e, a partir daí, foi fácil administrar a vantagem.
A Camaleão, que no PC10 estava em 4º lugar e a 1h20m atrás da terceira colocada, também conseguiu realizar uma corrida de recuperação muito boa! Já era noite fechada e só a bela lua amarelada orientava as equipes, atravessando o Carrasco, quando a Camaleão encontrou a mata fechada: apenas o movimento dos animais era ouvido na mata. Rafael, da equipe Camaleão, comentou ainda na trilha "Galera, das duas, uma, ou estamos na trilha errada ou passamos todo mundo, porque aqui na frente ta cheio de teia de aranha, ou seja, não passou ninguém..." e logo depois a equipe chegava ao escondido PC11 e em 2º lugar!
Mas, a lua não brilhou para todas as equipes e a Espírito Selvagem Pangéia teve que desistir da prova antes de chegar no PC11, pois um de seus integrantes já estava bastante desidratado e com dificuldade para continuar. A melhor opção foi sacrificar a corrida para garantir a saúde de seu atleta!
Logo após o PC11, havia a transição de trekking para mountain bike no PC12. A Rumo Certo conseguiu uma rápida transição, em 5 minutos, e seguiu em disparada para o PC13 (Virtual) e depois para a Chegada.
O trecho de bike até o PC13 foi também muito perfeito: um single track muito técnico, com vários down-hills, passando por dois riachos; foi muito bonito, ainda mais com a luz da lua iluminando toda a trilha! Este, sem dúvida, foi o segundo presente da natureza para os atletas!
Após 2 horas pedalando a Rumo Certo chegou no Iguatemi, finalizando a prova em 12 horas e 20 minutos! Foi um momento de grande festa, pois além de terem vencido a Carrasco D’Aventura, era aniversário de Navarro, navegador da equipe! Foi um lindo momento de glória para a equipe Rumo Certo! Parabéns a estes triatletas e, agora, mais do que nunca, campeões de corridas de aventura!
Em segundo lugar, cerca de 25 minutos depois, chegou a equipe Camaleão! Uma grande surpresa na prova, pois ninguém conhecia a formação da equipe, ainda mais pelo fato deles terem fechado todos os integrantes um dia antes. A mulher da equipe nunca havia feito uma corrida de aventura e só foi “descoberta” na sexta-feira! “A gente não tinha mulher, a gente conheceu ela ontem e ela é a mulher para a equipe!” Falou entusiasmado William Makant, navegador da equipe vice-campeã, Camaleão!
Para completar o podium, a Bike Rei chegou apenas 3 minutos atrás da vice-campeã, Camaleão. Por pouquinho a chegada não era acirrada e definida na “foto de chegada”! 20 minutos depois a Zumbi dos Palmares completou a prova e ganhou o 4º lugar, seguida pelos Companheiros de Aventura, que finalizou a prova com 14h14m e garantindo o troféu do 5º lugar!
O ranking final ficou assim:
Categoria Quarteto Misto
1. Rumo Certo - Salvador/BA - 12h20m
2. Camaleão - Salvador/BA - 12h55m
3. Bike Rei - Feira de Santana/BA - 12h58m
4. Zumbi dos Palmares - Maceió/AL - 13h08m
5. Companheiros de Aventura - Salvador/BA - 14h14m
6. Makaira Adventure Pangéia - Salvador/BA - 14h41m
7. Impacto Informática - Feira de Santana/BA - 13h45m (Corte no PC7)
8. Espírito Selvagem Pangéia - Salvador/BA - Desistência após o PC 10
Categoria Dupla
1. Tuaregues - Salvador/BA - 13h59m
2. Insanos - Salvador/BA - 14h45m
3. Agreisor Explorer - Salvador/BA - 13h05m (Corte no PC7)
4. Mateiros - Salvador/BA - Desistência no PC5
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