O RBCA – Ranking Brasileiro de Corrida de Aventura, conta com mais um circuito para pontuar, a Expedição Canguçu que integra o Circuito Paraense de Corrida de Aventura.
Tendo por cenário a imensidão da floresta amazônica com seus rios majestosos e a hospitalidade do povo paraense, a primeira etapa do Circuito Paraense de Corrida de Aventura, aconteceu na Ilha do Mosqueiro / PA nos dias 26 e 27 de março e deixou os atletas impressionados com o nível de dificuldade imposto pela organização.
Participaram dez equipes de quatro integrantes cada, todas do estado do Pará, sendo um atleta do sexo feminino, sem equipe de apoio. No total foram 57km, sendo 24km de bike; 4km de flutuação e 29km de trekking. As equipes também tinham como desafio ultrapassar uma ponte feita de cordas chamada falsa baiana e um rapel de 20 metros.
Segundo Alan Pereira, presidente da APEA – Associação Paraense de Esportes de Aventura e organizador do Circuito, “Essa prova tinha como objetivo identificar quem são as melhores equipes do Estado, com condições de competir no sudeste e representar bem o Pará. Colocamos um nível técnico elevado para forçar os atletas, e ver quem tem controle mental e calma, além de técnica e preparo físico para enfrentar um verdadeiro desafio”.
Os esportes de aventura ainda estão começando no Pará, mas ficou nítido o empenho e dedicação das pessoas que se envolveram com a profissionalização da aventura no Estado. Sem recursos, com poucas informações e dificuldades para obter equipamentos técnicos, o paraense realmente mostrou que garra não falta a eles!
Logo na largada começaram os imprevistos – os 32km de remo em canoas regionais tiveram que ser suspensos devido a um problema com as mesmas, que apareceram furadas na hora da largada. Nem Freud conseguiria explicar o que aconteceu!
A solução foi largar um pouco antes do PC 1 com a modalidade natação / flutuação. Todos subiram nos “popopos” (espécie de barco a motor) rumo à largada improvisada. As águas barrentas da Ilha do Mosqueiro facilitaram a vida dos atletas que seguiram auxiliados pela correnteza que os levaram até uma palafita onde estava o PC1. Um lindo espetáculo!
Na primeira área de transição os atletas pegaram as bikes e sumiram na trilha, enquanto nós ficamos emocionados com a entrega de material escolar na comunidade ribeirinha de Pirajuçara. Fomos recebidos pelo Seu Valdemar e Dona Sulamita, os líderes da comunidade que nos contaram as dificuldades e alegrias de viver ali à beira do rio Pirajuçara. Uma gente simples, de olhar amoroso, fala mansa e coração bondoso. As crianças, alegres e muito felizes com os presentes, saudavam todos os atletas que chegavam e rapidamente partiam de suas palafitas.
Ficamos impressionados ao chegar na Fazenda Mari Mari , onde estava o PC 4. Pegamos a trilha para encontrar os atletas passando e qual não foi nossa surpresa quando logo depois de atravessarmos o rio, nos deparamos com um mangue de proporções gigantescas, como tudo na Amazônia! Não conseguia acreditar no tamanho das raízes, na beleza daquele local explorado apenas pelos pescadores e ribeirinhos. Este foi o trecho mais difícil da prova, cada passo era um enorme esforço, já que ficávamos enterrados na lama densa até o meio das coxas. Foi um espetáculo incrível ver os atletas carregando suas bikes, todos sujos de lama, cansados, mas com o sorriso sempre estampado no rosto! Confira as fotos!
Entre risos e lágrimas, dores e alegrias e muita superação, a prova foi seguindo. A chuva constante daqui, caiu de leve, era São Pedro dando uma trégua para os atletas. A noite chegou e muitas equipes se perderam, outras não tiveram forças para continuar e o índice de desistências foi aumentando.
Mais um momento emocionante: a chegada das equipes ao acampamento dos Sem Terra e a doação de brinquedos, roupas e alimentos. As crianças cantaram o hino dos Sem Terrinhas e conseguiram arrancar lágrimas de nossos olhos, tamanha a força das palavras quer saíam de suas gargantas.
Confesso que não sou uma simpatizante deste movimento, mas fui conhecê-los com meu coração aberto, sem preconceitos ou julgamentos e assim, pude entender um pouco da luta deles, e ter a compreensão que em todos os lugares existem pessoas boas e pessoas oportunistas. Com eles não é diferente. É realmente revoltante ver que apenas um político possui mais de cem fazendas na mesma região, terras estas que foram adquiridas através de tramóias, grilagem e muito sangue.
Por essa e por outras a Expedição Canguçu conseguiu cumprir uma missão – não só com os atletas, mas com as comunidades por onde passou, exercendo o que a aventura significa no mais profundo que é a integração entre o homem, o esporte e as ações sócio-ambientais. O respeito por si mesmo, pelo próximo e pela natureza.
Pela manhã a maioria das equipes já havia desistido, apenas duas, a equipe Pará - Iso e a equipe Kaiowa continuaram firmes e fortes no propósito de concluir a etapa.
E venceram.
Mais do que uma simples competição, essas duas equipes venceram seus limites e mostraram que têm sim, muita técnica, disposição, força e preparo físico e psicológico para enfrentar qualquer equipe, seja do sudeste ou de outra região. Anotem estes nomes: Pará - Iso e Kaiowa, direto da Amazônia para o mundo – ainda vamos ouvir muito falar deles!
ACREDITEM SE PUDER:
Desde 98 cubro como jornalista, fotógrafa ou assessora de imprensa, as maiores provas do Brasil.
Na Amazônia alguns fatos me chamaram a atenção, e gostaria de dividir com vocês, já que foram situações nunca vistas em todos estes anos de corridas:
CLASSIFICAÇÃO GERAL
Categoria Expedição:
1º lugar – Equipe Pará – Isso
2º lugar – Equipe Naturebas
3º lugar – Equipe Jaguar
Categoria Aventura:
1º lugar – Equipe Kiowa
2º lugar – Equipe Muiraquitã
Mais informações: www.apea.org.br
APOIOS: Secretaria Estadual de Esportes e Lazer e ao Hotel Paraíso
SOBRE O PARÁ
O Estado do Pará, com 1.248.042 km 2 de extensão, representa 16,66% do território brasileiro e 26% da Amazônia. Cortado pela linha do Equador no seu extremo norte, é dividido em 143 municípios, onde vivem cerca de 6 milhões de pessoas. O Pará já conta como uma infra-estrutura capaz de sustentar a implantação de projetos produtivos para alavancar o desenvolvi-mento do estado.
O Estado do Pará oferece inúmeros e fortes atrativos (49% dos atrativos naturais de toda a Amazônia, segundo a OEA - Organização dos Estados Americanos ) para o turismo, atividade que vem crescendo principalmente, depois dos investimentos em infra-estrutura realizados pelo Governo do Estado.
Belém é parada obrigatória para quem vem conhecer o norte do Brasil. "A cidade das mangueiras", com cerca de 1 milhão e 200 mil habitantes, tem clima quente e úmido o ano todo. E a famosa chuva da tarde que dá à cidade um charme especial. Como toda metrópole, Belém cresce apostando no futuro, sem perder as marcas do passado.De um lado edifícios modernos, de arquitetura arrojada. De outro a Cidade Velha, com seus casarios seculares e igrejas imponentes. A poucas horas de Belém é possível desfrutar de um delicioso banho de água doce nas praias de Mosqueiro e Outeiro. Mais adiante, praias paradisíacas de água salgada. Tem a belíssima Atalaia, em Salinas, onde a praia parece não ter fim. E a natureza selvagem das praias de Algodoal e Ajuruteua, vilas de pescadores que guardam paraísos intocados.
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