Equipa, CP e BTT. Estes são alguns exemplos dos termos utilizados nas corridas de aventura do outro lado do oceano Atlântico, mais especificamente em Portugal. Além das palavras, os portugueses contam também com um formato de corrida diferente do que estamos acostumados aqui no Brasil, muito mais focado na estratégia das equipes, mas sem deixar de lado o preparo físico e técnico dos participantes.
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A segunda etapa da Taça de Portugal de Corridas de Aventura foi realizada nos dias 25 e 26 de março na região do Alentejo. Localizada na região das Terras do Grande Lago Alqueva, a cidade de Reguengos de Monsaraz foi escolhida para servir de base para a corrida.
O Alqueva é o maior lago artificial da Europa e foi formado a partir da barragem do rio Guadiana. Localizado em uma região bastante seca, a represa foi construída com o objetivo de melhorar o abastecimento público e o combate à seca e, possibilitado por uma reserva estratégica de água, a produção hidroelétrica e de forma complementar, o turismo.
A região também sediou no final do ano passado a primeira edição do XPD Adventure Race, a corrida de aventura internacional de Portugal.
Outro diferencial dos eventos no país é sua ligação com a Federação Portuguesa de Orientação (FPO), que se torna responsável pela regulamentação do esporte. Além do diretor de prova, a corrida tem um diretor técnico e um supervisor, que garatem o bom andamento da corrida durante toda a sua duração.
Alexandre Guedes da Silva, diretor da prova e responsável pelo circuito, é um corredor de aventura com experiência em diversas provas internacionais. Ele esteve presente nas duas edições do ELF Authentic Adventure e no Raid Gauloises, realizado em 1997 no Equador, quando os atletas subiram ao topo do Vulcão Cotopaxi.
Formato – o percurso da prova é dividido em etapas onde cada uma delas possue um número determinado de postos de controle e um tempo máximo para ser completada. A equipe vencedora é aquela que consegue alcançar o maior número de PC’s dentro do horário permitido.
Caso a equipe não consiga chegar no tempo máximo estipulado pela organização, com tolerância de 10 minutos, ela perde metade dos postos de controle conquistados. Caso ultrapasse esse tempo, todos os postos de controle são descartados.
As equipes são formadas por 4 atletas mas apenas 3 estão presentes no percurso. O quarto atleta faz o trabalho de apoio e pode trocar de lugar com um dos atletas ao final de cada etapa. Em algumas situações os 4 atletas podem estar competindo.
Todas essas informações de distâncias máximas e mínimas (de acordo com a quantidade de PC’s que a equipe pode encontrar), quantidades de postos de controle (obrigatórios e facultativos), quantidade de atletas e sua divisão, horários de início e fechamento de cada etapa, além de outros detalhes como a altimetria da prova, são informadas no Raidbook, um impresso completo com todas as informações necessárias para que as equipes possam montar parte de sua estratégia. Parte da estratégia porque os mapas são entregues somente no início de cada etapa. Cada equipe avalia sua capacidade física e técnica e tem que decidir em poucos minutos quais PC’s vão procurar.
Para facilitar a contagem de pontos, todos os postos são controlados eletronicamente, com o uso de um sistema chamado SportIdent (Sicard) que controla o tempo de passagem dos competidores. Como não existe uma pessoa controlando se os atletas da mesma equipe foram até o posto de controle, todos utilizam um sensor preso ao pulso, semelhante aos utilizados para controle de entrada em eventos em que não é possível tirar sem danificar a pulseira. O sistema controla a diferença de tempo entre a passagem de cada atletas de cada equipe, forçando todos a andarem juntos.
No caso de haver problema com a base, picotadores iguais aos utilizados nas corridas de orientação estão disponíveis junto à cada base eletrônica.
As modalidades envolvidadas nessa corrida foram o trekking, mountain bike, técnicas verticais (rapel e tirolesa), canoagem, bike`n run, provas especiais, orientação e o trikke, uma espécie de patinete articulado.
A corrida - Na largada do primeiro dia de competição os atletas se alinharam na Praça da Liberdade, no centro da cidade de Reguengos de Monsaraz depois de um rápido briefing. Para evitar qualquer privilégio na entrega dos mapas, eles são pendurados em um “varal” e ao sinal de largada os competidores correm para pegar o seu. Alguns minutos para ver para que lado sair e aos poucos as equipes começam a dispersar e se dirigir para o primeiro posto de controle de sua escolha.
Plantações de oliveiras e sobreiros, de onde se extrai a cortiça, fizeram parte do cenário por onde passou a corrida que teve ainda como ingredientes castelos e vilas antigas protegidos por muralhas de pedras.
A primeira modalidade foi o bike´n run, com dois atletas de bicicleta e um a pé. Em Monte S. Luiz aconteceu o início da segunda etapa e enquanto dois atletas remavam na represa de Alqueva, outros dois faziam um trecho de 400 metros de natação.
A terceira etapa foi realizada dentro do Castelo de Monsaraz, uma antiga vila fortificada por muralhas, construída para proteção contra os ataque muçulmanos. Denominada Score 100, cada baliza marcada possui um número de pontos e o objetivo da etapa consiste na realização de 100 pontos em atividades como o Slide (tirolesa), rapel e o Ski – duas tábuas de madeira em que todos os integrantes devem percorrer uma determinda distância, exigindo o trabalho em equipe para que o desafio possa ser superado.
Na etapa seguinte as equipes se dividiram em duas duplas e cada uma deveria ter um trikke e encontrar 3 postos de controle. O outro integrante de cada dupla poderia seguir a pé, de patins ou utilizando outro trikke.
No total foram 7 etapas realizadas no primeiro dia de prova, que terminou na madrugada de sábado e incluiu ainda trechos de navegação noturna de trekking e mountain bike e atividades medievais no Castelo de Terena.
Depois de tomar um banho e se alimentar, os atletas aproveitaram as poucas horas de sono para recuperar as engergias e se preparar para o dia seguinte.
A largada da penúltima etapa da corrida aconteceu às 07:00h da manhã de sábado com a divisão das equipes: dois atletas seguiram de mountain bike e dois de canoagem. No posto de controle de número 60 as duplas trocaram de lugar. Algumas equipes perderam muito tempo para completar a etapa de mountain bike e obrigando seus companheiros de equipe a abrirem as mantas térmicas para se proteger do vento forte e gelado que soprava no local.
Para quem remava faltava ainda mais uma atividade: o rapel na ponte que liga Campos e Amieira. Para complicar ainda mais a vida do atleta que fazia a descida, a corda não chegava até o final, obrigando-o a cair nas águas geladas da represa. Foram poucos os que conseguiram descer em cima do caiaque, evitando o banho forçado.
A corrida encerrou com 10km de bike´n run entre São Marcos do Campo e Reguengos de Monsaraz e a vitória ficou com a equipe Sportzone Berg, que passou em 72 dos 77 postos de controles da prova. Em segundo lugar ficou a equipe Exército e em terceiro a Associação Comandos Aventura.
A melhor equipe mista foi a UTL Aventura, que ficou com o quinto lugar na classificação geral e possui em sua formação atletas que estiveram presentes no Brasil participando do Elf Authentic Adventure e da EMA Amazônia.
A prova foi bastante disputada, dinâmica e com um percurso muito “giro”, passando pelos campos do interior de Portugal e seus castelos históricos. A terceira etapa acontece nos dias 16 e 17 de abril e promete muito mais emoção para seus participantes.
Para quem não sabe, o BTT é a nossa velha conhecida Mountain Bike.
Mais informações: www.portugalecoaventura.pt
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