Em janeiro a equipe recém formada se reuniu para conversar sobre o grande desafio 2016: a participação na final do ARWC na Austrália. Desde então, começamos uma preparação frenética orientada pelo Mestre Caco. Para alcançar nosso objetivo, precisávamos colocar metas ao longo do percurso e foi quando tivemos a ideia de usar a Copa América como preparação. Porém, na semana da prova tivemos uma baixa, o Rafa Melges teve alguns contratempos e não pode embarcar. Quando Caco ligou, já estava com a solução pronta, vamos com o Carcaça!
A expectativa em relação ao percurso aumentou muito quando descobrimos que a prova estava sob orientação do Lucas e Fran...que saudades dos intermináveis Chauás!
Toda nossa alegria aumentou ao receber o mapa. Diversificado, com bons trechos de navegação, sentimos ali que nada seria fácil e exigiria muita cabeça. Além da navegação, o ambiente selvagem da Costa Rica e o clima quente e seco seriam outros pontos de atenção.
Foi dada a largada na sexta às 10:00….que calor!!! Cruzamos o centro da cidade, pegamos as bikes, cruzamos novamente a cidade e, a partir daquele momento, passaríamos bem longe de "civilização" por algum tempo. Primeiro foram as estradas em fazendas, muita areia e um pedal bem duro. Estávamos juntos com outras equipes, liderando o pelotão. Chegamos no PC 4 ainda entre os primeiros, saímos forte para o trekking, mas cometemos um erro na saída da fazenda nos obrigando a varar um pântano e perder 50 minutos em relação as outras equipes. Chegamos a ficar em 14º lugar, mas sem nenhuma preocupação pois sabíamos que a prova começava ali!
Passamos pelo PC5 ainda claro, que seria fundamental para nossa estratégia do trekking. Precisávamos cruzar o vale com o máximo de claridade possível e ainda, como optamos por descer em um local onde as equipes não tinham passado, teríamos que "abrir" o caminho sozinhos. Além de uma boa estratégia, contamos com um pouco de sorte pois o local escolhido possuía uma parede transponível, que realizamos em cordas utilizando técnicas verticais. Chegamos no rio formado pelo vale escuro, mas como a navegação estava indo bem, conseguimos identificar rapidamente as junções dos rios que seriam a referência para alcançar o PC6. Após mais alguns quilômetros de rasga mato, mordidas de tucundeiras e outros insetos, chegamos na vossoroca. Naquele momento já desconfiávamos da liderança pois não havia marcas no local e muita teia de aranha. Encontramos o PC6, comemoramos rapidamente e tocamos para a fazenda.
O próximo trecho era bem fácil de navegação, mas guardava uma surpresinha do Lucas: um vara mato com as bicicletas de quase uma hora! Fizemos o trecho todo à noite até o Parque das Lages e partimos para uma pernada supostamente "rápida", "curta" entre outros adjetivos usados na construção do mapa. É Chauás amigo, leva comida, lembramos! A pequena volta durou quase 6 horas, com direito a um canionismo interminável para alcançar o PC12.
Voltamos e nenhuma outra equipe tinha entrado nesse trekking naquele momento. Fizemos uma transição um pouco mais calma mas não baixamos o ritmo, uma prova dessa tudo pode acontecer. Fizemos um pedal super rápido, sem perder tempo para a canoagem, aliás o dia estava esquentando. Iniciamos a remada e nos comprometemos a acelerar para terminar de dia, para isso precisávamos descer os 34km em menos de 5 horas. Após 4 horas e 40 minutos, chegamos na transição bem como previmos.
Naquele momento era só alegria! Que prova dura! Fizemos a tirolesa sobre o Salto do Sucuriu, e uma chegada escoltada pela organização e carros da cidade. Toda a prova começou a passar em minha cabeça, os momentos difíceis, superação, garra... sensação de missão completa! Mas nada disso SEM o espírito guerreiro do Carcaça, que com sua força constante não nos deixou baixar o ritmo, nem nos momentos mais difíceis; SEM a determinação e companheirismo da Mari em tentar manter a equipe unida, principalmente nos momentos de sono; SEM a concentração e foco do Caco que além de nos levar para o rumo certo, é o grande responsável pela nossa preparação física nos fazendo buscar força e preparo que nem sabia que existia!
Parabéns a organização e todos os envolividos pelo grande e belíssimo evento!!!!
Philipe Campello, Terra de Gigantes-Selva.
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