Apertem o freio, o PC sumiu! - relato da Millenium Gantuá na abertura do CNA

Por Diana Pinho Gomes - 17.Mar.2010

Em uma prova com tantas subidas e descidas, chega a cair como uma luva o carrossel de emoções vivido pela Gantuá Millennium Granola Tia Sonia durante a abertura do Circuito Nordestino de Corridas de Aventura, nos dias 12 e 13 de março, em Alagoas. Foi uma disputa de altos e baixos para a pentacampeã baiana que, mesmo enfrentando tantos problemas, acabou na segunda colocação.

A máxima "no final tudo dá certo" nunca se encaixou tão bem em uma prova. Tudo começou antes mesmo da equipe chegar em Tanque D'Arca, cidade de apenas 5 mil habitantes, a 100 km da capital Maceió, que serviu para local da largada.


Cidade de Tanque D'Arca


Da esquerda para a direita: 3º lugar - Limite Infinito, 2º lugar - Gantuá Millennium Tia Sonia e1º lugar - Millenium Daventura Makaira

Na semana anterior à prova, a equipe recebeu a notícia de que o navegador oficial, Pedro Martins, não poderia correr porque havia queimado a perna em uma moto. O atleta Angelo Oliveira então passaria a condição de navegador, mas ainda assim era preciso encontrar o quarto elemento. O convite foi para Rodolfo Lins, atleta de mountain bike, que seria a melhor opção em uma prova que, dos 160 km de percurso, teria 122 km apenas desta modalidade. A equipe estava pronta com o capitão Angelo Oliveira, Alan Pedreira, Diana Gomes e Rodolfo Lins.

A largada em Tanque D'Arca aconteceu na praça da cidade, à meia-noite. O início teve uma pequena gincana, em que cada atleta da equipe correria por um roteiro diferente, de cerca de 2 km, para pegar uma fita e depois retornar ao ponto de partida, onde pegaria a mountain bike. Aí a brincadeira deu lugar à uma disputa de gente grande.

O cenário para não poderia ter sido mais fantástico. Serras atrás de serras, de uma beleza incomparável e até surpreendente para quem está acostumado a correr provas em Alagoas com canaviais como pano de fundo. A prova começou bem disputada com pelo menos cinco equipes na frente. Além da Gantua Millennium Granola Tia Sonia, brigavam pela liderança as equipes baianas Millennium D'Aventura Makaira e Extreme, a alagoana Oskaba e a potiguar Carbono Zero.

Depois de muito subir, muitas vezes empurrando as bicicletas, já que os caminhos eram de tão difícil acesso que só permitiam a passagem de animais, as equipes chegaram no município de Maribondo, onde houve a transição para o trekking. Mais uma volta na serra, sobe e desce, e todos estão de volta a Maribondo, onde pegam novamente as bikes e partem para um dos trechos mais difíceis da prova, tanto em navegação quando em percurso.

Depois de um descanso pedalando por 7 km de asfalto, as equipes começam a subir novamente. Neste momento, a Gantuá Millennium Granola Tia Sonia estava em segundo lugar, atrás apenas da Millennium D'Aventura Makaira. Até que em uma das subidas, a gancheira da bicicleta de Diana quebra e para piorar a situação a equipe não havia levado a peça para substituir, muito menos uma ferramenta que pudesse amenizar a situação. Foram duas horas e meia empurrando as bicicletas debaixo de um sol de escaldar o juízo. A água acabou e a sorte também. Como se não bastasse a sapatilha de Angelo arrebenta. A equipe decide parar embaixo de uma árvore para que Angelo troque a sapatilha pelo tênis.

O quarteto já descansava por cerca de meia hora na sombra da árvore quando surgem as equipes Extreme e Carbono Zero. Os conterrâneos da Extreme param para ajudar e além de ferramentas, conseguem arrumar uma gancheira. A Gantuá Millennium Granola Tia Sonia adapta a peça na bicicleta enquanto a Extreme segue na prova. Pulando da segunda para a quinta posição, o conforto era estar de volta à disputa e ter a oportunidade de correr atrás do prejuízo, mesmo depois de várias horas perdidas.

Mais uma subida daquelas e ao chegar ao topo outra surpresa. Desta vez era a Extreme que tinha problemas com um de seus atletas passando mal. Ele já havia sido medicado e a equipe esperaria ali por sua recuperação. A Gantuá então segue agora atrás da Carbono Zero e da Makaira. No trecho mais complicado de navegação, a Carbono erra e é ultrapassada pela Gantuá. A segunda posição era novamente da equipe, mas agora a distância para a líder Makaira já era grande.

Sem desanimar, a equipe segue para uma represa, para cumprir o trecho de canoagem. Cada atleta rema individualmente, um por vez, cumprindo um caminho balizado, e depois todos entram em um bote para pegar um PC virtual em uma árvore, onde tinha uma letra escondida atrás de um tronco. A letra não poderia ser mais sugestiva: Z de zebra. Era um sinal de que vinha mais perrengue pela frente. Esse o pior de todos.

Duas fazendas estavam no caminho, a primeira delas, a Piano, encontrada sem nenhum problema. Já a segunda...ah, essa nunca foi encontrada, aliás o PC é que não foi encontrado até agora. A Fazenda Serrão ficaria no topo de mais uma daquelas serras intermináveis. A equipe chega ao topo às 21 horas e começa a procurar pelo PC que deveria estar a apenas 300 metros da trilha. Procura, procura e nada. No caminho apenas uma casa abandonada e um curral, mas nenhum sinal de gente ou mesmo de um recado.

A Gantuá então decide vasculhar o topo da serra, testando diversos caminhos afim de encontrar a fazenda. Com o cair da noite, o frio começa a apertar, até porque o ritmo da equipe, que a essa altura achava que estava perdida, já havia caído. Todos voltam para a casa abandonada, onde dormem por 15 minutos, enquanto Angelo tenta encontrar uma pessoa acordada em uma outra casa na descida da serra. Mas não havia ninguém.

Com Rodolfo sofrendo com o frio, a equipe opta por descer a serra e dormir no vilarejo que ficava no pé da montanha. A essa altura já eram 23h40. No início da descida a Gantuá encontra com a equipe alagoana Limite Infinito, a terceira colocada, e explica a situação. Uma conversa de aproximadamente 10 minutos se desenrola quando surgem luzes mais fortes, essas de faróis de um carro. Seria alucinação? Não! Era o carro da organização trazendo uma notícia surpreendente. Rominho, o organizador, já desce do carro pedindo desculpas e diz que o PC, um bombeiro, havia abandonado o posto depois da passagem da Makaira. Sim, o PC sumiu, simplesmente foi embora. Indignação de todos, mas era preciso resolver o problema.

As opções eram: o organizador traria um PC novamente e as equipes seguiriam na prova, mas aí o tempo de competição seria extrapolado, ou a prova se encerraria por ali mesmo sem o último trekking e a última perna de bike, a opção que pareceu mais sensata devido ao stress e ao desgaste provocado pela ausência de um PC em uma prova com tamanha dificuldade como foi a abertura deste CNA. No PC 12, em acordo com as equipes, o organizador deu a prova por encerrada.

Depois de 24 horas de disputa e de muito perrengue, ficou a lição de que por pior que seja a situação, desistir nunca vale a pena, pois em corridas de aventura tudo pode acontecer. Apesar dos diversos problemas, a Gantuá Millennium Granola Tia Sonia conseguiu se superar e ainda acabou na segunda colocação, um segundo lugar que teve gosto de vitória devido a tantos contratempos.

A Gantuá agradece aos seus patrocinadores Millennium Inorganic Chemicals e Granola Tia Sonia, além do apoiador LifeStraw.

O próximo desafio da equipe será nos dias 24 e 25 de abril, o Running D'Aventura, na Ilha de Itaparica - Bahia, prova que será válida como primeira etapa do Campeonato Baiano e segunda etapa do Circuito Nordestino.

Classificação das cinco primeiras no Arrasta Pé, a primeira etapa do Circuito Nordestino de Corridas de Aventura (CNA):
1. Millennium D'Aventura Makaira - BA
2. Gantuá Millennium Granola Tia Sonia - BA
3. Limite Infinito - AL
4. Penélopes do Agreste - BA
5. Carbono Zero - RN

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