Sábado, dia 21 de Agosto e dia de HAKA RACE! Saímos às 4:00 da manhã de SP e vimos o nascer do sol que esquentaria a cidade de São Bento do Sapucaí. Checagem, mapa, estratégia para fazer o rapel, bikes nos ATs e largada!
O começo do trekking foi tranqüilo, algumas equipes abriram e mantivemos o nosso ritmo, constante. PC1 ok. Depois subidas e mais subidas. Passamos um pouco a entrada do PC2 e tivemos que voltar. As equipes embolaram e ali começava a parte mais dura da prova. Mesmo com a trilha traçada no mapa parecia que não tinha fim, subia um morro e descia, subia outro morro e quase não descia, subia outro e outro. A prova esquentou, o sol ficou forte, calor, clima seco, sede, cansaço e ainda estávamos no PC2, aliás, bem longe dele.
Eu senti bastante e usei e abusei do Marcelo (depois explico o por que). Rasga mato, atravessa rio, segue azimute, a trilha tem que estar em algum lugar e a única certeza que estávamos no caminho certo era continuar subindo. Não podia ser referência, mas era, o visual lindo, mas pouco aproveitado. O caminho estava certo e eu apática. Um atleta ofereceu comida e eu não tive reação; nem para aceitar, recusar ou agradecer. Estava apática; sem energia, sem reação. Concentrei na respiração e em segurar no colete e não parar. Mesmo com aquela paisagem divina a melhor visão da corrida foi avistar uma coisinha se mexer no mato, bem distante, discreto, quase imperceptível, Togumi, UFA! PC virtual e hora de recuperar o tempo perdido.
Ouvi: "a corrida recomeçou e agora não vamos parar mais" . E foi assim que seguimos do PC4 até o PC5 e AT bike/remo. Entrei para remar e o Marcelo seguiu para o rapel no PC6. Ele andou forte na bike e recuperou duas posições. Nos encontramos no PC7 e ali mudamos nossa estratégia.
Encontrei com as meninas das duplas e estávamos as três disputando o 1º. Lugar. Eu deveria ir correndo até o próximo PC, mas na última hora decidimos (na verdade ele decidiu, mas não podemos discordar dos homens) que eu levaria as duas bikes pela trilha. Saímos eu e a Rose, sem mapa, e nossa referência era o rio e a cerca elétrica. Lembro que o Marcelo falou: "essa cerca é só para assustar, nunca funciona".
Vi a cerca e pensei, é aqui mesmo. Pula e CHOQUE, pega a bike e CHOQUE olha para baixo e CHOQUE. A cerca funcionou três vezes!
A trilha fechou e ficou difícil carregar as duas bikes. Nessa hora a Lebreiros passou, um pelo rio e a Lisandra correndo e decidi abandonar as bikes. Chegamos as três juntas no PC8 e ali senti que era hora de voltar a ter vontade, garra, disposição e muita energia. Pegamos as bikes e seguimos; Spaventura e ARS juntos, mas passamos a entrada.
Com essa bobeira a Lebreiros nos alcançou e pedalamos juntas, as três duplas. Nunca disputei assim. É bom saber que as equipes estão nivelando, que olhar uma dupla na largada não significa que o 1º. lugar é impossível.
Vi o Prof. Léo com o Troller chegando, mas estava olhando a força que a Rose fazia, descendo marcha e pedalando em pé. Eu não queria que ela abrisse muito (um pouquinho só) e tentei manter minha buzolina firme e constante. Nessa hora estávamos as três duplas juntas e alguém passou por nós no sentido contrário. Já havíamos assinado PC 10, subida rumo ao PC11. Continuamos subindo. Fim da trilha e direção errada. Para e volta. Eu acabei saindo depois e demorei em alcançar as meninas e fiquei para trás. Pedi para abusar mais um pouco do Marcelo e percebi que ele não respondeu e nem precisava.
Devemos manter o equilíbrio sempre, até na hora de usar o parceiro. Usar pode, mas abusar não. Eu abusei muito no trekking. Ele me puxou o tempo todo, quando eu estava cansada, com preguiça e com manha. Quando senti dor na mão de segurar o colete, ele empurrou; quando senti dor no pé, ele parou; pedi água, sal, gel e o tempo todo, não desgrudou. Em nenhum momento falou: solta, faz força e vai sozinha.
Para quem acha que homem não cansa, essa foi a corrida que provou e comprovou o contrário. Muitos homens não acreditaram que a subida seria tão forte, o clima tão seco e a prova tão dura. Alguns diminuíram o ritmo, passaram mal, não se hidrataram (e como disse o Mag, hidratação não é beber água! Tem que repor, sais e minerais), outros ultrapassaram o limite e não terminaram. Das mais de 50 equipes, somente 17 passaram pelo corte.
Trecho final de bike e passamos uma dupla. Faltava pouco e decidimos animar e chegamos, em 2º lugar e 3º na geral. Eu fiquei muito feliz, não por apenas completar a prova, mas por ver como é bom demais competir de maneira saudável e ganhar mais que o troféu, o respeito de pessoas, abraço de amigos e o beijo no namorado lindo, mas quebradinho (risos)
Agradeço ao SPAVENTURA que nos apóia no circuito HAKA e a todos que contribuíram para o sucesso que foi a 3ª etapa do HAKA RACE.
Elaine C. Pichiliani
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