Extremo cansaço, extremas dores, extremas cãimbras

Por Lilian Araujo - 16.May.2011

Extremo cansaço, extremas dores, extremas cãimbras pelo barco furado e rodas presas ao extremo. É assim, em apenas uma linha, o resumo da nossa participação na Haka Race do último sábado. Aproveitando o nome do município que recebeu a competição, Extrema (MG), fica fácil ilustrar o que Marco e eu passamos ao longo dos 50 quilômetros de canoagem, trekking e montain bike.

Ainda cansados da última prova, mas com uma vontade de voltar a correr, entramos na brincadeira dispostos a nos divertir. Dispostos não, esta era a condição que impus quando o maridão veio com o papo de correr a Haka. Depois de um "Você chora demais!", seguimos para a prova e lógico que já na largada estava levemente arrependida.

As unhas que há um mês querem cair e os pés sensíveis das bolhas ainda mal curadas me lembravam que devia mesmo era estar de férias. O coração na boca da largada corrida até a canoagem também insistia em me lembrar: "O que é que estou fazendo aqui?"

Marco Antonio e Lilian Araujo / Equipe Guaranis
Marco Antonio e Lilian Araujo / Equipe Guaranis

Como a maioria dos corredores de aventura, resolvi ignorar as broncas que o corpo dá quando exageramos na dose até entrarmos para a canoagem de 15km. Sentei e... "Ihhh!!! Tá murcho". Embora o organizador tivesse falado antes da largada que todos os barcos tinham sido testados, infelizmente a qualidade e a idade dos equipamentos alugados fazem com que o equipamento já não sirva mais. Aproveito pra lançar a campanha 'FORA DUCKS!!!' Aliás, inventamos o mote enquanto o piso do barco murchava cada vez mais e a água do rio lamacento transformava a embarcação numa piscina inflável.

Fim da canoagem, ufa!!! Saímos para o trekking de uns 10km. Devagar, bem devagar, pois eu estava travada e cheia de cãimbras por causa do remo sofrido. Quando esquentei, engatei a primeira na subida e trotei junto com o Carcaça, que estava de nosso fotógrafo oficial. Uns minutinhos depois, olho e noto que o Má estava ficando pra trás. "O que houve?" perguntei, enquanto éramos passados por muitas equipes. Ele me respondeu que estava morrendo de dor nas panturrilhas e que mal conseguia pisar. Olhei para as pernas dele e assustei, pois parecia um par de pedras que tentavam explodir suas panturrilhas.

A passos de tartaruga, fomos ultrapassados por uma dupla de Lebreiros, que se deu ao trabalho de parar e nos dar algumas dicas de como tentar aliviar as dores. Agradecemos e eles seguiram. Depois mais um solo ainda explicou como poderíamos tentar soltar as pernas. Fazia tempo que não via tanta gentileza numa corrida de aventura.

Continuamos tentando aquecer, mas ainda lentos. Entramos na trilha que nos tiraria dos 1.000 msnm para 1.700 msnm, praticamente um paredão. Sobe, sobe, sobe, um passo de cada vez e o Má já sem sentir os pés, que formigavam e depois simplesmente deixaram de ser sentidos, por conta da pressão nas panturrilhas. Engatamos um ritmo suficiente para papearmos com nossos companheiros de ascensão, Irmãos Metrilhas e Marcelo Catalan.

Reencontramos nosso fotógrafo oficial/fajuto, que tinha sumido para acompanhar a Selva e ainda assim não tirou uma fotinho sequer da equipe. Depois de uma bronca básica, chegamos ao rapel, demos um oi/tchau pra Selva que já estava descendo e aproveitamos pra tirar o atraso das imagens. Um lugar espetacular e 360 graus de um visual magnífico. Alguns passos mais e a maior surpresa da prova: o Togumi no topo da serra, quase chegando ao rapel. "Wladdddddddddd, você por aqui? Você subiu tudo isso? Inacreditável!!!". Taí uma cena que também não via há tempos, o Togumi se embrenhando num trecho difícil. hehehehehe. Sorte dos competidores que puderam aparecer nas lindas fotos que ele tirou.

Voltamos para o trekking trotando até alcançar novamente os Metrilhas. Cruzamos novamente com a Lebreiros de pai e filha, que mais uma vez foram gentis com nossa equipe, desta vez, abrindo caminho para passarmos pela estreita trilha.

Pegamos as bikes e, de novo, lentamente seguimos rumo aos 25km do trecho final da prova. Como downhill é sinônimo de medo para nós, descemos muito, muito, muito devagar e nas pouquíssimas subidas, já sem pernas, empurrávamos. E assim, administramos nosso ritmo até a chegada, que claro era no topo de uma imensa subida.

UFA!! Terminamos, esgotados, porém EXTREMAMENTE felizes!

Valeu Extrema por nos receber; Haka Race pela organização e atenção; e claro, Selva Aventura, pois graças aos treinos conseguimos nos superar mais uma vez, mesmo tão cansados.

Cronograma Haka Race - Não podia deixar de citar, o duro trabalho da organização nesta etapa:

dia 13 - sexta-feira
- O organizador Léo e parte da equipe de staffs ficam presos por horas no trânsito da Fernão Dias por conta de um sério acidente

dia 14 - sábado
- De madrugada, a organização começa a montar a estrutura da prova;
- Às 9h20 acontece a largada;
- Às 19h, enquanto as últimas equipes chegavam, a organização começava a elaborar um plano de resgate para as duas duplas que, por celular (equipamento obrigatório), avisavam que estavam perdidos na mata da subida para o rapel;

dia 15 - domingo
- Às 2h da madrugada, após horas se comunicando por celular, fogos de artifício e luzes que piscavam dos veículos e das lanternas dos próprios atletas, a organização consegue resgatar os quatro competidores. Mesmo cansados, todos estavam bem, lúcidos, alimentados e aquecidos com seus cobertores de emergência (só para lembrar, mais um equipamento obrigatório);
- Amanhece e a organização remonta tudo de novo, pórtico e tendas, desta vez para a Mini Haka, prova para iniciantes, porém com toda a estrutura do dia anterior;
- Às 14hs, enquanto aguardava a chegada da última equipe estreante, que tinha entre as atletas uma criança de nove anos, o próprio organizador, embora exausto, retirava as fitas zebradas que demarcavam a área do bike-parque. Os demais staffs também desmontavam a estrutura ao mesmo tempo em que as diversas duplas iniciantes comemoravam o feito de completar a prova de 15km. Para eles com certeza foi uma EXTREMA conquista pessoal.

Parabéns Haka Race pelo profissionalismo com veteranos e iniciantes.
Com certeza esse é o caminho para que nosso esporte cresça.

Lilian Araújo
Guaranis

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