Lugar de sogra é na montanha - Relato da K21 Maresias

Por Danilo Vivan - 18 Jul 2017 - 09h33

Antes que alguém complete do título acima com uma frase engraçadinha como "Lugar de sogra é na montanha...no Everest, bem longe de mim", deixe-me explicar que o lugar da minha sogra é na montanha, correndo comigo. Sim, sou um cara de sorte, pois tenho uma sogra (e um sogro) parceiros, que têm nos ajudado desde antes do casamento até hoje, depois que tivemos um filho. E, no que diz respeito à corrida – que, afinal, é o tema deste site -, posso dizer que tirei a sorte grande. Afinal quem tem uma sogra que corre? Eu tenho.

Dona Loreda participa religiosamente a cada duas semanas de provas de 10km. Possui uma caixinha abarrotada de medalhas de todos os tipos, cores, tamanhos. Por isso, há algum tempo, vinha pensando num plano maquiavélico para levá-la para uma prova de montanha. Um plano um tanto arriscado. D. Loreda é uma pessoa super disposta a entrar nessas roubadas com um sorriso no rosto, mas eu não imaginava como reagiria a trocar as provas planas das corridas de rua pelos perrengues, buracos e subidas intermináveis das provas de montanha. Por isso, a corrida de estreia teria de ser escolhida a dedo.

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A K21 Maresias, marcada para o dia 15 de julho me pareceu a escolha certa. Bem organizada – como pude constatar em minha primeira participação, na etapa de março Mogi -, difícil, mas não extrema como a KTR, por exemplo e com largada e chegada numa praia das mais bonitas do Estado. Passar o final de semana com a família em Maresias seria um ótimo bônus pra nós.

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Largada da K21

Inscritos nos 10 km, nos alinhamos no pórtico na praia pouco antes das 09h45, horário marcado para a largada. Uma das boas sacadas da Patagônia Eventos foi marcar a partida para mais tarde que a maioria dos organizadores. Afinal, se tivéssemos largado, digamos às 08h, teríamos de madrugar às 06h e ainda assim terminaríamos por volta das 10h, ficando a manhã toda por conta da corrida. Me parece que o raciocínio da organização foi "já que os corredores vão 'perder' a manhã com a corrida, que pelo menos possam acordar mais tarde". Fica a dica para outros organizadores.

Outra característica que aparentemente é tradição na K21 é a distância um pouco superior à marca oficial. Nesse caso, os 10km viraram 10,5km. Pode parecer pouco, mas, pra quem gosta de desafio, é um gostinho a mais. O manual do corredor, enviado uma semana antes deixava clara a distância real.

À prova: largamos pontualmente às 09h45 com um primeiro trecho de corrida na areia – que me lembrou bastante a parte final da prova de revezamento Bertioga-Maresias, disputada na mesma praia. Correr na praia deve ser inspirador para quem não é adepto do esporte. Mas quem está acostumado sabe como é chato. O objetivo passa a ser encontrar uma parte da areia que seja pouco inclinada e firme o bastante pra desenvolver a corrida sem ficar patinando no terreno mais fofo ou, do outro lado, ser atingido pela água.

No final da praia, passamos um riozinho e entramos na trilha rumo à praia de Paúba, já correndo (ou andando) efetivamente em trilha e contornando um morro. “Pode andar que em corrida de montanha, ninguém perde a dignidade”, disse à D. Loreda, apresentando o conceito básico do trail run. Compreensiva, ela tratou de me liberar pra fazer a prova no meu ritmo. Mas preferi acompanha-la. Afinal, eu seria seu anfitrião. E por mais que você esteja acostumado com as provas no asfalto, como costumo dizer, trail run é outro esporte. Dependeria um pouco do meu apoio ela ter uma experiência boa ou ruim.

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No trecho mais íngreme de subida, mostrando que está com o cárdio em dia

Terminamos a pequena trilha já em Paúba e percorremos um pequeno trecho de uns 2km nas ruas do vilarejo pra, em seguida, entrarmos num riacho para andarmos por uns 300 metros com água na canela, pegarmos uma trilha bem batida (single track) na mata e, finalmente, iniciarmos o trecho mais difícil, uma daquelas subidas intermináveis que todo corredor de montanha ama justamente porque exige bastante esforço. No caso da K21, foram 150 metros de ascensão em 1km sob o sol das 11h, um batismo e tanto pra ela.

Como a trilha era de capim batido e relativamente larga subi ao lado dela, dando uma mãozinha nas passagens mais difíceis. Meu apoio, aliás, foi quase desnecessário, principalmente no que diz respeito ao esforço físico. Com 59 anos, D. Loreda tem o cardio super em dia e aguentou numa boa a subida, sem ofegar.

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Descida final, com a praia de Maresias ao fundo

Batemos no final da subida, no meio da prova (e onde o visual do mar era incrível) e iniciamos a descida. D. Loreda me confessou que estava mais preocupada com eventuais escorregões na descida do que com a subida. Pra mim, seria o contrário: amo despencar ladeira abaixo. Resolvi dar essas ‘despencadas’ aos poucos, percorrendo pequenos trechos rapidamente e a esperando no final de cada passagem. Pra minha surpresa, ela me alcançava rapidamente e venceu a descida com relativa facilidade, até ultrapassando alguns atletas.

Voltamos ao rio, passamos novamente pelo trecho ‘urbano’ de Paúba e pegamos uma última trilha, já no morro que divide esse vilarejo de Maresias. Pra quem imaginava que seria tranquilo, um engano. A trilha, em vez de contornar a montanha pela parte mais baixa, dando acesso a Maresias, se transformou numa subida íngreme. Dava pra ver a praia e a linha de chegada lá embaixo, mas, em vez de nos aproximar, só nos distanciávamos, cada vez mais pro alto. Mais uma lição das corridas de montanha pra sogra: quando você acha que chegou no fim, ainda dá pra piorar. Chegamos ao topo, descemos e cruzamos o rio da ponta de Maresias – o mesmo que atravessamos no início -, pra cruzamos a linha de chegada na praia. Durante essa passagem final, ainda pude dar uma parada rapidinha pra dar um beijo na Rê, minha esposa e no Dante (meu filho), que se divertiam brincando na areia e vendo os corredores na chegada. Nada mais família.

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Trecho final, no morro entre Paúba e Maresias

Correndo num ritmo de 10,5 min/km às vezes ditado por mim, mas, na maior parte do tempo, por ela, terminamos a prova em 1h54 – segundo a organização. Foi o suficiente para que D. Loreda beliscasse um quarto lugar em sua categoria, já na estreia. Quase um pódio.

Nem preciso dizer que fiquei com um orgulho danado e a sensação de dever cumprido. Se lugar de sogra é na montanha, quem sabe um dia a gente encare o Everest. Juntos.

Hospedagem
Em Maresias, fomos super bem recebidos no Hotel Canto do Rio, que nos proporcionou uma hospedagem com uma praia quase exclusiva e super tranquila a apenas 20 metros da recepção, além de piscina e fácil acesso à largada da K21 – cerca de 300 metros. Agradecemos ao proprietário, Eduardo Taveira, que, apesar de estar com a casa cheia por conta da prova, teve um tempinho pra bater um papo conosco e oferecer um café da manhã mais que especial para a corrida.

Mais informações no blog de Viagem Revolteio, cujo autor é meu irmão, Denis Vivan.
https://revolteio.com/2017/07/17/maresiassp-jul2017/

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Vista do quarto - Hotel Canto do Rio

Serviço
K21 Maresias
25 de agosto – Maresias – São Sebastião
Próxima Etapa – Penedo-RJ – 16 de setembro
Hospedagem - Hotel Canto do Rio
Oferece serviço na praia com guarda sol e cadeiras, Wi-Fi gratuito, piscina e um café da manhã variado com vista para o mar. Quarto para até seis pessoas. Aceita pets.
http://www.hotelcantodorio.com.br
reservas@hotelcantodorio.com.br
WhatsApp: +55 (12) 99624-6021

Serviço
K21 Maresias 2017
15.07.2017
Praia de Maresias (SP)
www.k21series.com
Danilo Vivan
Por Danilo Vivan
18 Jul 2017 - 09h33 | sudeste | Trail Running
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