A saga de João Batista para correr a Ultra Trail Torres del Paine 2017

Não foi fácil, mas João Batista Santos conseguiu participar em sua primeira corrida de trail internacional. A dificuldade não foi em relação ao percurso, já que tem em seu currículo provas como Bertioga-Maresias, Maratona Mogi-Guararema, entre outras tantas com diferentes distâncias e dificuldades.

O encontrei próximo ao Espaço Ñandu, em Puerto Natales, local onde foi realizada a entrega de kits da Ultra Trail Torres del Paine. De bermuda, João se protegia do frio como podia e foi então que ele contou sua saga para conseguir correr.

João viajou com a prótese e a atendente sugeriu que ele despachasse a muleta ao invés de levar na cabine, mas uma delas chegou quebrada no Chile. Além disso, sua mala foi extraviada e não chegou em Punta Arenas. Com a ajuda de uma funcionária da empresa aérea, João conseguiu outra muleta que não era ideal, mas com algumas adaptações (como fixá-la ao antebraço para que não fique caindo) acabou servindo.

Em relação às roupas as coisas já não eram tão fáceis. Uma meia se transformou num "pernito" para amenizar o frio patagônico nos dias pré-prova e uma calça da esposa foi usada durante a corrida. Como os equipamentos obrigatórios ficaram na mala extraviada, teve que se contentar em correr "apenas" 14 quilômetros, ao invés dos 50 Km ou 35 Km que tinha em mente.

Descemos juntos para o briefing no Hotel Costaustralis e a paisagem das montanhas com os picos gelados impressionavam o casal, com direito a paradas para fotos. Apesar das dificuldades, o sorriso não saía do rosto dos dois e disse a eles que no futuro iriam rir da situação. Seria uma boa estória para contar depois.

"Mesmo com todas as dificuldades, sem material, sem roupa e sem muletas, valeu muito! A prova, o percurso, a organização, tudo fantástico", comentou João. "Já tinha feito a 28 Praias, que era muito difícil com muitas trilhas acidentadas, mas com toda certeza o percurso foi um dos mais dificeis que já encarei."